38º Capitulo

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Duas semanas depois


A água quente fazia os meus músculos relaxarem e à medida que os minutos passavam começava lentamente a descontrair. Há medida que lava o meu cabelo com o shampoo de aroma de mel a minha cabeça começava a dispersar-se cada vez mais. 

A ideia de ter de ir para o restaurante do meu pai hoje já não era tão apelativa como era à um mês atrás. Antes o trabalho distraia-me de pensar nele, mas agora era como se tivesse tornado completamente insuportável a ideia de ter de ver grupos de pessoas felizes e divertidas a almoçarem. 

Esse pensamento faz-me sentir como se me tivesse tornado uma humana fria, mas não me demorou muito até perceber qual era o meu problema. O meu problema era que eu sentia-me sozinha, sempre que via casais apaixonados e grupos de amigos divertidos era como se me relembrasse de tudo o que eu perdi durante este ano. A Zoe e o Liam tinham sido os meus amigos de longa data, e nós éramos como os grupos de amigos que se sentam no restaurante a almoçar, éramos divertidos e não havia uma única complicação ao nosso redor, tinha saudades dessa simplicidade. Como é que eu podia reclamar naquela altura? 

E depois da Zoe partir para sempre e do Liam e eu nos afastarmos, só tinha o Harry. Quando estávamos os dois deitados no escuro a falar até que um de nós adormecesse as coisas até pareciam ser simples, era nessas alturas em que nunca pensava no que a minha vida se tinha tornado, nessas alturas nunca tinha existido o Oliver nem o Zayn. Era apenas eu e ele, e era disso que eu tinha saudades, saudades de conversar com ele e da sua companhia. 

Quando percebi que já estava à demasiado tempo debaixo da água quente e que provavelmente já estava atrasada para o trabalho apressei-me a sair da banheira, enxuguei o meu corpo a uma toalha branca, sequei o cabelo, e por fim vestir a minha roupa interior, as calças de ganga e a camisola de manga curta preta que usava sempre no trabalho. 

Sai da casa de banho encaminhando-me até ao meu quarto para me acabar de arranjar, calço umas sabrinas cremes, penteio o meu cabelo e quando me vêm à cabeça que estou a fazer as coisas de uma forma demasiado lenta é que acordo do meu transe. 

Estou atrasada para o trabalho!

À pressa agarro no meu telemóvel que estava pousado sobre a mesinha de cabeceira e quando o desbloqueio para ver as horas vejo que já estou dez minutos atrasada. Merda. Se tiver transito o que até costuma de estar demoro mais uns dez minutos a lá chegar.

Sem perder mais tempo, atiro o meu telemóvel para dentro da minha mala e desço as escadas a correr, agarro nas chaves de casa e do carro e não perco mais tempo.

***

"Acabaram com as construções hoje" foi o que o meu pai me disse depois de ter-me ralhado por ter chegado quase meia hora atrasada. O transito naquela manhã tinha sido inacreditável! A maioria dos clientes habituais tinham quase todos dito como estavam contentes por toda a barulheira das construções ter finalmente acabado. Mas, obviamente, a pessoa mais feliz por aquela barulheira toda ter acabado era definitivamente o meu pai.

Não sei como é que as pessoas perceberam que já teriam de comer a ouvir o som de um martelo pneumático, mas a verdade é que o restaurante estava quase tão cheio como antes das obras terem começado.

Quando estava quase na hora de eu sair já tinha uma dor de outro mundo nos meus pés, talvez as sabrinas que tinha calçadas não fossem os meus sapatos mais confortáveis, mas também porque não tinha parado quieta.

No exato momento em que vejo o ponteiro das horas a indicar que são três da tarde vejo o meu pai a aproximar-se de mim, tal como ele tem feito sempre que chega à minha hora de ir embora.

Always 2 |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora