VII

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Lucerna, Suíça - 1995

Era uma tarde de primavera, eu estava brincando no jardim de casa. Como não tinha muitos amigos, eu brincava sozinha mesmo. Estava conversando com a minha boneca Lily; lembro-me dela como se fosse ontem que ganhei, Lily era uma boneca de porcelana, tinha o cabelo cacheado loiro, olhos de vidro, verdes e usava um vestido branco.

Eu estava feliz, mas isso mudou quando meus pais apareceram na sacada de casa. Minha mãe se aproximou de mim e me agarrou pelo pulso. Ela gritava insultos para mim. Eu fui puxada para dentro do carro, eu não sabia onde íamos e também tinha medo de perguntar. Olhei pela janela e estávamos saindo da cidade. Já havíamos passado a placa com o nome da cidade.

Depois de algumas horas havíamos entrado na cidade de Ebikon. Mas o que fazíamos lá? Eu encostei a cabeça no vidro do carro e acabei dormindo. Acordei sendo puxada para fora do carro por minha mãe. Esfreguei os olhos com o dorso das mãos, pisquei algumas vezes e olhei para a frente. Estávamos em frente a uma enorme igreja católica, antiga. Assim que meu pai desceu do carro, minha mãe me puxou para dentro da igreja. Apenas parou de me puxar quando estávamos na frente do padre.

- Por favor padre, nos ajude. Nossa filha é amaldiçoada, não sabemos o que fazer. - minha mãe dizia em tom suplicante.

- Por que acham isso? É apenas uma criança.

- Bem, ela conversa sozinha, e quando perguntamos o que está havendo ela diz que está falando com um amigo, mas não tem ninguém no local padre.

- Venha comigo, garotinha. - ele disse esticando a mão para mim.

Eu apenas assenti segurando sua mão enrugada e o segui. Ele conversou comigo e depois tentou me exorcizar. Estava com medo. Ele gritava comigo e me chacoalhava bruscamente e a única coisa que eu sabia fazer era chorar. Então quando tive a oportunidade eu fugi para fora da Igreja. Meus pais foram me encontrar perto da rodovia. Eu apanhei é claro e fiquei trancada no meu quarto durante dois meses. Quando saí, eu estava muito fraca e mais pálida do que o normal.

~ X ~

Era uma manhã fria, Violet estava sentada na cama, abraçando as próprias pernas. Ela tremia e se balançava para frente e para trás. Seus olhos estavam arregalados e seus lábios estavam trêmulos. Ela gritava, escondendo o rosto nas próprias pernas. Ela tinha ódio de seus pais. Se é que ela pode chamá-los assim, por que do jeito que a tratavam não eram seus pais e sim monstros. Violet gritava descontroladamente, enquanto batia em si mesma.

Dylan entrou no quarto dela desesperado, teve que segurar suas mãos com força para evitar que se machucasse. Ela se acalmou um pouco, mas ainda continuava a chorar. Ele a abraçou, deixando com que ela chorasse e seu ombro. O rapaz afagou os cabelos de Violet com uma mão e com a outra acariciou suas costas.

- O que foi que aconteceu? - ele perguntou se afastando alguns centímetros para poder olhar nos olhos dela.

- Nada. Apenas um pesadelo. - ela disse e escondeu o rosto na curvatura do ombro dele.

- Calma, já passou. - ele disse afagando os cabelos dela.

- Por favor, não deixe que meu pai me encontre. - ela suplicou.

- Ei! Olha pra mim! - ele disse levantando o rosto dela. - Não vou deixar.

Violet abraçou Dylan novamente, choramingando. Dylan ficou fazendo carinho no cabelo dela durante uns quarenta minutos. Ele se afastou um pouco dela e lhe deu um beijo na bochecha.

- Quer uma xícara de chá?

- De hortelã, por favor. - ela choramingou.

Dylan apertou a ponta do nariz de Violet e se levantou da cama. Ele saiu do quarto indo em direção à cozinha. Dylan colocou água no fogo para ferver e foi em direção ao armário pegou uma xícara e a caixinha de chá. Ele colocou um dos sachês dentro da xícara e a deixou em cima da mesa. O rapaz foi até o fogão pegou a panela e derramou a água dentro da xícara. Depois de alguns minutos ele tirou sachê encharcado e o jogou no lixo.

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