Capítulo 23

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Antes da 1° fase :

Meus olhos pesam, mas com muito esforço consigo abri-los e são imediatamente cegados pela forte luz que a lâmpada acima de mim emana. Pisco algumas vezes e quando consigo enxergar tento me levantar, mas é em vão, pois alguma coisa segura minhas mãos e pernas mantendo-as no mesmo lugar. Olho para baixo, uma grossa pulseira de couro me prende na cama.

Olho para o lado e vejo Chris, ele ainda está desacordado, seus lábios estão em um tom entre o roxo e o azul, olheiras enormes permanecem abaixo de seus olhos e posso ver um hematoma que cobre quase toda a lateral direita de seu rosto.

Procuro em minha mente como fui trazida para cá, me lembro de estar lá fora junto com Chris e alguns garotos, pois uma pequena cidade aqui próxima tinha sido diagnosticada com algumas criaturas se escondendo por lá. Me lembro do tão fácil foi mata-las, as imagens de seus corpos se desfazendo sobrando somente seus ossos passa pela minha mente. Tento me concentrar nas lembranças, me lembro de uma criatura maior aparecer e o treinamento ir por água abaixo, pois nós não tínhamos ideia de como mata-lo.

Não sabiamos suas habilidades, nem sua fraqueza, não preciso ir muito longe para saber que levamos a pior, então apenas passo por essas lembranças mais rápido do que as outras. Quando começo a chegar ao fim de minhas memórias algo me chama a atenção, uma figura ao longe, me foco nela e me concentro. A figura se torna um homem, suas feições se tornam familiares e busco em minhas lembranças de onde o conheço.

Não demora muito para eu o reconhecer, meus olhos se arregalam levemente e minha boca se abre um pouco. Mexo meus braços tentando me livrar das amarras, mas é inútil, mesmo com todas as habilidades que ativaram em meu sistema, jamais consegueria me livrar de algo assim. Do que adianta ter uma memória e tanto se a coisa que mais preciso é a força ?

Entre nosso grupo eu sou a mais fraca fisicamente, mas isso não quer dizer que sou a pior do grupo, na verdade, os superiores me acham a melhor e a mais capacitada, não que isso importe. Posso ser boa em estratégias, lutas e armas, mas do que adianta tudo isso se eu enfrentar alguém com mais força e agilidade que eu ? Apesar de eu poder entrar em suas memórias, posso confudi-lo e misturar suas emoções, não que isso venha ao caso.

Pelo menos algo me conforta além de tudo, pois eu sou e sempre vou ser melhor que o Ralf, um sorriso se expande pelo meu rosto, mas logo ele some e me lembro da minha real situação.

Olho para o lado, Chris pisca lentamente os olhos, mas quando percebe onde está, tenta se levantar e do mesmo modo que eu, ele também faz o gesto em vão. Percebendo meu olhar sobre ele, ele vira o rosto em minha direção, seus olhos negros mostram a confusão que está sentindo e a fúria por ter sido amarrado. Bom, vamos dizer que Chris odeia tudo que o mantenha preso e isso o deixa muito infeliz.

— Por que estamos aqui ? - Pergunta ele olhando ao redor, buscando alguma pista de onde estamos.

— Sinto muito. - Sussurro.

Ele olha para mim sem entender, mesmo com o som baixo de minha voz, ele consegue me ouvir. Sua testa se franze e sua boca fica em uma linha fina.

— O que aconteceu, Cloe ? - Sua voz sai autoritária.

Sinto algo escorrer pelo meu rosto e me vejo surpresa, por perceber que estou chorando. Olho para o teto branco e suspiro. Ele me conhece muito bem e se eu não dizer o que estou guardando para mim, sei o tão decepcionado e furioso ele vai ficar. Então decido lhe dizer de modo relutante.

— Nós completamos. - Suas sobrancelhas se erguem e ele espera para eu continuar, mas não consigo.

— O que nós completamos, Cloe ? - Sua voz saí impaciente.

Hunting City : Memórias RoubadasOnde histórias criam vida. Descubra agora