Capítulo 5

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Estava sentada sob a sombra de uma árvore, nos arredores da escola. O dia tinha começado ruim, já que precisei olhar para minha mãe depois de saber tudo o que ela escondia. Eu escrevia coisas aleatórias no caderno, como uma árvore genealógica de nomes que ganharam significado para mim quando ouvi aquelas risadinhas — que passaram a também fazer sentido para mim. Olhei ao redor, sabendo que elas estavam em algum lugar.

— Vão embora. — Suspirei — Não estou no clima hoje.

Abaixei o olhar e ouvi o som de pequenas asas batendo. Uma fadinha pousou no meu caderno, olhando para mim de um jeito triste. Ela reluzia e soltava brilhos de cor amarela. Ergui o dedo indicador, tocando no seu rostinho, vendo-a gostar do carinho. Eu sorri, fascinada com aquilo, e logo outras delas saíram de seus esconderijos, vindo para minha frente. Elas tinham um sorrisinho meigo e fofo.

— Vocês não são tão ruins... — sussurrei —, mas eu não estou com vontade de rir...

— Ei, esquisita! — Eu me assustei com a voz de alguém ali perto.

As fadinhas se esconderam rapidamente, e eu pude ver o grupo de garotos se aproximando.

— Tá falando com quem, maluca? — O rapaz riu, assim como os outros.

— Ninguém. — Comecei a guardar minhas coisas.

— Ela fala sozinha! — ele zoou, fazendo outros darem mais risadas.

— Olha a marca dela! — um apontou.

Joguei o cabelo para cobrir minha marca e botei a mochila nas costas, pronta para ir.

— Onde está seu amigo estranho? — Ele entrou no meu caminho.

— Foi embora... — rosnei, sabendo que ele falava de Rahel.

Manda ele ficar na dele — o valentão mandou. — Da próxima, não vou relevar.

— Fala sério. Você estava morrendo de medo. E se ele aparecer, vai correr do mesmo jeito...

— Repete isso! — Ele me empurrou, e eu caí no chão, acelerando meu coração. De repente, algo atingiu a cabeça do garoto.

— Ai! — Ele se virou para tentar ver quem tinha feito aquilo. Logo muitas pedras voaram na direção dele, e eu comecei a rir ao ver a chuva indo em direção à sua cabeça. — Que é isso?!

— Vamos embora, cara! — o amigo chamou.

Os valentões correram, e eu olhei para o lado, vendo as minifadinhas rindo de maneira descontrolada.

— Vocês podem perturbar esses caras à vontade — falei, agradecida.

Elas vieram até mim, pousando no meu ombro de forma carinhosa. Eu realmente não pertencia a esse mundo, pensei. Meu lugar é em Verum...

Cheguei em casa, irritada, mas ao mesmo tempo estava decidida. Eu lembrava de quando perguntava para minha mãe sobre o meu pai, e ela dizia sempre a mesma coisa: você vai saber na hora certa...Eu já tinha dezesseis anos e tinha certeza de que ela deveria me falar a verdade, caso contrário, eu não a perdoaria. Eu ainda tinha o pó que Rahel me dera e estava disposta a usá-lo.

Ouvi a porta de casa abrir e então me assustei no mesmo instante. Minha mãe estava ali, e isso não era comum.

— Filha? — Ela ergueu as sobrancelhas. — Chegou rápido.

— Você também. — Cruzei os braços.

— Eu sei — comentou, pondo as sacolas de um restaurante local na mesa. — Vou trabalhar durante a tarde hoje.

O Destino De Ravena: O Palácio de CristalOnde histórias criam vida. Descubra agora