Capítulo 14

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Derek Mountain

Nós sabíamos que eles a levariam.
Sue e eu passamos as últimas semanas apenas esperando a hora em que os pais dela mandassem-na preparar uma mala ou coisa assim e não foi o que aconteçeu.

Ela obviamente foi proibida de sair de casa sozinha, dormia com a mãe no quarto, não ia mais ao Arsenal e por isso não conseguimos sair para procurar um bando de Anjos.
Sue quis fugir para voltarmos ao manicômio e termos mais uma conversa com Raniel, uma péssima ideia que nem cogitei considerar o que a fez ficar mais estressada do que nunca .
Confinamento não faz bem a ela , ser limitada não faz bem a ela... E aposto que Sue está furiosa agora porque quando acordei hoje de manhã, a primeira coisa que fiz foi ir ao quarto dela como tenho feito nos últimos dias e para minha decepção, ela não estava mais lá.
Não tem ninguém em casa.
Acabei de ver o guarda-roupas quase vazio dela , a cama de Logan desfeita, eles saíram as pressas e ela nem teve escolha.
Devem tê-la proibido de falar comigo. Não consigo contacta-la, já tentei umas seis vezes e não consegui nada.

Só sinto minha angústia em cada célula do corpo.
Ela se foi.
Não é permanente mas... Ela não está mais aqui e sem ela eu não sou muita coisa.

Suspiro lembrando que hoje é sexta-feira e preciso ir pro trabalho.

Espero que ela me ligue ou que pelo menos fique acessível. Não podemos nos separar. Não agora com ela correndo perigo...

Estremeço.

Logan e Caleb me disseram que nenhum Caído foi capturado em duas semanas o que os deixou mais nervosos ainda. Estão tramando algo. Algo grande e que provavelmente envolve a Sue.
Então ela estar longe, mesmo sendo doloroso, será mais seguro.

Nesse momento não precisamos ser felizes e sim fortes.

***

Sue Vollute

Foi inteligente da parte deles vir quando tudo ainda estava escuro, mais inteligente foi meu pai dirigir sem os faróis ligados usando apenas as indicações de seu GPS.

Não vi nada através dos vidros. Nada além de escuridão.

Meus pais não falaram muito, nem precisa mesmo . O olhar de "é para sua segurança " não saí da cara deles.
Nem quis reclamar, seria em vão.

Agora está claro mas eu perdi a parte principal do trajeto, o que vi foi árvores -a notória mudança de pinheiros para árvores alaranjadas que não conheço - não estamos mais no oeste. Não estamos em Windmill. Duvido que aqui ainda seja o Oregon, não está nada frio há linhas de suor na testa de todos nós e nem deve ser mais que 6h da manhã.

As fileiras de árvores coloridas -amarelas, laranjas e rosa - dominam os dois lados da trilha que está coberta por folhas secas.

Avisto uma espécie de gramado alto pouco a frente. Cerro os olhos me endireitando no banco traseiro.
Quanto mais nos aproximamos a casa surge em meu campo de visão.

Me lembra muito um castelo antigo... Ou um manicômio daqueles bem caros. É exatamente como a imagem da casa de um burguês há centenas de anos atrás.

Tijolos acizentados. Uma escadaria digna de igrejas matrizes. O gramado tão verde e todas as árvores tão coloridas, é como uma espécie de paisagem paralela perfeita, muito convidativa.

-A mansão do Frankstein? - Ironizo - Achei que me trariam para ficar segura.

-Sue. - Minha mãe me olha sobre o ombro com uma expressão agoniada - Não faça isso ser mais difícil do que precisa.

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