P.O.V Emily
Os dias não estavam mais fáceis de suportar. A todo o tempo eu pensava em Katherine, e me perguntava como poderia ter me apaixonado tão rapidamente por ela. Vivemos uma curta história de amor, mas que, bem ou mal, foi única. Mas ainda não estava próxima ao fim.
Maurice me levou para vê-la no hospital. Foi, sem dúvidas, um dos piores momentos de toda a minha vida. Vê-la naquele estado despedaçou meu coração em muitos pedaços. Não parecia que estava dormindo. Parecia que estava morta. E observá-la daquele jeito fez com que eu pensasse na possibilidade de Katherine passar dessa para uma melhor, contudo, no fundo não acreditava na morte dela.
Beijei sua testa e admirei seu rosto. Ela era tão linda. Era provida de uma beleza simples, sem nada de extravagante ou diferente, e esse era o seu maior charme. Se destacava de tão comum que era. De repente, comecei a chorar. Maurice me deu um abraço e secou minhas lágrimas. Tentou me encorajar a sorrir, e disse que eu precisava ser forte. Mas era tão difícil.
- Está na hora de irmos, Emily.
Deitei minha cabeça na de Katherine, e não consegui parar de chorar. Eu tinha que ser otimista. Tinha que ter a esperança que aqueles reluzentes olhos verdes olhariam para mim novamente.
- Eu te amo, Katherine. – eu disse, olhando para ela antes de ir – E sempre vou te amar.
***
Maurice se reuniu em seu carro com o vice-diretor Ernest e Sheldon. Maurice ofereceu cigarros aos companheiros, que recusaram. A noite estava fria e o carro estava estacionado a algumas quadras do internato, para garantir que ninguém escutaria a conversa dos três:
- E então, Maurice, - disse Ernest – o plano segue o mesmo?
- Sim. Amanhã, Sheldon vai dizer à vaca velha que a gente descobriu todos os crimes dela, eu entro na sala e exijo uma grande quantia para que ela "fuja". Se ela se recusar, eu a mato ali mesmo. Caso ela se comporte, só vai morrer quando colocarmos ela no carro do Ernest. Alguma pergunta?
- Que desculpa iremos dar à polícia se encontrarem o corpo? – perguntou Sheldon
- Não irão encontrar, Sheldon. – respondeu Maurice – Pensaremos em alguma desculpa, mas quando ela já estiver morta.
***
P.O.V Emily
Eu estava a tentar me distrair lendo algum livro para dispersar a imagem de Katherine de minha mente. Eu precisava relaxar para ser forte e racional para conseguir carregar as circunstâncias futuras, sendo elas boas ou ruins.
Katherine não fez eu apenas acreditar em paixão à primeira vista, ela fez eu acreditar no amor, quando eu já tinha perdido por completo as esperanças. Achei que acabaria como minha avó, amarga e solitária, refém de uma paixão da juventude mal resolvida. Tudo caminhava para eu acabar como ela. Até que apareceu aquela linda jovem professora que me encantou com seu charme e beleza peculiares.
Realmente, eu não sabia o que iria fazer caso Katherine morresse, mas isso não era relevante naquele momento. Nunca gostei de pensar no futuro. Um presente bem vivido é um futuro garantido.
De repente, Susan entrou em meu quarto, e ficou me encarando fixamente. Ela não falava comigo já fazia algum tempo, e a única aula que fazíamos juntas era a de espanhol, logo, eu quase não a via. Susan me olhava como se quisesse dizer algo para mim, mas não estava conseguindo.
- Oi, Susan. – eu disse, para quebrar o silêncio
- Oi. – ela respondeu, alguns segundos depois – Soube o que aconteceu com a professora Altreider, sinto muito.
- Obrigada.
Susan se sentou ao meu lado e me deu um abraço. Tentei evitar ao máximo ser carinhosa com ela, para não lhe dar nenhuma expectativa. Eu sentia que ela ainda era apaixonada por mim.
- Você a ama, não é mesmo? – ela perguntou
- Mas é claro. Claro que amo.
Achei simultaneamente estranha e aleatória a pergunta de Susan, mas durante bastante tempo naquele dia, eu fiquei pensando se o amor que eu sentia por Katherine era de fato verdadeiro, e se ele seria duradouro ou momentâneo. Eu era tão jovem, não sei se era possível eu ter encontrado o amor de minha vida.
- Sabe, Emily, - ela disse, cada vez mais próxima de mim – você não faz ideia de como eu gostaria de te beijar agora. Mas, eu sinto verdade no seu amor pela professora Altreider, e vice-versa, e realmente espero estar certa, porque não faz ideia de como é difícil renunciar ao amor que sinto por você, e se faço isso, quero que ao menos tenha alguma razão para tal.
***
Elis estava arrumando alguns documentos na diretoria. Eram por volta das dez e meia da noite, e todas as alunas do internato já estavam em seus dormitórios. Elis não gostava de ficar desocupada, pois logo lembrava do que tinha feito a Agnes.
Sheldon bateu na porta da diretoria, e Elis o disse para entrar. Ele estava pálido e suas mãos estavam trêmulas. Ele tinha ciência do que precisava dizer à Elis, para que assim o plano de sua morte fosse iniciado. Mas, ele não teve coragem.
Durante muito tempo, Sheldon apenas ambicionava o cargo de diretor do internato e a fortuna que Elis possui, nunca a considerando verdadeiramente sua amiga. Contudo, com o passar do tempo, Sheldon não só viu a amarga diretora como uma amiga, mas como a pessoa que não sai de sua mente.
- Elis, - disse Sheldon – eu precisava vir aqui para deixar que matassem você. E não vou mentir, eu pensei em fazer isso. Mas, eu percebi uma razão para não deixar que fizessem isso contigo: eu te amo.
De repente, Sheldon deu um beijo em Elis, e a cabeça da diretora ficou ainda mais confusa. Ela sentiu a mesma sensação da primeira vez em que beijou Agnes, mas preferiu não dizer nada. Apenas o olhou, sorrindo.
- Agora, - disse Sheldon – precisamos ir, rápido, antes que Maurice nos veja.
De repente, Maurice entrou na diretoria com uma arma apontada para a cabeça de Elis:
- E eu achando que você tinha deixado de ser puxa-saco, Sheldon... – ele disse, com um olhar repreendedor – Talvez eu tenha que matar você também.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doce Amor Fatal
RomanceA história se passa em 1965, em Londres, quando a jovem e recém-formada professora Katherine Altreider chega à cidade para dar aulas de literatura em uma escola só para meninas. Lá, se encanta por uma de suas alunas, Emily Bloedorn. As duas acabam s...