Anjos Perdidos

Prólogo

Em algum lugar na América do norte - Pequena Vila de Windmill
Entre 1890 e 1900

Ela não saberia dizer o que ouviu primeiro, se alvoroço das vacas ou o burburinho da vizinhança.

Theresa saiu de sua cama as pressas, curiosa. Apanhou seu roupão e o vestiu já correndo pela casa estranhamente iluminada.

Que estranho. Pensou.

Seus pais e seu avô já estavam do lado de fora , na colina .Os vizinhos também.

Passando pela porta, Theresa Vollute sentiu o frio do inverno a atingindo em cheio. A relva fria sob seus pés não a impediu de correr para junto deles . Queria saber o que estavam vendo.

-O que está acontecendo?- Perguntou em voz alta.

-Veja Theresa - Sua mãe apontou para o céu sem olha-la - Pareçe uma chuva de estrelas.

Theresa se voltou para o céu.
Riscos de luz iluminavam a noite embelezando ainda mais a enorme lua cheia.

Vários riscos.
Pontos de luz.
Dezenas ou mais. Centenas. Sim. Muitos riscos. Vindo. Rápido.

-Não são estrelas. - A voz rouca deseu avô ecoou pela noite - Não são estrelas.

O coração dela batia rápido. Seu avô tinha razão, ela vira estrelas cadentes e não se pareçiam em nada com aquilo. Eram enormes bolas de luz. Como pedaços perdidos da lua.

-São apenas estrelas.  - Afirmou o pai de Theresa- O que mais essas luzes haveriam de ser?

Theresa não conseguia desviar olhar.
De repente os vários pontos se separaram. Num piscar de olhos. Se é que ela estava piscando.
As luzes se dispersaram restando apenas uma.
Enorme e linda.
Vindo. Vindo rápido.

-São Caídos.

Ela então franziu o cenho ainda hipnotizada pela luz.

-Caídos?- Repetiu ela - O que são Caídos vovô?

-É melhor irmos para dentro. - Disse seu avô em voz alta e em tom sério - Entrem! Antes que os Anjos invadam a mente de vocês e matem a vila inteira ! - Gritou ele.

-Anjos? - Sussurrou incrédula.

-Entrem já!- Berrou o avô.

Ela observou a luz solitária. Linda.
Seria mesmo um anjo?

Quem é você?

Theresa se arrepiou ao ouvir a voz dentro de sua cabeça. Voz masculina. Suave. Calma. Atraente.

Não tenha medo.

Ela não deveria sentir medo. Não sentia. Mas errou ao sentir curiosidade. Foi aquela ponta de incerteza que o fez entrar. Ela jurou ter visto um par de olhos azuis se aproximando . Chegando perto...

Não lute muito, não quero machuca-la.