Capítulo 12

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Nunca me perdi, nunca precisei de ajuda para me recompor.

Bem, isso mudara desde que conheci aqueles olhos azuis.

Eu estava perdida.

Uma vastidão de sentimentos, azuis feito o oceano, escondia tanto quanto o próprio.

Em mim, despertava ainda mais.

Então, mais uma vez, me vi completamente perdida.

Perdida de vontade de beija-lo.

Andrew mordeu o lábio inferior, rindo em seguida.

Balancei a cabeça para voltar a atenção para sua pergunta, Que era alguma coisa sobre beijar...?

Droga.

-Você está bem?

Ele levantou os cantos da boca, me mostrando um sorriso maravilhoso.

-Qual era sua pergunta?

Abracei os joelhos em cima do sofá do meu quarto.

Andrew se jogara ali alguns minutos atrás, esperamos juntos o relógio correr até que pudêssemos visitar meu pai no hospital.

Ele enrijeceu. E voltou a atenção para a janela atrás de mim.

-Como foi com o Alexander?

Perguntou, enfim.

-Normal.

Respondi, rápido de mais. E ele acabou rindo, mas sem humor.

-Ha, Ell, a palavra "normal" não se aplica ao Alex, o que aconteceu?

Gelei, como dizer que beijei meu melhor amigo, e que descobri que, talvez seja mais que amizade? Como falar para Andrew, que é quem mais odeia Alex?

-Nada, não aconteceu nada.- menti.

Ele estreitou os olhos.

-Bom.

-Andrew...?

Ele encarou.

-Tá na hora de eu lhe contar como vim parar aqui.

Ele levantou a cabeça, e ajeitou as costas, olhando eu meus olhos.

Diria até, que agiu como se esperasse por aquilo...

- A verdade, - Comecei, puxando um fio solto da manga da minha blusa.- é que eu desejava falar com você sobre isso, e... eu nunca achava o momento, eu achei agora, e, pode parecer loucura mas...

-Ei, loucura mesmo é achar que eu não vou entende-la. Sou eu, Ell, eu sempre vou entende-la.

Sorri, mas durou pouco.

Seus olhos me analisavam, atentos.

- Lembra que eu te disse que a culpa pelo acidente do meu pai era minha? - Ele assentiu a contra gosto.- Foi porque a gente brigou, eu saí de casa e ele veio atrás de mim, e, bom, foi isso.

Suspirei, sentindo o peso da culpa.

- Meu pai nunca passa muito tempo em casa, por conta do trabalho e tal, logo eu nunca tive muito a presença dele, foi assim e eu estava acostumada. Mas tudo mudou em um feriado, ele estava em casa, e me colocou na cama, normalmente. Um tempo depois, sem conseguir dormir, eu desci as escadas, e, nossa, eu o encontrei chorando sobre uma caixa de madeira. Eu procuro por essa caixa até hoje, Andrew. Ele chorava ao mesmo tempo que se desculpava, aparentemente para minha mãe, ela morreu quando eu tinha 3 anos e desde então meu pai me nega a verdade, eu não sei se ela foi assassinada, ou se foi um acidente, droga, eu nem sei como ela era. Só sei que, ele se sente culpado. Sente culpa por algo e isso acaba com ele e comigo também. Ele sempre... sempre me negou informação sobre a morte da minha mãe, até aquele dia, quando perguntei novamente, e ele gritou.Depois eu saí e ele veio atrás de mim...

Só percebi que estava chorando quando Andrew me abraçou.

Sussurrando algo confortável.

Sua pele quente era um alívio para mim.

-E tem isso.

Disse, tirando do bolso a foto que encontrei outro dia sobre o balcão da minha casa. Ainda sentia um arrepio ao pensar em como ela fora parar ali.

Andrew passou um tempo encarando a fotografia. Ele parecia não acreditar no que estava vendo. Parecia tenso.

-O que houve, Andrew?

Ele engoliu em seco.

-Nada... eu só... Vem aqui, Ell.

Ele se acomodou no braço do sofá, e me puxou, fazendo com que eu me deitasse entre suas pernas e descansasse a cabeça em seu peito. Beijando meu cabelo em seguida.

- Não sei como você consegue, mas consegue. E eu te admiro muito por isso. Você é incrível.

Entrelacei nossos dedos e Andrew apertou firme minha mão.

Por algum motivoOnde histórias criam vida. Descubra agora