Capítulo 4

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Não me deixaram caçar.
Ainda não.
Papai, Sr. Caleb, Dan e mais outros homens foram a Caçada .
Fiquei no Arsenal com o restante dos Vollute -tenho que me referir a todos assim.

No tempo de espera acabei descobrindo que boa parte deles perdeu alguém ou teve alguém possuído por um Caído . Noivas possuídas. Irmãos. Filhos. Mães. Pais. Amigos.

Os que perderam alguém são mais determinados. Descarregam na Caça e na remoção de asas todas as suas frustrações. Não posso critica-los.
Perder alguém que amamos porque um espírito de Anjo que se apossou do corpo simplesmente resolve sair deixando apenas o cadáver para trás.
Deus que me livre. Pareçe horroso.

O som de passos vindo pelo corredor desperta a todos. Estávamos apenas sentados na sala de planejamentos. Todos já de pé, ansiosos.
Lá se foi a ansiedade. Agora é o medo.
Medo.
Sou eu que devo arrancar as asas. Sou eu que devo livrar o humano e exterminar o Caído . Eu. Estou até usando as luvas de couro.

Papai e Dan apareçer seguidos por Caleb e Tom que seguram um homem bastante grogue. Ele tem cabelos avermelhados, olhos verdes confusos, alto... Deve ter por volta dos 30.

-Aqui está seu passaporte oficial amor. - Dan diz beijando minha têmpora rapidamente e me dando um leve empurrão - Seja rápida Sue, o efeito do tranquilizante vai passar.

Papai assente para que eu me aproxime. Mamãe e os demais estão a alerta. Caleb solta o homem que caí de joelhos e nem sequer se move. Ele sabe o que está aconteçendo. Que irá morrer. Está estampado em sua expressão de... Desamparo.

-Não quer mesmo usar alguma coisa para arrancar as asas? - Papai pergunta enquanto me aproximo do homem.

-Não pai. Está tudo bem. - Murmuro baixo chegando a ele. Estico a mão e toco em sua camisa preta de mangas longas. - Alguém tem tesoura?

-Deixe comigo. - Caleb diz e logo está cortando a camisa do Caído. As duas linhas em suas costas já estão se abrindo. É fascinante. A cicatriz se abre e as penas saem. Como um passe de mágica.
Eles se rendem tão fácil.
Bem, o tranquilizante os deixa sem qualquer força - humana ou não já que ainda se trata de um corpo humano - e eles automaticamente revelam as asas ao tocarem em suas cicatrizes .

As asas são amareladas. Uns 2 metros da largura se ele estivesse esticando-as mas no momento se encontram caídas com uma das pontas roçando nos meus pés.

-Faça Sue , logo. - A voz do meu pai ecoa pela sala.

Assinto me preparando.
O Caído vira o pescoço devagar e me olha sobre os ombros.

-Coisas absurdas estão aconteçendo com você menina. - O Caído diz baixinho. Os que observam não ouviram, sei que não, ele está praticamente sussurrando para mim. - Tome cuidado. Não se entregue antes de aprender. Não se entregue antes de encontra-lo. Você precisa encontrar o garoto, ele está correndo perigo.

-O que ele está tagarelando? - Meu pai berra fazendo meu coração bater mais rápido se é que é possível. Estou trêmula. Coisas estranhas aconteçendo. Garoto em perigo. Derek. - Mate-o Sue, agora!

Os Vollutte estão bravos com minha demora e meu pai também.
Respiro fundo .

O Caído deixa os joelhos cederem e fica deitado de bruços no tapete.
As luzes do Arsenal deixam as asas dele mais amarelas. Mais lindas.

Ele me olha mais uma vez sobre o ombro. Faça . Eu devo fazer.
Apenas fazer.

Entro no automático.
Piso nas costas dele, me inclino e seguro as asas amarelas pela raiz.
Faço força nós pés, o Caído grita alto, os Vollutes sorriem, minhas mãos arrancam as asas, sangue vermelho e prata escorrem e então volto a respirar.

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