Capítulo 12 ♡

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Dava para ver o negócio dele excitado dentro da calça, que ele tentava esconder.
-Tá bom disse ele-seco. Do armário pegou um vestido e uma camiseta e jogou
para mim.
- Desculpe, eu tinha esquecido de te dar. Veste.
-Mas eu vou ter que tirar a roupa - respondi.
- Tem vergonha?
- Não, não, de jeito nenhum falei.
Fui tirando a roupa e a excitação dele foi crescendo diante da minha nudez.
Enfiei-me dentro da grande camiseta rosa com a inscrição "Bye bye, Baby" e um olho
da Marilyn que piscava observando a arrumação do meu amigo, como numa espécie de
ritual sublime de êxtase. Ele tinha se vestido de costas, só pude ver os seus movimentos
e a linha do fio dental que dividia as nádegas em quadrados. Virou-se: minissaia preta
curta, meias altas arrastão, botas bem compridas, top dourado e sutiã com enchimento.
Eis como se apresentava agora um amigo que sempre vi de Lacoste e Levi's. Minha
excitação não era visível, mas estava lá.
No fio dental apertadíssimo o negócio dele explodia sem nenhum problema. Ele
afastou o fio dental e começou a se esfregar.
Como num espetáculo, estendi-me no sofá-cama e observei atenta. Tinha vontade de me tocar e até de possuir aquele corpo. Fiquei espantada com a frieza quase
masculina com que o observava enquanto ele se masturbava. Seu rosto estava
desatinado e constelado por pequenas gotas de suor, enquanto o meu prazer chegava
sem penetração, sem carícias, só do pensamento, de mim.
O dele, pelo contrário, chegou forte e seguro, vi quando espirrou para fora e ouvi
seu arquejo, que foi interrompido quando ele abriu os olhos.
Ele se deitou comigo no sofá, nos abraçamos e adormecemos com Marilyn, que
esfregava o olho contra a perolinha do top de Ernesto.

3 de janeiro de 2002
2h30 da manhã

De novo na casa-museu, com as mesmas pessoas. Dessa vez o jogo foi que eu
era a terra e eles os vermes que me escavavam. Cinco vermes diferentes escavaram
sulcos sobre meu corpo, e o terreno ao redor da casa era barrento e deslizante.
Uma velha bata amarelada, da minha vó, tinha sido pendurada no meu armário.
Vesti, senti o perfume de amaciante e de um tempo que não existe mais misturando-se
com o absurdo presente. Soltei os cabelos nos ombros protegidos por aquele passado
reconfortante. Soltei-os, cheirei-os e fui para a cama com um sorriso que logo se
transformou em pranto. Suave.

9 de janeiro de 2002

Na casa de Ernesto, os segredos não foram muitos. Confessei a ele que aquilo
que tinha acontecido fez nascer em mim o desejo de ver dois homens um dentro do
outro. Quero ver dois homens trepando, é isso. Ver os dois se comendo como até agora
me comeram, com a mesma violência, com a mesma brutalidade.
Não consigo parar, corro veloz como um graveto arrastado pela corrente de um
rio. Aprendo a dizer não aos outros e sim a mim mesma, a deixar que a parte mais
profunda de mim venha à tona sem dar a mínima para o mundo em volta. Aprendo.
- Você é uma descoberta contínua, Melissa. Quer dizer, uma mina de fantasias e
imaginação disse ele com a voz ainda rouca do sono que acabava de deixar.
- Juro, Ernesto. Estaria disposta até a pagar - falei ainda abraçada a ele.
- E então? - perguntei impaciente depois de um tempo em silêncio.
- Então o quê?
- Bem, você que conhece esse... é... meio, não conhece ninguém disposto a se
deixar olhar?
- O quê? Que história! Não dá pra ficar boazinha e tratar das suas historinhas
normais?
- Só que ficar boazinha não combina comigo de jeito nenhum - respondi.
- E Depois, o que você entende por historinhas normais?
- Histórias de menina de 16 anos, Meli. Você menina, ele menino. Amor e sexo
equilibrados, apenas o suficiente.
- Pois eu acho que essa é a verdadeira perversão! - falei histérica -,quero dizer, a
vida comum: sábado à noite na Praça Teatro Massimo, domingo de manhã, café na beira
do mar, sexo rigorosamente nos fins de semana, confiança nos pais, etc., etc. Melhor
ficar sozinha!
Outro silêncio.
- Depois, é assim que eu sou, não quero mudar por nada nem ninguém. E
sinceramente, olha quem fala! - gritei na cara dele, debochando.
Ele riu e acariciou minha cabeça.
Menina, eu gosto de você, não quero que nada de ruim te aconteça, nunca.
- Mas vai acontecer se eu não fizer o que quero. E eu também gosto de você.
Ele falou de dois caras, estudantes do último ano de Direito. Vou conhecê-los
amanhã: vão me pegar na Villa Bellim, na frente do chafariz onde nadam os cisnes,
depois da escola. Vou telefonar para minha mãe e dizer que tenho que ficar toda a tarde
fora, no curso de teatro.

10 de janeiro de 2002
15h45

- Vocês, mulheres, são mesmo idiotas! Olhar dois homens trepando... eu, hein! -
disse Germano, no volante. Seus olhos são enormes e negros, o rosto, maciço e bem
esculpido, cercado por lindos cachos negros que, não fosse a tez clara, fariam dele um
jovem africano potente e soberbo. Estava na direção do carro sentado como o Rei da
Selva, alto e majestoso, os dedos longos e afilados pousados no volante, um anel de aço
com signos tribais destacando-se na brancura e na extraordinária maciez da mão.
Com uma vozinha suave e gentil, o outro carinha, de lábios delicados, respondia
por mim lá de trás:
Deixa ela, não está vendo que é nova? E é tão pequena... olha o rostinho lindo
que ela tem, tão meigo. Tem certeza, menina, que quer fazer isso mesmo?
Aquiesci com a cabeça.
Pelo que entendi, os dois aceitaram esse encontro porque deviam um favor a
Ernesto, embora eu não tenha entendido que favor era esse. O fato é que Germano
estava irritado com toda aquela história e, se pudesse, me largava na beira da estrada
deserta que estávamos percorrendo. No entanto, um entusiasmo desconhecido brilhava
em seus olhos, era uma sensação sutil que eu sentia chegando intermitentemente.
Durante a viagem, o silêncio nos fez companhia. Corríamos pelas estradas do interior
indo para a casa de campo de Gianmaria, o único lugar onde ninguém viria nos
incomodar. Era uma velha construção de pedra cercada de oliveiras e abetos; mais
adiante viam-se extensões de videiras, mortas nessa estação. O vento soprava forte e,
quando Gianmaria desceu para abrir o enorme portão de ferro, dezenas de folhas
entraram no carro caindo nos meus cabelos. O frio era pungente, e o cheiro, típico de
terra molhada e das folhas apodrecendo sob a água por muito tempo. Eu segurava a
bolsinha na mão, esticada em cima dos saltos altos, agarrada em mim mesma por causa
do frio; sentia a ponta do nariz enregelada e as bochechas imóveis, anestesiadas.
Chegamos ao portão principal, no qual estavam entalhados vários nomes, impressos na
madeira pelas crianças que ali brincavam no verão, uma marca da passagem do tempo.
Lá estavam também os nomes de Germano e de Gianmaria... tenho que ir, diário, minha
mãe escancarou a porta e disse que tenho que ir com ela visitar minha tia (que está no
hospital com o quadril quebrado).

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