6 - Sombra Rubra

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Lefty, o bisão voador, se afastava silenciosamente de Omashu, deixando para trás vários dos guardas atônitos, e ainda mais membros de gangue na mesma situação. Tane e Kiozan estavam apagados, lado a lado, sendo vigiados por uma silenciosa Dyali, que os olhava receosa. O imenso animal era guiado por Kai, que sentava em sua cabeça com rédeas em mãos. Seu olhar totalmente compenetrado no caminho em frente.

-Já vi algumas pessoas serem atingidos por alguns daqueles. Não vão acordar tão cedo. – Disse o homem, virando-se para encara-la. A menina assentiu e foi até a parte da frente da imensa sela que Lefty tinha nas costas, se aconchegando perto da cabeça do bisão.

-Está nos levando de volta para a mansão da Lótus, não é? – Ela perguntou, sem conseguir esconder o tom de receio. Kai, no entanto, balançou a cabeça negativamente.

-Você não vai voltar para lá, Dyali. Não precisa temer isso. – Ele respondeu, com um pequeno sorriso. A menina espantou-se com a resposta do homem.

-Achei que Asami tivesse enviado você.

-Eu nunca disse nada. – Ele deu de ombros. – Mas eu sabia que se procurasse informações sobre seus pais, era aqui que estaria. Só nunca pensei que a acharia em problemas.

-Nem me fale... Por pouco escapamos do Iczon. – Retrucou a garota, deitando-se.

-O Barão?! Vocês o encontraram?! – Indagou ele, com um tom de surpresa e alarde.

-Na verdade, ele nos encontrou. – Explicou a menina, com um sorriso triste. Kai suspirou, olhando para o fundo do vale sobre o qual sobrevoavam.

-Ele é bastante infame por sua ganância e impiedade. Tiveram sorte de ter escapado. – Falou o homem, com alivio. Dyali olhou para ele, desconfiada de certo modo, mas não queria ser rude com o Kai, ainda mais depois de tê-los salvo. Porém, se tivesse que escapar, não gostava das suas chances contra um mestre de dobra de ar.

-Kai... Não é por mal, mas eu não consigo acreditar que não está sob ordens daquela mulher. Porque não abre o jogo? – Ela perguntou, e ele pareceu um pouco surpreso.

-Seus pais foram parte da Lótus Branca. Mas eles estavam fora, construíram uma família, tiveram você. É verdade que Asami mandou alguns soldados da Lótus buscar por você, para leva-la de volta. – Respondeu Kai, fazendo a garota imediatamente ficar alerta. Sob o efeito da sua impulsividade, sua cabeça começou a pensar um meio de escapar, mas o homem continuou falando. – Porém, não é por isso que eu vim. Eu tenho uma família também, Dyali. E eu sei como é estar sozinho, pois cresci órfão. Não quero deixar que também tenha que passar por isso. Eu vou te ajudar a achar seus pais.

-Você vai...? – A menina perguntou, com um tom de dúvida, mas que também mostrava o quanto ela queria que fosse verdade. O homem a virou e a deu um sorriso gentil.

-Sim, menina. Nós vamos achar o Andros e a Olida.

Ao falar aquilo, ele fez com que o bisão descesse logo após a cadeia de vales de Omashu. Após deixar o lugar havia viajado para oeste, e agora o terreno já apresentava mais vegetação, e tinha uma aparência menos rochosa. Era noite, afinal. Eles precisavam de descanso. Lefty encontrou uma boa clareira onde poderiam se proteger e dormir.

-A propósito, você não disse como conheceu esses dois. – Kai falou, enquanto entregava um saco de dormir a Dyali, que abriu um sorriso com a pergunta. Ela lembrou-se de que não havia gastado o dinheiro do campeonato.

-Foi em um torneio de lutas. – Respondeu ela, simplesmente, e o mestre dobrador a fitou com interesse.

-Você é cheia de surpresas, menina. – Comentou rindo, e ela deu de ombros, estendendo o saco no chão logo após. – Mas você... bem, confia neles?

Avatar - A Lenda dos TwulOnde histórias criam vida. Descubra agora