Maurice estava trêmulo, decidindo se iria atirar em Elis ou Sheldon, que estavam completamente paralisados. O suor escorria rapidamente pelo rosto de Maurice, que nunca sentiu tanto nervosismo em toda a sua vida. Mas, agora era um caminho sem volta. Haveriam consequências negativas para ele mesmo que parasse com tudo naquele exato momento.
Elis tomou coragem e deu um passo para frente. E depois mais outro. E outro. Estava cada vez mais perto de Maurice, que passou a mirar a arma diretamente para Elis:
- Mate-me. – ela disse – É a mim que você quer. Atire em mim, mas não atire em Sheldon. Ele não fez nada além de me proteger. Ele é uma ótima pessoa, não merece viver com uma mulher tão imunda quanto eu.
- Elis... – disse Sheldon – não faça isso.
- É melhor para todos que eu morra, Sheldon. Inclusive você. Não quero corrompe-lo, meu amor.
- Chega! – gritou Maurice – Já cansei dessa ladainha!
O coração de Elis batia fortemente, e um medo repentino tomou conta de seu corpo, logo ela, uma mulher que sempre fora sangue frio e arrojada. Deu um último olhar a Sheldon e fechou os olhos, esperando receber o tiro fatal.
Foram tiros. Muitos tiros. Mas não foram em Elis, tampouco em Sheldon. Elis estava chocada ao ver Maurice caído diante de seus olhos, morto e cheio de marcas de tiros, com os olhos em uma expressão fria e vaga. Ela, que já matou várias pessoas, e já viu inúmeras delas ensanguentadas, esquartejadas, destroçadas, bem na sua frente, não conseguiu se conter e começou a chorar, para a surpresa de Sheldon:
- Quem pode ter feito isso, Sheldon? – ela disse, confusa e um pouco tonta
Sheldon saiu da diretoria, com a arma de Maurice em sua mão, procurando o assassino. Ou assassina, já que se não foi Ernest, só pode ter sido uma das alunas. Mas quem poderia ter cometido tal brutalidade?
***
No dia seguinte, as alunas foram surpreendidas com uma equipe de peritos no refeitório do internato. Os peritos haviam feito a autópsia do corpo de Maurice, que foi acertado com seis tiros. Todas as alunas e funcionários do internato deveriam prestar depoimento.
Elis nunca esteve tão tensa em toda a sua vida, e suas mãos estavam geladas e trêmulas. Sheldon fazia um movimento circular com o polegar na mão de Elis para acalmá-la.
- Vai dar tudo certo, Elis.
- Não, não vai. Eu não matei Maurice, mas matei outras pessoas. Eu assassinei Agnes, Sheldon. – disse ela, sussurrando – Eu a amava. Me arrependo amargamente de ter feito isso. Me arrependo amargamente de ter matado os pais da Emily no passado. Ela seria muito mais feliz se estivesse com eles.
- Agora não é hora de se lamentar, Elis. Devemos ser racionais. Precisamos fugir.
- Fugir? Está louco, isso não é correto!
- E desde quando você é correta, Elis? Durante toda a sua vida você roubou, matou e manipulou pessoas. Justo quando está mais ferrada, você decide bancar a Virgem Maria?
- Pode ser que você tenha razão... – disse ela – mas fugiremos para onde?
- Deixa isso comigo, pensarei numa solução o mais rápido possível.
***
- Doutor, a paciente acordou! É um milagre! – gritou uma das enfermeiras
Katherine finalmente havia acordado do coma. Estava tonta, mas pediu que as enfermeiras a ajudassem a se levantar. O médico entrou em seu quarto acompanhado de seus pais.
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Doce Amor Fatal
RomanceA história se passa em 1965, em Londres, quando a jovem e recém-formada professora Katherine Altreider chega à cidade para dar aulas de literatura em uma escola só para meninas. Lá, se encanta por uma de suas alunas, Emily Bloedorn. As duas acabam s...