Capítulo 04 - Um Fatídico Beijo, Uma Terrível Discussão

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Elis a encarou com um misto de raiva e perplexidade. Poucas pessoas a confrontavam daquela forma. Katherine não conteve o nervosismo, mas sabia que era o certo a se fazer. Cada dia que convivia com Elis, sabia que ela era uma mulher rancorosa e amarga, e embora soubesse que falhou em participar daquela festa, a diretora jamais poderia acusa-la sem provas. Ela faria o máximo para agarrar aquele emprego com unhas e dentes:

- Bom, diretora Elis, - disse Maurice – sabe como funciona, não é? Consta nas regras dessa instituição que não pode demitir ninguém sem o consentimento do conselho.

- Com licença, diretora Bloedorn, - disse Katherine – tenho uma aula para dar.

***

As alunas de Katherine estavam eufóricas. Todas estavam curiosas se Elis a havia demitido ou não. Emily ficou muito em vê-la, e quando estava prestes a falar com a professora, foi repreendida por Jo:

- Não, você não vai falar com ela.

- Por que não? Eu preciso falar daquele "quase beijo".

- Emi, ela quase perdeu o emprego por sua causa, e ainda corre esse risco, então não faça merda.

Entretanto, Katherine chamou Emily para vir a sua mesa, e não parecia nem um pouco alegre em vê-la.

- Emily, precisamos conversar.

- Sobre ontem? – disse, aflita

- Sim, - sussurrou – não vou ser mentirosa e dizer que não queria ter te beijado. Mas preciso ser clara contigo. Não vai acontecer de novo. Eu quase perdi meu emprego, e foi irresponsabilidade minha ter apoiado e participado daquela festa.

Emily a encarou imóvel, extremamente frustrada por ter ouvido aquilo. Ela realmente gostava de Katherine, mas entendia aquela situação, como era difícil. Mas o que podia? No coração não se manda.

- Entendo perfeitamente, professora Altreider.

***

Elis estava cochilando no sofá de sua sala, como fazia no meio da manhã todos os dias. De repente, Sheldon, professor veterano no internato e amigo de longa data de Elis, entrou pela porta, eufórico. Após passar uns dias em casa, adoecido, soube de todas as fofocas que cercavam o colégio nos últimos dias:

- Então uma professorinha beijou sua neta, Elis? Em uma festinha das meninas? – disse, debochando – Sua administração já foi melhor.

- Cale a boca, verme. Não teve beijo nenhum. Elas quase se beijaram. E se o conselho não aprovar, não posso demiti-la. E eu não tenho provas.

- Provas? E todas as alunas? Ok, ok, as da sala da Emily provavelmente não, porque jamais entregariam a professorinha. Mas esse colégio tem várias alunas. Podemos interrogar uma por uma.

Elis abriu um largo e malicioso sorriso, depois apertou a mão de Sheldon:

- O que este colégio seria sem você?

- Não faço a mínima ideia, - ele riu – acho que nada.

***

No fim da tarde, Alexa e Susan foram ao dormitório de Jo e Emily. Levaram uma garrafa de chá gelado, e alguns cigarros. Alexa estava ansiosa para encontrar o namorado, Ross, que iria lhe visitar no fim de semana.

- Qual foi a última que vocês se viram? – disse Jo, curiosa

- No verão, na casa de verão dos meus pais. Foi lá que nós transamos. Meus pais tinham ido a um jantar com alguns amigos, e nos deixaram sozinhos lá.

- Ross é lindo, - disse Emily – mas prefiro minha professora peituda que provavelmente não terei mais oportunidades para beijar.

- Que bom que você tem consciência disso, Emi, - disse Jo – já causou problemas demais àquela mulher.

- Ela não parecia tão preocupada assim naquela noite. – sorriu, maliciosamente

- Sabe, Emily, - disse Susan – às vezes pessoas se importam demais com os outros e são ignoradas, porque esses "outros" preferem correr atrás de quem nunca vai dar a devida atenção que desejam.

- E o que quer dizer com isso, Susan?

Cada vez que o nome de Katherine era citado, Susan demonstrava ter mais dificuldade de esconder o que sentia por Emily. Em como não conseguia evitar de admirar seus lindos olhos verdes. Ora, o que custava tentar?

- Isso...

Então, Emily foi surpreendida por um beijo de Susan, que logo em seguida se retirou do quarto, eufórica.

- Alguém entendeu o que acabou de acontecer?

***

Tudo o que Susan mais desejava naquele momento era ficar sozinha, se isolar em sua cama e ali ficar por um tempo. Seu rosto estava inchado, de tanto que chorava. Por que raios tinha feito aquilo? Foi irracional, impulsivo.

De repente, Susan é surpreendida por Emily, que entra e senta ao seu lado:

- Acha mesmo que eu nunca suspeitei, Susan? – disse Emily – Oh, desculpe, com certeza não é o que você quer ouvir nesse momento.

Susan permanecia calada e cabisbaixa, como se estivesse pensando.

- Fale alguma coisa, Susan, - continuou Emily – essa situação já não é estranha o suficiente?

- É tão difícil para você deixar de ser babaca por um segundo? Porque até agora tudo o que você fez foi entrar por aquela porta e jogar na minha cara que eu sou uma tonta que ficava dando em cima de você o tempo inteiro.

- Não ponha palavras na minha boca! Que culpa eu tenho se você me acha gata? Muita gente acha!

- Sabe, Emily? Muito obrigada. Você me provou o quanto não vale a pena. Você adora olhar para o próprio umbigo o tempo inteiro, mas é porque no fundo você tem pena de si mesma, porque é tão interessante e carismática quanto uma cenoura molhada. Ninguém mais lhe aguenta, nem mesmo a Jo.

- Cara, pare com a hipocrisia ao menos por um instante! Você me beijou! Só falta rastejar aos meus pés, e agora quer dizer que eu sou chata e desinteressante. Não vai conseguir nada sendo tão burra a ponto de não escutar o que está falando.

- Um dia você vai quebrar a cara, Emily. E eu terei o prazer de te desprezar quando isso acontecer.



Doce Amor FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora