Capítulo 2

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Ralf, como o garoto gosta de ser chamado, estava mexendo pela quarta vez em sua sniper. Eu não sabia de onde ele tinha à arranjado e também não me importava muito de saber, se ele tinha se metido em algo para consegui-la isso era um problema dele e não meu. E também eu não estava nem um pouco curiosa para saber de onde e como ele à conseguiu.

Ele me chamou para me juntar à ele se eu quisesse, ou eu poderia seguir sozinha.

Ele também me alertou que há vários homens espalhados pela cidade, homens iguais à aquele que ele tinha há minutos de matar. E que só era questão de tempo para eles nos encontrar e tentar nos matar.

Sem muitas delongas aceitei seu convite, pois acharia que ele seria um bom aliado, já que estávamos sendo caçados, como ele se referiu à nós, e ele também tinha a vantagem de estar mais tempo acordado que eu, provavelmente já tinha uma noção clara do que estava acontecendo ao redor, e de onde era seguro ou não de ir.

Eu ainda segurava o machado com firmeza, não sabia muito o porque, mas eu não ligava. Ralf e eu seguimos por um beco que dava para a parte mais afastada da cidade, nossos passos eram rápidos e ágeis, tentando fazer o menor barulho possível e sempre alerta ao redor.

Água escorria pelo chão do beco e tinha lixo espalhado aos montes por ali, que deixava o ar com um cheiro muito desagradável e até um pouco insuportável de ficar por aqui, pois parecia que algo tinha morrido faz tempo e estava se decompondo. Tentei ao máximo ignorar o cheiro, que era completamente impossível.

— Você poderia ter escolhido um caminho menos desagradável. - Resmungo.

— Esse é o único caminho que dá para meu esconderijo e acho melhor assim. 

— Então estamos indo à um local onde há somente uma saída? Que magnífico. - Reviro os olhos.

— Para de reclamar, pelo menos temos um local para irmos. — Ele diz com uma voz que diz que está ficando irritado. — Ou melhor, eu tenho.

O olho começando a ficar irritada, e ele segue olhando para frente sério.

— Ótimo, então fique com o "seu" esconderijo, que eu irei buscar pelo o meu. - Paro de andar e me viro voltando por onde nós viemos.

Quando dou alguns passos à caminho contrário, só vejo algo brilhar e depois a forte pressão no ar me jogando longe, tudo passa em câmera lenta, sinto meu coração batendo forte e acelerado em meu peito, a falta de ar me preenche, tudo ao meu redor volta a ser um borrão e eu ser jogada ao chão, e é nesse momento que me arrependo de ter voltado pelo caminho contrário.

Meu corpo atinge o chão e a dor logo vem, não sei porque devemos sentir dor, se é algo psicológico deveríamos ser capazes de superar isso e nunca mais sentiríamos dor, mas infelizmente não é bem assim. Sempre algo vai doer, se não é fisicamente é emocionalmente, algo que não sei se sentiria por um bom tempo, ou quem sabe nunca, se eu tivesse sorte .

Meu corpo que já estava fraco, agora com certeza eu não conseguiria ficar nem mesmo de pé ou talvez nem mesmo acordada. Tento manter uma respiração adequada para meu corpo, que é bastante difícil por causa do impacto, assim que consigo o que demora algum tempo, tento me levantar. Meu corpo estava muito pesado e dolorido, juntei minha únicas forças e me pus de pé, o que não foi muito inteligente, cambaleei para o lado direito ate trombar com a parede.

Esperei alguns segundos para me recompor e minha visão voltar ao normal e olho ao redor. O caminho foi completamente destruído, havia pedaços da casa por todo lado, que formava uma grande parede de destroços, ou seja estamos presos.

Suspiro em tristeza e olho para o outro lado, vejo Ralf jogado ao chão, com certeza desmaiado por causa do jeito que tinha caído, seu corpo estava encostado na parede e eu via sangue descendo de sua cabeça.

Ótimo, além de eu ter que me arrastar, terei que arrasta-lo também.

Me apoiando na parede consegui chegar ate onde ele estava, me agachei e coloquei minha mão em seu pulso, ele infelizmente estava vivo, suspiro cansada. Coloco seu braço ao redor de meu pescoço e o pucho enquanto eu levanto.

— É garoto, você precisa urgentemente de uma dieta. - Falo pra mim mesma.

Vou andando cambaleando, tentando manter nós dois em equilíbrio, ou pelo menos a mim. Meus passos eram lentos e difíceis, como um garoto poderia pesar tanto assim ?

Logo a frente há visto um armazém, com o telhado circular branco e paredes de blocos de concretos e depois dele somente mato e cerca. Me apresso a chegar lá, barulhos de tiros ecoam e logo depois o barulho de uma explosão e gritos.

Isso parece mais um jogo do que uma caçada. Ou talvez os dois.

Piso na grama alta e vou para a porta da frente do armazém, o que me deixa decepcionada por estar trancada e terei que carrega-lo ate achar outra entrada. Vou para o lado de trás do armazém e vejo uma porta encostada, abro a mesma e entro. Há várias prateleiras com varias coisas nelas, como comida e caixas.

— Tenho que admitir, você mandou bem. - Sorriu em aprovação.

— Eu sei.

Me assusto com sua voz baixa perto de meu ouvido, sinto a tensão em meus ombros e tento relaxar.

— Tem uma escada a esquerda, que dá para a área de cima, me leve pra lá. - Ele diz com uma voz fraca e rouca.

Obedeço sem questionar e subo a escada de degrau pra degrau, com calma para não me desequilibrar e derrubar nós dois.

No andar de cima é como um dormitório, há camas de ferro em um canto da sala, uma porta de madeira, prateleiras com kits de emergência, ataduras, alguns produtos estranhos e na ultima prateleira tinha uma caixa com munição. Há também uma mesa com algumas folhas nela, respiro fundo e levo ele até a cama mais próxima e o deito com cuidado.

— Vou pegar o kit e ver se há algum remédio que você possa tomar. - Digo, já me afastando dele.

Pego o primeiro kit que vejo e procuro no meio dos produtos algo para limpar e desinfetar o machucado, acho um com um nome estranho, pego um saco de algodão e volto ate ele. Coloco as coisas na mesinha que contém do lado da cama e pego a cadeira que está na frente da mesa.

— Preciso que você se vire.

Ele faz o que eu peço com dificuldade, pego o algodão e começo a limpar com cuidado, ouço gemido de dor vindo dele, ignoro e me concentro no que estou fazendo. Minha visão se embaça e minha mão fica parada no ar, enquanto uma dor de cabeça me atinge e começo a ver imagens na minha mente.

Você deveria ser menos teimoso. - Eu digo na visão.

Olha quem fala. - Ele sorri.

Reviro os olhos, voltando a cuidar de um machucado em sua perna direita, não era muito profundo então não precisaria de dar pontos.

Mas não fui eu que fui atingido na perna, por causa de querer estar certo em algo. - Falo pressionando o machucado para estancar o sangue que insiste em sair.

E eu sei que você ama esse meu lado teimoso. - Diz ele convencido.

Cala boca, Ralf. - Me aproximo dele e o beijo.

Volto à realidade e sinto que estou fazendo uma careta, olho para o garoto a minha frente e sinto vontade de vomitar.

— Tá tudo bem, Cloe?

— Sim, porquê não estaria? — Volto a cuidar do ferimento. — E de onde você tirou esse nome?

— Bom, você não falou um nome mais normal além de Corvo, então eu achei que poderia lhe dar um nome.

— Bom, então achou errado, não preciso de um nome. - Minha voz sai mais fria do que gostaria.

— Desculpa então.

Termino o ferimento e procuro na caixa alguns remédios, os únicos que acho são fortes o suficiente para lhe apagar em instantes e acho muito melhor do que ficar com uma dor terrível na cabeça. Entrego a ele com uma garrafa de água ele toma e volta a deitar, deixo ele lá e caminho até uma grande janela que dá a vista pro lado da frente do armazém. Observo a vista da cidade e me perco nos meus pensamentos, voltando somente quando ouço a voz de Ralf.

— Obrigado por cuidar de mim, Cloe.

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