8º Capitulo

2.4K 232 4
                                    




"Harry, quem é a Freya?" Pergunto enquanto sinto o meu estômago a virar um reboliço.

Ele para com todos os seus movimentos, vira-se para mim e fixa-se nos meus olhos durante o que parece ser uma eternidade. Está completamente quieto com exceção do seu peito que sobe e desce durante a sua respiração.

"Era ela ao telefone. Certo?" Ele questiona e logo a voz feminina que se ouviu do outro lado da linha telefónica soa na minha cabeça.

"Sim..." digo e sinto a minha boca a ficar seca enquanto anseio por obter algumas respostas.

Quem é ela?

"Diz-me tudo o que ela te disse" Harry suspira como se estivesse ficado irritado e encosta-se à bancada enquanto eu preparo-me para lhe relatar o que aconteceu.

"Assim que atendi a chamada ouvi uma voz feminina a chamar por ti e perguntei quem era depois ela perguntou que meu era e eu disse-lhe que era a tua namorada. Houve uns segundos de silêncio constrangedor antes dela dizer para tu lhe ligares o mais rapidamente possível e que se chamava de Freya" acabado de falar e espero que ele decida dizer alguma coisa como quem é que é está rapariga, mas simplesmente permanece calado.

"Podes contar-me?" A minha voz sai demasiado suave e sinto-me como se tivesse soado como uma criança que implora à mãe para não ter de sair de casa num dia de chuva.

Ele puxa os seus cabelos para trás, fecha os olhos durante uns segundos até finalmente voltar a olhar para mim.

"Sim tu precisas de saber agora, antes que ela descubra a nossa morada e venha cá encher-te a cabeça de mentiras" desencosta-se e caminha em direção ao sofá fazendo-me um gesto com a mão para o seguir, e assim o faço, encaminho-me atrás dele com o meu coração a palpitar a mil à hora como se fosse saltar para fora do meu peito.

Eu tenho a perfeita noção de que não sei tudo sobre o Harry, sei que vai haver uma parte do seu passado escondido pelas sombras. Mas por vezes e apenas por vezes gosto de pensar que sei tudo sobre ele, gosto do pensamento de que ele já não é o homem escondido atrás de uma muralha como ele era quando o conheci, mas no final percebo sempre que o facto de ele ter sempre algo escondido é o que faz dele quem ele é. O Harry tem uma história longa e não me espantava nada se demorassem semanas para ele contar-me tudo o que aconteceu na sua vida, cada segredo cada omissão que ele alguma vez fez, aceito a ideia de que nunca irei conhecer o seu passado por completo porque sei que irei conhecer todo o seu futuro.

"Há muito tempo que já não ouvia este nome, já nem sequer me lembrava da existência dela mas a Freya é como aquelas feridas que deixam sempre uma cicatriz, por mais pequena que seja" ele faz uma pausa. "Promete-me que nunca vais acreditar em nada do que ela diz antes de falares comigo primeiro" a sua mão cai sobre a minha e ele aperta-a suavemente.

"Eu prometo Harry mas tens de me explicar o porquê de não poder confiar nela" finto os seus olhos, a pupila negra dilatada com apenas um anel verde escuro à volta, um olhar frio e coberto por um mar de segredos.

"Tudo bem, tens de saber tudo por mim" ele fala como se soubesse que a qualquer momento uma rapariga chamada Freya fosse entrar por aquela porta e gritar mentiras.

"Tinha catorze anos, ainda andava muito revoltado com a morte do meu pai, era inverno estava um frio horrível em Holmes Chapel, onde vivia na altura, tinha acabado de sair da escola e naquele dia a minha mãe tinha-me ido buscar porque estava a chover imenso. No caminho para casa vimos uma rapariga descalça encostada sentada contra uma parede completamente ensopada a minha mãe queria parar o carro e mesmo depois de lhe ter dito para não se preocupar com uma rapariga estúpida à chuva o seu bom coração não podia deixar ali uma criança" ele para de falar e a sua mão larga a minha, encosta-se para trás e finta um ponto que eu não consigo descobrir, até depois de parecer uma eternidade decidir retomar à história.

Always 2 |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora