Paraíso

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— Joe só está preocupado — Lindsay dizia a mim enquanto passava manteiga em uma torrada. Ela tinha acabado de acordar, mas continuava linda como sempre. — Ele vai voltar pedindo desculpas.

Tentei forjar um sorriso e dei um longo gole na xícara de café que eu tinha em mãos.

— Espero sim, não aguento ficar muito tempo sem aquele babaca.

Lindsay sorriu.

— Hey, você ainda tem a mim!

Apenas sorri e assenti com a cabeça enquanto ela ainda sorria na minha direção. Ela tinha razão, eu ainda tinha ela.

O fim-de-semana passou rápido. Fiquei com Lindsay na maior parte do tempo. Ainda era agradável ficar com ela, mas eu sentia um pequeno vazio dentro de mim que só seria preenchido pela volta de Joe.

(...)

Duas semanas haviam se passado. Agora, eu estava encontrando-me com Camila quase todos os dias da semana após o expediente, o que gerava centenas de perguntas de Matthew que eu sempre dava respostas diferentes. Desde hora-extra até um show em outra cidade com Lindsay – que tinha que me cobrir sempre.

Era seis e vinte da noite, em um domingo, eu já estava usando um vestido vermelho, com um sapato de salto alto de sete centímetros e, claro, com minha arma presa à minha coxa direita.

Lindsay estava em casa naquele dia, dando-me apoio moral para que eu não tivesse uma crise epilética.

Mesmo depois de tantos encontros com Camila, ela ainda conseguia me deixar extremamente nervosa. E Joe me ignorando sempre que eu tentava falar com ele – mesmo através de Lindsay – era insuportavelmente frustrante.

— Uau, você tá linda — Lindsay dizia enquanto eu andava pela casa dando os últimos retoques na maquiagem e passando as mãos no cabelo a cada dez segundos. — Relaxe, Lauren!

Ela veio até mim e me parou no meio do caminho que eu estava fazendo até o banheiro e me olhando fixamente nos olhos. Respirei fundo e olhei-a também.

Você deve estar se perguntando qual o motivo de tanta euforia. Bem, naquela manhã eu havia recebido mais um bilhete daqueles que tinha recebido duas semanas atrás, que dizia claramente: "esteja pronta às 18:30" e mais nada.

— Mas o que será que vamos fazer? Err... Como eu vou ter certeza de que é a roupa certa? Como eu vou... AAAAARGH. E se nada der certo? Ah, meu Deus!

Lindsay me olhou por um instante e um segundo depois, começou a rir escandalosamente.

— O que você é, afinal? Uma garotinha de quinze anos esperando que o capitão do time de futebol venha te buscar para um encontro romântico e que te dê o primeiro beijo?

— Já passamos dessa parte, acredite — falei, indo até o espelho e repassando o batom vermelho que eu havia escolhido para a ocasião. — Nesse caso, eu não estou esperando um jogador de futebol, ela tá mais praquela garota marrenta que roubava o dinheiro da merenda e derrubava os livros dos nerds, e que todos odiavam, mas que fingiam gostar, porque morriam de medo.

Olhei pelo espelho Lindsay sorrindo.

— Ah, espera aí, você era uma dessas — ela falou.

Virei pra ela quase imediatamente.

— Como ousa?

Ela só riu e deu os ombros.

O relógio de parede marcava seis e vinte e nove. Instantaneamente, quando o ponteiro pulou para o número seis, uma buzina alta soou do lado de fora da casa.

Entre o Certo e o ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora