Capítulo 9

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Quando se passa muito tempo sozinho, você fica boa parte ponderando se algum dia vai ser importante para alguém novamente, foi o que aconteceu comigo, porém, esse pesamento mudava cada vez que Andrew se aproximava.

Estava abraçando os joelhos contra o peito, o cabelo bagunçado em um coque mal-feito, um blusa larga que chegava a cobrir os short. Pronta para dormir, aflita por mais um dia ligando para o hospital, e recebendo as mesmas notícias sempre;

"Ele permanece em coma,os exames estão sendo efetuados."

Suspirei,e exatamente no momento em que levantei para apagar as luzes,batidas tímidas ecoaram pelo quarto.

Ao abri-la, Andrew me analisou de cima á baixo, depois piscou, apenas com um canto da boca voltado para cima.

-Te acordei?

fiz que não.

-Bom, venho convida-la para uma agradável conversa, com a minha adorável companhia, é claro.

-Adorável?

repeti, com indiferença.

Andrew me toma pela mão, fechando a porta atrás de nós, indo em direção ao seu quarto.

-Tenho duas notícias.

Ao chegar, nos jogamos no sofá, com a cabeça de Andrew no meu colo, perguntei:

-Boas ou ruins ?

-Depende.

Suspirei.

-Escuta - Andrew respira fundo.-,meu pai vai dar um jantar e tal, com gerentes, administradores, negociantes...

-Tudo bem, eu não quero atrapalhar, eu posso sair, posso chamar o Alex, a gente pode...

Andrew levanta, ficando com o rosto a centímetros do meu.

Com um sorriso brincalhão ele diz:

-Serio Ell? prefere estragar uma tarde com o cabelo bagunçado ambulante ao jantar comigo e com meu pai ?

-O que?- pergunto- mas..

-Mas eu vou acompanhar você, e sim, você vai, porque não iria? o representante do seu pai vai vir, claro, mas você também estará lá.

E a outra notícia,- Ele faz uma pausa.- Vamos visitar seu pai em breve.

Parei de respirar.

-Assim, - Ele continua.- ele ainda está em coma, e fazendo exames...mas falei com meu pai,ele falou com o hospital...

agarrei Andrew em um abraço, o que o fez sorrir.

-Meu Deus...

eu disse, ainda incapaz de solta-lo.

Ele abriu um espaço entre nós, mas ainda mantendo os braços em minha cintura.

-Eu não disse que era adorável?

Sorri.

Ele me puxa para mais perto, me abraçando forte.

***

Ela sorria, e apesar de só a ver em fotografias, me sentia olhando para um espelho.

Usava um vestido fininho branco, e dançava com meu pai na sala. Agarrada a ele, ela ria do que quer que ele dissesse em seu ouvido.

Me aproximei, mas ainda incapaz de ser vista, contemplando aquele momento, tentando guardar cada detalhe. Meus pais, juntos, vivos.

De repente ouvi meu pai dizer:

Por algum motivoOnde histórias criam vida. Descubra agora