Capítulo 08 - O Doce Reencontro Fatal

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A - Agnes

E - Elis

A - Então, não vai falar nada, "amiga"?

E - Eu não sei o que dizer além de... o que diabos está fazendo aqui?

A - Achou que eu tivesse batido as botas, não é? Achou que conseguiria me eliminar, assim como fez com a Regina e com o Logan!

E - Você sabe que eu jamais iria fazer uma coisa desse nível com você, Agnes. Eu te amei, e muito. Ainda que seja errado!

A - Errado? Então, você continua sendo a mesma hipócrita. Abomina os próprios atos. Acontece, Elis, que errado não é amar, seja com homem ou com mulher. Errado é ser uma assassina. Se o inferno existe, já sabemos qual de nós duas irá parar lá.

***

P.O.V Emily

Quando ninguém estava a nos observar, Jo e eu fomos até os fundos do campus. Subimos em uma árvore que fica em frente à janela da diretoria. Fizemos "escadinha" e Jo entrou na sala primeiro, e depois puxou-me para dentro.

Pus o diário de volta ao seu local de origem. Arrumamos os papéis que deixamos espalhados anteriormente. Eu precisava ter lido aquele fatídico livrinho de 100 páginas. Sabia que Elis era a única pessoa que sabia da real morte dos meus pais, e não as desculpas e falsas histórias que ouvi por anos.

- Só espero que Elis saiba, - eu disse - que eu vou me vingar.

- Estou nessa contigo, Emi. Sempre!

- Sempre! - eu disse, dando-lhe um abraço

***

Katherine, ao chegar em casa, aconchegou-se no sofá grená da sala de estar, e ao seu lado, no criado-mudo, estava o álbum de fotografias de seu casamento. Ao folhear o álbum, admirou-se naquele enorme vestido branco, dançando ao som da orquestra com Maurice. Ainda conseguia lembrar do casamento tão intensamente, a ponto de conseguir recordar-se até dos mínimos detalhes.

Emily não era vista por Katherine como a razão de seus problemas. Ela era apenas uma adolescente ingênua, apesar de forte e arrojada o suficiente para confrontar uma mulher como Elis. A razão foi ter subestimado os olhares alheios, ignorando todos que observavam sua proximidade com a garota. Ela sabia dos riscos que corria, e não quis enxerga-los.

Katherine pegou uma garrafa de vinho e começou a beber. Queria distrair-se, não lembrar dos problemas por um minuto. Apenas por um instante podia fingir que ainda tinha um emprego e seu casamento estável. Fingir por um momento que não estavam julgando-a. Ter a vida que tinha antes não era um mau negócio.

***

E - Você, até agora, não fez nada além de me insultar. Mas, ainda não me disse o porquê de ter vindo aqui!

A - Vim aqui, Elis, porque temos um acerto de contas. E você sabe muito bem do que estou falando!

E - Não, não sei!

A - Mas é muito sonsa! O Logan era meu filho, Elis, e você o matou. E ainda pôs os cem mil dólares que você roubou do seu pai na minha bolsa, e fez com que eu ficasse durante muito tempo na cadeia! Afinal, sabia o que eu podia fazer contra você se pudesse. Porém, agora o jogo virou, e se você não colaborar, vai ter o mesmo destino que o meu filho, sua bandida de merda!

E - E o que você quer, Agnes?

A - Eu quero dinheiro, Elis. Dinheiro! Eu não tenho nada, graças a você. E se não me der o que quero, eu vou foder com a sua vida, assim como você fez comigo!

E - Ok, e quanto você quer?

A - O suficiente para me mandar daqui. Eu quero ir para Paris, quero aproveitar os meus últimos anos ao máximo.

E - Pode deixar, farei com que aproveite bastante. Venha aqui amanhã de manhã e lhe darei o que deseja.

A - Acha que eu sou idiota, Elis? Desaprendeu até a enganar as pessoas?

E - Sinto lhe dizer, que para conseguir o que quer, terá que confiar em mim.

***

Ao chegar em casa, Maurice não encontrou Katherine. Primeiramente, pensou que ela tivesse saído de casa. Mas não, todos os seus pertences estavam lá, até mesmo os livros de literatura que levava para o colégio todas as manhãs. Tudo estava lá, perfeitamente organizado.

- Katherine! - ele gritou

Desceu as escadas do prédio, e ao se dirigir à garagem, notou que o carro de Katherine não estava lá.

"Será que ela foi dar uma volta? Mas, são nove e meia da noite"!

***

Emily decidiu dar uma volta pelo campus enquanto todas estavam dormindo. Aquela seria a primeira vez que poderia relaxar em muito tempo. Foi até a sala onde Katherine dava aulas, e sentou-se em sua antiga mesa. Ainda estava com seu cheiro, um perfume doce e suave. Ao abrir uma das gavetas, viu que não estava completamente vazia. Lá continha uma carta, em um envelope cinza escuro.

Querida Emily,

Não sei se você lerá essa carta algum dia, porque mal sei se terei a coragem de lhe entregar. Sabe de tudo o que enfrentamos e teremos de enfrentar um dia, e mesmo assim, nunca pensa em desistir. Meu amor por você não é momentâneo, querida, ele é real, e só aumenta a cada dia.

Sei que é loucura, é apenas uma adolescente, com muito pela frente ainda. Mas, eu também sou jovem, podemos construir um futuro juntas. Sei dos riscos que corro, porque sei muito bem quem é a sua avó, contudo, eu faria tudo por ti, inclusive morrer, meu doce amor fatal.

Quero que tenhamos uma vida juntas. Daqui a alguns meses o ano letivo termina, o que me diz de sairmos de Londres? Podemos viver longe daqui, onde ninguém possa atrapalhar o nosso amor.

Eu te amo. E sempre irei te amar...

Com amor,

Katherine

***

Ao amanhecer, por volta das seis e cinquenta da manhã, Maurice se arrumava para sair de casa em busca de pistas a respeito do sumiço de Katherine. Pôs sua gravata grená, camisa marfim e seu terno cinza escuro. Enquanto preparava seu café, decidiu ligar o rádio, como fazia todas as manhãs. Porém, aquela não seria uma normal transmissão de rádio:

Notícia urgente: corpo de mulher é encontrado em um carro nesta madrugada. O veículo foi encontrado capotado próximo ao colégio interno Arnecker Barbian. A mulher, de aproximadamente 25 anos, de cabelos castanhos e ondulados, foi levada às pressas para e emergência, e encontra-se em estado de coma.

- Oh, meu Deus! - assustou-se Maurice, derrubando sua xícara de café no chão - É a Katherine!

***

Quando Agnes chegou à escola de manhã cedo, conforme o planejado com Elis, Sheldon a recebeu, com um falso sorriso no rosto:

- Olá, senhora. A diretora Bloedorn lhe aguarda em sua sala.

- Obrigada. - respondeu

Subiu as escadas e foi caminhando em passos lentos até a sala de Elis. Pressentiu que algo de errado iria lhe ocorrer, mas ignorou o mau presságio. Ao entrar na sala, sentiu apenas uma força invadindo suas costas. A força de uma faca. Não sentiu mais nada depois disso, e viu-se cair no chão, recebendo mais e mais facadas, até que realmente fosse possível ver a morte diante de seus olhos:

- Adeus, Agnes. - Elis sussurrou em seu ouvido

Doce Amor FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora