Prólogo: A estátua na floresta

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"Longo é o dia e longa é a noite, e longa é a espera de Arawn".

(Frase de um conto popular do País de Gales).



Além da névoa, no círculo de pedras, a estátua repousava solitária. Décadas e séculos haviam passado por ela como o sopro do vento, sem deixar marcas em sua inalterável coloração branca e indefinido material sólido como poucas rochas podem ter. O próprio Merlin, o mago, contemplando sua resistência, perguntou-se por que Excalibur não havia sido cravada em algo tão firme e infindável como aquilo. Infindável. Era o que a estátua fora forjada para ser, apesar das formas frágeis da égua empinando. Tinha as proporções de um unicórnio, algo entre um cavalo e uma corça, mas sem o chifre característico.

O animal preso em seu feitiço tinha olhos sem cor, arregalados, vendo algo que o tempo varrera e que ninguém jamais saberia o que era. A crina petrificada para sempre ao sabor de um vento não mais existente, a boca escancarada num grito mudo. Ela era linda e apavorante, um consolo, uma promessa e a própria solidão em pedra, resistindo a milênios, apenas a espera.

Sem saber que a própria espera esperava por ela.

Solitária na floresta.

Majestade: A história do Cavalo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora