Let it go

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POV Lauren Jauregui

A partir do momento em que Camila entrou por aquela porta eu sabia que alguém naquele cômodo iria morrer, tamanha era a raiva expressada em seus olhos. Até cheguei a pensar que quem atiraria seria ela. Cheguei a ter medo por meu irmão, pois sabia que ela não atiraria em mim, mas já em Marcus era uma coisa completamente diferente. Mas meu medo se devastava quando eu olhava dentro daqueles olhos castanhos. Tudo nela me retornava a Camila de Belmont. Aquela que eu conhecera naquele galpão abandonado; que teve o trabalho de me levar à um "jantar", por mais não convencional ele tenha sido. E era só quando eu olhava naqueles olhos castanhos que eu me dava conta do quanto eu sentia falta dela e do quanto eu me amaldiçoava por ter deixado que meus conflitos internos acabassem com o que a gente tinha construído com tanta intensidade. E foi olhando dentro daqueles olhos castanhos que eu soube que ela não iria ousar atirar em Marcus. Ela sabia o quanto ele deveria ser importante para mim, afinal, ela tinha reencontrado sua irmã alguns meses atrás e sabia o quanto tinha sido difícil que ela tenha sido arrancada de sua vida por duas vezes. Perdi as contas de quantas vezes ela acordava durante a noite, logo depois de ficar murmurando o nome de Lindsay por diversas vezes, tendo inúmeros pesadelos com minha antiga melhor amiga.

Eu sabia que alguém ia morrer pela arma dela. E pensava que aquele alguém só poderia ser Ariana, afinal, as opções estavam limitadas ali. Mas, quando a arma dela foi apontada e disparada na direção de um dos seus braços direitos, Michael Lawrence, nada mais fez sentido. O corpo imóvel e ensanguentado de Mike estava jogado no chão do escritório de Ariana e a maioria encarava Camz sem entender o que merda estava acontecendo.

Camila, que antes ficou vários segundos encarando com desprezo o corpo de Mike, virou-se para nós. O queixo erguido, e como sempre, aquele olhar desafiador de quem sabia exatamente o que estava fazendo e não se arrependia nem um pouco por tê-lo feito.

Encarei Ariana e ela estava com a pele pálida. Não sabia se era a iminente morte se aproximando ou se era o fato de que Camila tinha atirado em Michael, que pelo que Camila havia dito, era o braço direito de Ariana em sua máfia.

— Há quanto tempo você sabe? — Ariana perguntou, com uma sobrancelha levantada.

— E eu lá devo explicações pra você? — Camila respondeu com desdém, chutando a barriga de Mike. Bufou, e logo apontou a arma na direção de Ariana.

Agora ela tinha tanto a arma de Dinah atrás de sua cabeça, quanto a arma de Camz na sua frente.

Ariana pela primeira vez na vida pareceu perder aquela pose de superior que sempre carregava e pareceu extremamente vulnerável.

— Você sabe que mesmo que me mate, essa máfia vai encontrar alguém que a comande — Ariana disse, entre os dentes, tentando inutilmente mostrar um pouco de orgulho. O que não deu certo, pois Camila riu.

— Sério? — ela perguntou, então apontou a arma para Marcus, que ficou tenso de repente. Tentei olhá-lo e tranquilizá-lo de que Camila não atiraria nele, mas ele estava ocupado demais conflitando entre a raiva e o medo. — Tipo ele? — Então, Camz riu mais ainda, segurando a barriga que parecia doer. Vi pelo canto do olho que Angus sorriu também. Dinah revirou os olhos, ainda com a mão firme segurando a arma na direção de Ariana. — Adeus, Ariana. Espero que Sarah te encontre onde quer que você vá parar depois disso aqui, e te diga o quão egoísta, mesquinha, arrogante e prepotente você é, e que você passe a sua eternidade pensando na sua infelicidade — Camz falou e fez um sinal com a cabeça para Dinah atrás dela. Ariana engoliu em seco quando Dinah destravou a arma. Eu podia jurar que ela estava com os olhos lacrimejados por toda aquela fala com Camila. Em contrapartida, nos olhos dela era claro de se ver o quanto ela já estava cansada de tudo. Ela estava cansada de conflitos, de pensar no que podia ter feito de diferente com Sarah para que ela ao menos estivesse viva, de correr atrás dessa vingança idiota com Camila, e por fim, da própria vida. Mas, ainda assim, ela não pareceu querer se render àquilo, afinal, nos olhos dela ainda era claro que ela queria viver.

Entre o Certo e o ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora