Dinah-Jane Hansen

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POV Camila "Cabello" Estrabao

— Aqui está a ficha dela — Michael Lawrence falou, me entregando uma pasta parda com os arquivos dentro, onde na capa podia-se ler "Dinah-Jane Hansen". Eu apenas acenei com a cabeça e estendi a mão.

Se Angus era o meu braço direito, Michael com certeza era meu braço esquerdo. Ele era mais velho que eu, provavelmente tinha uns trinta e cinco anos. Estava sendo recrutado na época em que eu ainda estava perdida nas ruas, e desde que meu pai morrera, tinha sido um dos que mais cuidaram de mim, e eu agradecia por isto. Ter Michael e Angus era realmente uma das melhores coisas daquela vida. Ao menos alguém para se importar comigo dentro daquele mundo de gente falsa e interesseira.

— Obrigada — eu disse, pegando os arquivos.

Michael sorriu para mim.

— É bom te ter de volta — ele disse, me entregando o soco-inglês que ele possuía. — Não desfigure o rosto dela, por favor.

E foi saindo da sala, levando os outros dois homens – dos quais eu não lembrava os nomes – embora.

Desde que eu pegara aquele soco inglês, eu havia sentido aquele poder subir à minha cabeça novamente e... cara! Como eu sentia falta daquilo. Ter a vida de uma pessoa nas mãos. Vê-la implorar por misericórdia, pedir perdão de todas as formas possíveis, mesmo que não esteja realmente arrependido.

Cinquenta e sete. Este era o número exato de pessoas das quais haviam implorado para que eu não as matasse. E seriam cinquenta e oito, se já não tivessem realizado o serviço em um dito-cujo antes que eu pudesse fazê-lo.

Cinquenta e sete. Era um número mágico, sabe? Ao mesmo tempo que lembrar-me de tudo aquilo me fazia sentir arrepios constantes na espinha, eu ainda adorava aquela sensação. E sinceramente, não sei se aquilo fazia de mim uma pessoa ruim ou não. Eu simplesmente amava.

Cinquenta e sete. Cinquenta e sete e nenhum deles haviam sido tão fortes e persistentes quanto aquela morena sentada na cadeira.

Ela não aparentava ter mais que vinte e cinco anos de idade. Provavelmente seria até mais nova que eu. E eu vou te dizer: que garotinha persistente. Isto era realmente notável... e irritante.

A sala agora estava vazia, com exceção de Dinah – a tal morena –, Lauren e eu.

Lauren observava tudo sentada em uma cadeira atrás de mim. Eu tinha falado para que ela me esperasse na cobertura, mas como ela era a Lauren, ela nem me dera ouvidos. Simplesmente se virou, pegou a primeira cadeira que achou e se sentou, observando-me "trabalhar".

— Isso não vai ser nada bonito — eu havia dito a ela.

E como resposta, ela simplesmente levantou as sobrancelhas, como quem diz "me entretenha".

Eu já havia perdido as contas de quantos socos eu havia dado em Dinah. O sangue dela escorria de sua sobrancelha e caía no chão, mas sua expressão continuava impecável.

— Eu não vou perguntar de novo — eu ameacei, descendo minha mão novamente e lhe dando outro soco, na bochecha esquerda, dessa vez. Ela permaneceu com o rosto virado para a direita por um tempo, comprimiu a boca e cuspiu sangue no chão.

Dinah se virou para mim e levantou uma das sobrancelhas, sorrindo em seguida.Que abusada!

Ameacei dar-lhe mais um soco, mas quando levantei a mão algo me interrompeu... ou melhor, alguém me interrompeu.

— Chega! — Lauren praticamente gritou, fazendo com que eu me virasse a observasse. O que diabos ela estava fazendo?

Olhei para Dinah, ela olhava para ela com as sobrancelhas levantadas, com a mesma expressão que eu estava no rosto. Era quase como uma expressão divertida.

Entre o Certo e o ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora