Proteção

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POV Lauren Jauregui

Voltei para o "meu" quarto a partir do momento em que ouvi Ariana falando no telefone, e pedi aos céus para que ela não tivesse me visto ouvindo por detrás da porta. Bem ou mal, eu não sabia como reagir em relação à Ariana. Não sabia se podia ou não confiar nela quando ela dizia que não queria me fazer nenhum mal.

Sentei-me na cama e abracei as próprias pernas. Tentei respirar fundo. Quando é que aquilo tinha saído de controle tão rápido?

Bati o olho no relógio que havia no criado mudo ao lado da cama. Já batiam oito horas da noite. Respirei fundo.

Ouvi uma batida fraca na porta do quarto e tentei sair do meu mundinho para pelo menos fingir que eu estava bem. Pra falar a verdade, naquele momento eu não tinha ideia do porque eu estava ali naquela casa. Parecia tudo tão desconexo na minha cabeça.

Seja forte, Lauren. Seja forte — repeti na minha cabeça enquanto ia abrir a porta.

— Hey — Ariana me cumprimentou, sorrindo de forma doce. Aquelas covinhas aparentes pareciam desarmar qualquer pessoa. Tentei forjar o meu melhor sorriso. Em suas mãos, ela tinha um pacote com embrulhado em papel de presente. — Só queria te dar um presente de aniversário. Um pouco atrasado, mas pelo menos eu dei, certo?

Ela piscou para mim.

— Como... — comecei, mas ela apenas sorriu mais e me interrompeu.

— Eu sei de tudo, lembra? — disse, me entregando o pacote.

— Obrigada. — Peguei o pacote em mãos e ela continuou na porta do quarto. Colocou as mãos para trás e permaneceu me encarando. — Oh... Desculpe.

Comecei a abrir o presente na sua frente e ela não deixou que o sorriso morresse. Agora sim, eu entendia o porquê de Sarah ter se apaixonado por ela em primeiro lugar. Pelo menos na aparência, aquela mulher parecia ser extremamente agradável e dócil.

Claro que era só na aparência.

Terminei de abrir o pacote e encarei o lado de dentro da caixa. Depois disso, puxei o conteúdo para cima. Era uma boneca de porcelana. Igualzinha ao modelo que eu tinha quando era pequena. Aquela que minha avó me dera e que provavelmente agora estava no fundo daquele rio que meus pais haviam afundado com o carro. Meus olhos lacrimejaram.

— Obrigada — disse, sorrindo.

— Não há de quê — ela respondeu. Depois nos encaramos. Um silêncio desconfortável se instalou ali. Depois de alguns segundos ela pigarreou. — Bem... tenho que... ir resolver algumas coisas... Tenha uma ótima noite de sono.

— Obrigada mais uma vez — foi só o que eu consegui dizer, e então, ainda sorrindo, ela se retirou do quarto.

Encarei o presente e respirei fundo, pegando-o na mão em seguida. A raiva me subiu. Era a mesma mulher que havia tentado matar Camila há um tempo atrás na Austrália, e que, consequentemente, havia quase me matado.

Arremessei a boneca longe no quarto. Ela bateu na parede e a porcelana foi estraçalhada. Eu não queria absolutamente nada daquela mulher.

Principalmente aquela boneca. Aquela não era apenas uma boneca, mas sim, Ariana tentando me fazer lembrar de tudo o que a máfia de Christopher Cabello havia feito com a minha família. Afinal, minha avó quem havia me dado a boneca, havia sido assassinada por Cabello. Assim como minha família e eu fomos jogados para o fundo daquele rio quando eu segurava aquela boneca nas mãos. Ariana jogava sujo, entretanto, era esperta, e isso eu tinha que admitir. Ela queria que eu odiasse Camz. Queria que eu odiasse a todos daquela máfia. Ela queria que eu me juntasse à ela.

Entre o Certo e o ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora