Suspirei enquanto ouvia mais um dos amigos do meu pai pelo telefone. Dizendo que tudo iria ficar bem. Que eu podia contar com eles. Não adiantaria. Então eu disse um gentil "tchau" e desliguei o celular. Depois, desci pelas escadas até ver Andrew na sala de estar. Ele tinha o mesmo sorriso de lado, os mesmos olhos maravilhosos e a mesma forma de me fazer bem, mesmo que só com um sorriso.
Porém parecia um pouco inquieto, com o celular nas mãos, aparentemente esperando algo. Mas ainda assim sorria para mim.
-Elizabeth Warren.
Anunciou quando me aproximei.
- Andrew Owen.
- Hum, acho que faltou algo aí, que tal " O maravilhoso Andrew Owen"?
Faço uma careta para ele e depois sorrio.
-Então, - aponto para o celular em suas mãos.- esperando algo?
Ele dá de ombros.
-Uma ligação. Duas, na verdade.
-hu. O que vem por aí?
- Surpresa. Mas, Warren, voltando ao assunto do seu pai...
Sentamos no sofá da sala.
- O que você acha que tem na caixa ? O que você espera que tenha?
Apoio minha cabeça nas costas do sofá. Nunca havia pensado nisso. Não tenho o que esperar. Minha mãe morreu e isso é fato. O que pode haver naquela maldita caixa? Uma foto... talvez algum pertencente dela, uma lembrança para ele...
-Não faço a menor das ideias.-Respondo. -Eu não espero nada, Andrew, espero acha-la. Espero entender tudo isso. E espero que meu pai pare de sofrer. Espero que quando eu achar essa caixa eu possa ajudar ele a entender.
-Certo. E onde vamos procurar, primeiro?
Levantei uma sobrancelha.
-Você não faz ideia. Certo. O lógico seria começar pela sua casa, não é?
-Com Lucy lá?
-Elizabeth...
Não suporto e acabo revirando os olhos. Ainda não acredito que Lucy me deixou na mão... Não acredito no que ela fez. E simplesmente não quero ver ela. Mas é uma causa justa.
-Okay. Vamos visitar Lucy, então.
Digo, no mesmo momento que o celular de Andrew toca. Ele lê uma mensagem e sorri.
- infelizmente, terá que esperar.
Ele levanta, beija meus lábios rapidamente e sai pela porta da frente. Simples assim.
*
Algumas horas depois, eu ja estava jogada na minha cama. Quase dez horas da noite, e, não, Andrew não estava em casa.
Passei horas acordada, pensando em em tudo ao meu redor, e especialmente em Andrew Owen. O garoto que parece mais meu anjo da Guarda. Pensei em tudo que ele fez por mim, como se aproximou e como me ganhou, talvez eu já fosse dele, porquê ele me ganhou tão facilmente...Então eu abri meus olhos e, eu o vi. Realmente, idêntico a um anjo. Meu anjo. Andrew sorria pra mim, a luz do sol que entrava pela janela batia em seu rosto, fazendo de seus olhos cristais puro .
- Ei...
Eu o chamei. Sentando na cama, e passando a mão no rosto.
- Bom dia.
Ele disse, sorrindo.
- Quando cheguei você já estava dormindo...
- Tudo bem... o que houve?
Seu sorriso se intensificou. E Ele levantou a cabeça.
- Tem alguém que quer te ver.Minutos depois eu descia a escada, em direção da sala de estar. Desconfiada, porquê Andrew não estaria feliz se fosse o Alex, então eu não imaginava quem poderia ser. Não até ver aqueles cabelos loiros brilhantes. Não até ver aqueles olhos castanhos-caro. Não até ver Katherine William na minha frente. E eu não acreditava. Não até correr e cair em seus braços.
- Bom te ver também.
Ela disse sorrindo. E me apertando.
- Como... como ?
Perguntei para Andrew, sem acreditar.
-Surpresa, lembra?
Kat sorriu para Andrew, depois voltou para mim.
- Eu te liguei uma vez e Andrew atendeu, acho que você ainda esquece o celular por aí. Soube o que aconteceu com seu pai...
Droga! Como eu esquecera de contar a Ela?
-Kat...
- Ei, está tudo bem. Eu entendo. Eu senti sua falta.
Puxei ela para mais um abraço. A apertando forte.
- Eu também senti a sua.*
Passei o dia com Katherine. E percebi que Andrew estava distante. Olhando para os lados, nunca nos meus olhos. Parecia pensar seriamente em algo. Parecia com medo de algo.
Kat me contou da viagem, dos lugares que conheceu, e me obrigou a falar sobre Andrew. Ela o achou lindo, claro. E eu matei a saudade da minha amiga. Até que tive que me despedir. Prometendo que iria sair com ela em breve.
Subi as escadas, e, vi Andrew na sala, olhando para os jardins.
-Andrew?
Chamei. Ele virou, parecia que algo o divertia no Jardim.
-O que está acontecendo lá em baixo?
Apontei para a janela.
Ele negou com a cabeça e seu sorriso desapareceu.
-Nada. Posso falar com você no meu quarto?
Um arrepio subiu em meu corpo. Andrew tinha os olhos frios.
-Claro.
O acompanhei até seu quarto. Ele fechou a porta depois que entrou. Me sentei no sofá como de costume. Mas ele ficou em pé, passando as mãos pelo cabelo.
- Andrew, o que houve ? Porque você está assim?
Andrew levantou a cabeça. E enfim me olhou nos olhos. E eu não esperei que fosse dizer algo bom. Porquê, nem seu olhar demonstrava algo bom.
Ele suspirou.
-Eu decidi que não posso te ajudar a descobrir o motivo da morte da sua mãe, Elizabeth.
Meu chão pareceu tremer.
-Mas...
- E, eu acho, que é melhor você não descobrir também.
Levantei com força do sofá. Aquilo eu não iria suportar.
- Mas do que diabos você está falando? Como você pode mudar de ideia assim não fácil?
- Elizabeth.
- Você vai me deixar na mão? Como Lucy fez?
Ele fechou os olhos.
-Droga, Andrew, eu preciso de você!
Ele contraiu os lábios e apertou os olhos.
-Eu não posso, Ell.
Ri, mas sem humor.
- Ontem você podia?
- Eu não posso! Não mais.
- Qual o motivo?
Eu não acreditava. Simplesmente não acreditava.
Ele abriu os olhos. Eu senti os pelos dos meus braços arrepiar. Nós estávamos de frente um para o outro. À apenas alguns centímetros de distância.
- Você vêm se machucando todo esse tempo, Elizabeth, todo o tempo que você esteve atrás de saber o motivo da morte da sua mãe você se machucava. Você chorava e brigava com seu pai. Ele se machucou.
Engoli em seco. Senti minhas pernas tremeram. E uma dor insuportável percorrer meu corpo.
-Acredite em mim - Ele continuou.-, Tudo o que eu menos quero é te machucar. Então eu não vou fazer isso. Simplesmente não sou capaz de machucar você assim.
Trinquei os dentes.-Qual o verdadeiro motivo, Andrew?
Ele respirou fundo e fechou os olhos.
-É melhor você ir.
Aquilo doeu. É tudo o que posso dizer, porquê a dor era forte de mais. Então eu me arrastei até a porta, onvido seus passos atrás de mim.
Antes que eu saísse do quarto por completo ele segurou meu pulso.
-Não é por algum motivo. É Porquê eu te amo.
Andrew disse, e simplesmente fechou a porta do quarto.*
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Por algum motivo
Romansa➳ Por Algum Motivo ➳ ➳ Sinopse: Elizabeth Warren acha que é seu direito saber como a mãe morreu, a única coisa que ela não esperava era que seu próprio pai fosse negar contar-lhe. Agora, ela se sente culpada por tê-lo em um leito de hospital, e ac...