32º Capitulo

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Não tinha a noção do tempo que tinha passado sentada no chão com os joelhos contra o peito, quando por mim tinha passado horas naquela posição apenas a chorar sem ter a minima noção do tempo.

Naquele momento eu já tinha caído num enorme buraco escuro onde o sentimento de dor era o único que conhecia.

Não queria abrir os olhos e olhar para aquelas paredes carregadas de memórias, não queria de ter de lembrar-me de que estava num sitio onde ele também pertencia.

Quando me atrevi a abrir os olhos e a levantar a cabeça era como se tivesse dado um tiro em mim própria. Na minha cabeça apareceu uma imagem dos seus olhos e o som da sua voz, o brilho do seu sorriso e depois de repente só ouvia as mentiras que ele me tinha contado e nesse momento não sentia dor, sentia raiva.

Alevantei-me do chão e caminhei lentamente até à bancada, agarrei no copo de vidro que lá estava pousado e atirei-o com força contra o chão. O som do estalar do vidro ecoo pela grande casa silenciosa e o chão ficou cheio de pequeno pedacinhos do mesmo. Não era só aquele copo que estava partido em mil pedaços, o meu coração também estava, a única diferença é que o  vidro continuava partido à minha frente e o meu coração não, ele tinha levado todos os pedacinhos quando saiu por aquela porta.

Sentia-me louca a olhar para o vidro partido até que fui ao armário buscar outro copo e voltei a atira-lo para o chão com força, mais uma vez o estalar do copo a partisse ecoo pela casa e o chão ficou ainda mais cheio de pequenos pedaços de vidro.

Gritei e solucei deixando os meus joelhos caírem no chão mesmo à frente da confusão, levei as minhas mãos à minha face e chorei em silêncio, o meu peito doía de e sentia como se tivesse um enorme nó na minha garganta que dificultava a minha respiração, mas essa pequena dor era incomparável ao que eu sentia por dentro.

A noite tinha sido o pior, não deixei que os meus olhos se fechassem nem por um segundo, talvez devido ao medo de sonhar com ele ou de acordar sem ele. Sem me atrever sequer a subir as escadas para o andar de cima deitei-me no sofá a olhar para a escuridão da casa, quando olhei para o relógio era cinco da manhã e quando voltei a pousar a cabeça sobre a almofada os meus olhos fecharam-se involuntariamente e caí no sono.

Não podia nunca dizer que tinha caído num sono profundo mas sim no sono cheio de sonhos onde ele era o protagonista. Ele estava lá tão quieto como uma estátua, parecia próximo de mim mas quando esticava a mão para lhe tocar era como se ele recuasse um passo sem que eu repara-se. Era sempre assim, tentava tocar-lhe mas ele recuava sem mudar a expressão séria e ao mesmo tempo completamente descansada.

Quando acordei era uma tarde, não acordei por mim mas sim a ouvir o som de alguém a bater à porta desalmadamente. Dei um pulo no sofá e dei passos lentos até à porta.

E se fosse ele? Não ele não iria voltar.

A minha mão tremula foi ao encontro do puxador e quando abri a porta vi a cara preocupada da minha mãe, sem dizer uma palavra ela agarrou-me entre os seus braços mas eu não correspondi ao abraço, não tinha forças para o fazer.

"Rosie Waters! Nunca mais nos voltas  a fazer isto, o teu pai está raladíssimo contigo! Ele ligou-te milhares de vezes e tu nunca atendeste"

Esqueci-me completamente do trabalho. Merda.

"Rosie" a minha mãe agora tem um tom preocupado assim que se afasta e olha para mim. "O quê que te aconteceu?" Ela pergunta suavemente e entra dentro de casa fechando a porta atrás de si.

Ela olha para mim à espera de respostas mas é como se a minha voz tivesse desaparecido.

O quê que aconteceu? Aconteceu o que mais temia, perdi-o.

Always 2 |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora