Aquela semana em que Jeo soube do Eduardo, quando chegou o sábado, ela teve que ir para a casa de um primo, que também morava em Yeagow, mas em um bairro distante. Não era uma viagem demorada, mas era entediante, afinal, Jeo preferia ficar em casa lendo um livro, escrevendo, lendo, desenhando, ou lendo. Ela já não gostava de sair de casa, depois da decepção que teve naquela semana então, estava cada vez mais desanimada.
- Vocês viram a notícia do meteoro que caiu em Candstroke? - Julio perguntou enquanto dirigia, afim de começar uma discussão saudável.
- Sim – Anna disse – O sangue de Jesus de poder. Nooosssa... – pensou Jeo – Sério mesmo, mãe? "o sangue de Jesus de poder"? Isso é tudo que você a dizer sobre o meteoro que caiu? Pra quem era Hippie há uns anos atrás, "mente aberta" e tal, está bem ignorante hoje em dia. – ele revirou os olhos e não disse nada.
Julio olhou pelo retrovisor e viu a reação de Jeo ao comentário da mãe, os dois "conversaram" por olhares e Julio seguiu dirigindo. Leana já estava meio temperamental por causa dos acontecimentos daquela semana, logo seus pensamentos acabavam sendo mais agressivos do que o normal.
Olha, por isso que eu digo – pensou enquanto olhava a paisagem de dentro do carro, montes com gramado baixo, e prédios bem ao longe do horizonte – Qual é o problema da humanidade? Será que a gente ainda vai evoluir mais daqui em diante? Obvio que eu não posso julgar a raça inteira por causa de algumas pessoas como a minha mãe, mas é complicado. Céticos, como sempre, não fizeram comentários idiotas sobre o tal meteoro. Os cientistas ficaram fascinados, agora eles possuem mais material de estudo sobre o espaço. Tem uns grupos de caçadores de OVNI‟s inventando umas historias e tal, mas o que realmente é de irritar são os religiosos. Tem grupos evangélicos falando que isso é sinal do fim dos tempos, que isso é história que o governo inventou para controlar a massa, que é coisa do demônio. Como as pessoas podem ser tão imbecis? Como a religião consegue cegar as pessoas com tanta facilidade? Eu não sou contra a religião, pelo menos a maioria delas, afinal, tem muitas pessoas que, por exemplo: conseguem se livrar de vícios quando se convertem a igreja, conseguem se livrar do álcool, drogas, sair do mundo do crime e etc... Isso é ótimo, mas algumas pessoas são simplesmente idiotas! Dão o olho da cara pra igreja e não sei mais o que lá, poxa, é bom você dizimar, fazer uma ofertas, mas acho que tudo tem um limite. Tirando as pessoas que simplesmente ficam loucas, não podem ver uma letra "D" que já é o Diabo, é do demônio, se ouvir musicas que não são hinos da igreja; vai para o inferno, nossa... Sorte que minha mãe só é "crente" e não é devota de nenhuma igreja... Acho que eu não aguentaria.
Ao chegar na casa dos seus tios, José e Barbara, a primeira coisa que Jeo ouve é um som muito alto, dava para a vizinhança inteira ouvir. A vizinhança não era muito "agradável", entenda isso como quiser. O som alto era seu primo, Caio, ouvindo um Rap que falava sobre roubar, matar policiais e "pegar vadias".
Ótimo – Jeo pensou ao descer do carro – parece que o dia vai ser, ó, uma beleza.
Leana e seus pais desceram do carro e foram até a porta de José e Barbara, que demoraram uns cinco minutos para atender, pois foi quando a musica acabou que deu para ouvir a campainha tocando.
- Acho que agora eles ouviram – Julio deu um sorriso sem graça pra família.
Barbara os recebeu e os levou para a sala, toda bagunçada.
"Balança essa bunda, vadia" era a letra da próxima musica no CD que estava tocando.
- CAIO! – gritou Barbara – Abaixa essa porra, moleque!
- Porra, mãe – respondeu caio, que estava voltando da cozinha, segurando uma latinha de cerveja, com uma blusa dez números maior que o dele e umas três correntes que pareciam ter dez quilos cada – Essa é a melhor musica – ele completou.
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O Bosque da Natureza Humana
FantasyO bosque da natureza humana conta a história de uma garotinha chamada Joeleana(sim, é Jeoleana, não Juliana), ela tem os cabelos pretos com um corte chanel, e está sempre usando vestidos verdes (estes que há uns anos atrás pertenciam a sua avó, e qu...