Capítulo 24

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Meus olhos vagueiam pelo teto e minha mente tenta assimilar tudo o que a memória trouxe. Não faz muito tempo que acordei, sei disso, mas parece que se passou horas desde que abri os olhos.

O teto branco me parece familiar e até mesmo consigo ver as estruturas irregulares. O que me faz me lembrar do teto da memória.

Agora eu entendo. Nós não estamos aqui para ser testados, não estamos aqui para passar ou fazer nada. Estamos aqui por causa de uma punição. Isso tudo é por que fomos pegos. Nos mandaram para cá para morrer.

Agora somos apenas alvos a serem descartados, nada mais que isso.

O rangido de uma porta me trás de volta, sei quem é, porém não tenho coragem para olha-lo. Somente quando ele para ao meu lado, eu viro o rosto e o analiso. Seus olhos negros e agora brancos, me avaliam a procura de algo, mas quando percebe meu olhor sobre ele, seus olhos se voltam para os meus.

— Vejo que está melhor. - Ele diz.

— Onde nós estamos ? - Pergunto.

Com muita dificuldade consigo me sentar, o lençol que cobria meu corpo caí com o movimento e posso ver minhas pernas. Olho para a camisola de hospital que eu visto e franzo a testa confusa, mas o que me pertuba são as linhas negras que percorrem meu corpo.

— No coração da cidade. — Ele dá de ombros. — Mas não se preocupe o Comandante ainda acha que você está nos subúrbios.

Olho para meus braços e as linhas são bem mais visíveis ali, traço meu dedo sobre uma e sinto o olhar de Cobra sobre mim.

— O que você fez comigo ? - Minha voz sai baixa.

Chris olha pelo meu corpo parecendo somente agora a reparar as linhas negras que percorrem meu corpo, seus olhos me avaliam e vejo o desconforto e a tensão assumir em sua postura. Ele trava a maxilar e desvia o olhar de mim.

— Não fui eu que fiz isso. - Ele diz.

Olho para ele confusa.

— Então quem foi ?

Ele se afasta indo até uma janela e puxa a cortina branca para olhar lá fora. Contra a luz do sol ele parece diferente, como se fosse o mocinho tentando arranjar uma saída, mas sei que o mocinho já não se encontra mais nele e que o vilão o predomina e o controla de modo quase irritante.

— Você mesma.

Desvio o olhar e meu cérebro procura por algo, tento acha-lo, mas se torna algo cansativo e deixo pra lá.

— O que você quer dizer com isso ? - Volto a olha-lo.

Ele suspira e se vira em minha direção.

— Sinto muito, Cloe. — Ele se vira de costas e começa a ir lara a saída. — Mas você está se transformando.

• • •

Volto a abrir meus olhos.

Depois de Chris ter saído, meu corpo decidiu por mim e quando dei por mim já estava acordando novamente.

Me sinto cansada e cada movimento meu é uma dor diferente. Meus músculos parecem pedras e meus nervos estão petrificados, mau consigo me mexer direito, pois tudo dói.

Mas minha teimosia parece ser maior do que a dor e eu resolvo ir até a janela. O quarto branco está me fazendo ficar em pânico e ficar aqui se torna cada vez mais agoniante.

Consigo me sentar na beirada da cama e quando meus pés tocam o chão um arrepio percorre meu corpo, porém não sinto frio e ignoro a sensação de que minhas pernas irão falhar a qualquer momento. Meus passos são hesitantes e cada passo mal calculado pode me fazer ir de cara ao chão cinza.

Hunting City : Memórias RoubadasOnde histórias criam vida. Descubra agora