Steal Her Life

Provas

Assim que acabamos de almoçar, Ally optou por descansar um pouco, enquanto eu revisava alguns conteúdos escolares. Respirei fundo, pegando minhas anotações, enquanto lia e relia cada uma, em uma calma quase que inaceitável para o universo. Até que meu celular tocou.

"Alô." Respondi de maneira casual.

"Mich?" Reconheci a voz de Chris do outro lado da linha e pigarreei.

"Oi."

"Quando você vai voltar para a casa?" Ele parecia verdadeiramente preocupado e por um lado aliviado. Acredito que fosse por eu ter atendido a sua ligação. "Você já está fora por 4 dias."

"Eu estou bem, o.k.? Não tem razões para se preocupar." Tentei passar segurança, mas aquilo era o que eu menos tinha quando se tratavam de assuntos que eu não sabia lidar.

"Você sempre diz isso.. Não é a primeira vez e você sabe que Taylor sente sua falta. Eu e o papai também. Não importa qualquer tipo de briga que você tenha com nossa mãe." Não entendi aquilo, meu rosto se fez uma completa interrogação, como se eu pudesse vê-lo no momento.

"Quem disse que eu briguei com ela? Não aconteceu nada.." Suspirei.

"Sempre que você saí de casa é algo relacionado a ela, não adianta mais mentir. Da última vez foi quando ela discordou, como sempre, daquela sua ideia absurda sobre ter uma irmã gêmea. Ou de procurar mais sobre a nossa avó que foi internada no Hester Sanitarium." Senti um arrepio correr por toda a minha espinha e meu corpo caiu abismado, sobre o confortável sofá. "Uma ideia que eu não acho mais tão absurda.. Lembra daquela caixa que nossa mãe escondia como uma louca e sempre manteve guardada, alegando que eram lembranças da vó Louise? Enfim, hoje Tay fez um escândalo para ir num circo que acabara de ser inaugurado na cidade. Elas vão demorar, então se quiser vir aqui, me ajudar a dar uma olhada nisso.." Mordi o lábio. Aquilo era uma chance de saber mais sobre minha história e eu não a deixaria escapar.

"Podemos nos encontrar em algum lugar?" Perguntei sugestiva, não queria pisar naquela casa.

"Claro. Estou lhe esperando na porta daqui de casa, pois é aqui que iremos nos encontrar. Você tem 40 minutos." Nossa, estava no sangue daquela família ser tão controlador e mandão assim, não é? Em pensar que aquela era a minha família também..

Troquei de roupa rapidamente, colocando uma regata de alças brancas e um short jeans. Enquanto escondido de Allyson, pegava a chave da moto e o celular, fechando a porta nas pontas dos pés. Fui até os fundos da casa, destravando a moto, respirando fundo e fazendo um coque no cabelo. Levei-a até a calçada e colocando a chave na ignição, subi, me inclinando para frente e deixando meu pé deslizar sobre o pedal.

Pensamento positivo, pensamento positivo, apenas continue se equilibrando, se acontecer alguma coisa o máximo que acontecerá é algum hematoma ou alguns pontos.. O que é isso, para quem desejava a morte há algumas semanas atrás? Minha mente continuava a me devastar a cada vez mais, me traindo por completo. Incrível , como a vida dá voltas, não é mesmo? Quando me dei conta, estava em uma velocidade tão alta que meus cabelos haviam se soltado do meu coque e eu já estava parada em frente ao portão dos Morgado, com uma figura masculina, jovem e bonita em minha frente, com um sorriso brilhante.

"Sabia que viria.." Ele disse abrindo os braços em um claro convite de um abraço. Aceitei, me aninhando um pouco, o soltando logo depois.

"Sem mais delongas. Me mostre logo o que tem para mostrar." Disse, enquanto me lembrava de Michelle em cada pequena vírgula proferida. Querendo ou não, pelo pouco que sei sobre a mesma, esse era seu jeito.