A Segunda Fuga

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Mexi meu corpo levemente, novamente pensando se tinha quebrado alguma coisa. Sentia algo em minha perna direita e em minha barriga, mas não ousei passar minhas mãos por ali. Assim que abri meus olhos, pisquei algumas vezes, tentando ajustar a visão.

E lá estava eu de novo. Cama. Lençóis brancos. Cortinas brancas.

Hospital.

Porém, não liguei para aquilo, pois assim que abri os olhos, a primeira coisa que vi foi Camila, sentada em um banco, ao lado de Lindsay. As duas estavam dormindo, Camila tinha a cabeça tombada no ombro de Lindsay e Lindsay, sua cabeça deitada acima da cabeça de Camila.

Olhei para as duas e sorri. Nem parecia que Camila tinha se estranhado tanto com ela alguns dias antes. Levantei um pouco meu pescoço e fitei minha perna. Ela estava enfaixada. Levantei um pouco o roupão e fitei minha barriga. Também estava enfaixada. Ainda doía, mas nenhuma dor era comparada àquela que eu havia sentido quando fora atingida. Comparado àquilo, eu nem sentia nada.

Voltei minha cabeça para o travesseiro e tentei respirar normalmente.

Olhando para o lado novamente, vi que Lindsay havia acordado. Ela sorriu e levantou-se vagarosamente, tentando não acordar Camila. E foi o que aconteceu. Camila não se mexeu sequer um milímetro, permaneceu com os olhos fechados, respirando calmamente.

Lin veio até mim e me observou, abaixando para me dar um beijo na testa.

— Você está bem? — ela perguntou.

Respirei fundo.

— Sim, estou — respondi, sorrindo. Virei o olhar para a sala. Não havia mais ninguém ali.

— Estava pensando em chamar Joe pra vir te ver, o que acha?

— Não! — gritei tão alto que fiz Camila dar um pulo de susto. Ela abriu os olhos e me encarou com eles arregalados. — Nunca mais quero ver Joe na minha vida novamente. A não ser que seja dentro de um caixão.

Lindsay arregalou os olhos e levou as mãos até a boca.

— Como assim, Lauren? — ela perguntou, ainda com os olhos arregalados.

— Ele estava passando informações sobre mim para a máfia. O que acha disso? — falei entre os dentes.

— Ah, Lauren, não é possível. Deve ser paranóia sua...

— Paranóia minha? — gritei de novo a interrompendo. — Ele estava lá. Me viu levar dois tiros. Sorriu enquanto eu gritava e me agonizava no chão. E você acha que é paranóia minha? Faça-me o favor, Lindsay!

Senti minha barriga doer com o esforço desnecessário e tentei respirar normalmente.

Lindsay engoliu seco e me observou. Eu sentia que ela não tinha ideia do que falar.

De lado, vi Camila levantar-se e caminhar na minha direção, parando ao lado de Lindsay. Ela trouxe sua mão até a minha e a apertou.

— Vá digerir o que você acabou de descobrir. Preciso de um tempo com ela — Camila falou para ela, que assentiu e saiu do quarto, boquiaberta.

Camila sorriu para mim e sentou-se ao meu lado na cama.

— Como você está se sentindo? — ela perguntou.

— Estou bem — falei, apertando sua mão.

Ela levou minha mão até sua boca e deu um beijo. Depois sua mão pousou em meu rosto e me acariciou.

— Sei que tem perguntas. E vou responder cada uma delas — ela sussurrou, segurando meu queixo e aproximando-se para me dar um selinho.

— Como está Angus? — perguntei.

Entre o Certo e o ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora