Avatar - A Lenda dos Twul

3 - Aposta

Havia amanhecido o próximo dia quando Dyali chegou à Omashu. A garota passou ao menos uma hora tentando se aquecer quando ela sentiu fome, foi quando ela pode sair da proteção que havia conseguido logo após sair do rio. Ela quase se sentia uma salamandra depois de tanto tempo em uma pedra, e foi a fome acima de qualquer outra coisa que a fez deixar o lugar.

Ela seguiu pelos vales que rodeavam a grande cidade, tentando achar algum pequeno animal ou fruto para tentar matar sua fome mas sem conseguir. No fim da tarde ela decidiu seguir para o caminho que levava à entrada da cidade no topo da montanha. Dyali se sentia acabada, fisicamente e emocionalmente. Sua boca estava seca, seus cabelos estavam destruídos e ela se sentia triste e frustrada.

A única coisa em sua mente eram seus pais, e talvez na cidade de Omashu ela conseguisse encontrar alguma informação ou qualquer coisa sobre o ataque. Uma cidade sumir do mapa, mesmo que fosse pequena como a própria Tyoka, não passaria despercebido pelo exército da terra.

A garota havia escorregado entre as ruas e becos da cidade, parando um minuto em frente ao mercado da cidade, apenas olhando para os cortes de carne sendo vendidos. Dyali já havia ouvido sua mãe falar que os antigos Nômades do Ar praticavam o vegetarianismo, mas ela não conseguia pensar em sua vida sem comer algo como carne. Até porque ela sempre foi muito ativa, e sempre estava com fome. Especialmente naquele momento.

-Desculpe, senhor. Eu sei que você está fechando sua loja, e eu preciso mais do que você... - Ela falou, usando sua dobra de ar para pular em cima das barracas e sair passando desapercebida entre os comerciantes cansados. Não foi muito difícil usar sua dobra de ar para pegar um pouco de comida. Mesmo que não se orgulhasse, ela não tinha dinheiro algum, e depois de um dia inteiro num terreno seco sem comer nem beber ela não estava mais no seu perfeito estado mental.

Dyali correu para longe antes de assar a carne com sua dobra de fogo e comer. Não ficou a coisa mais maravilhosa do mundo, mas com certeza pareceu. Em poucos segundos a comida havia desaparecido de suas mãos, e ela suspirou aliviada.

-Isso não durará muito tempo... Preciso conseguir algum dinheiro. – Dyali falou para si mesma, pensativa. A maioria das lojas já havia fechado, e poucas permaneciam abertas. Ela correu os olhos pela cidade, enquanto sentada naquele telhado, imaginando como poderia arrumar pelo menos um lugar pra dormir.

Claro que ela poderia conseguir um lugar para dormir facilmente, mas apesar de tudo, ela era uma garota de 16 anos, e haviam muitas pessoas mal intencionadas, mesmo em Omashu. Não, ela dormiria apenas em um hotel ou pousada, e pra isso precisava de dinheiro. Um lugar se destacava dos outros, pela quantidade de gente que ainda estava entrando, apesar da noite avançar. Curiosa, a menina desceu e foi até lá, sempre tomando cuidado para não chamar atenção.

-Tane vai levar o prêmio de novo... - Disse um homem mais velho, enquanto conversava com seu colega, que usava roupas iguais aos guardas da cidade.

-Não vai. Ouvi falar que ele não vai lutar hoje. – Respondeu, para desânimo do primeiro.

-Oh... Não tenho porque ficar então.

-Ora, vai ser interessante! Você sempre aposta no Tane, é bom pra mudar.

-Claro que aposto nele, ele sempre ganha. – Retrucou o homem, mal humorado.

-Todo mundo pensa assim! É por isso você sempre leva uma merreca. Hoje apostaremos em outro, e se ele ganhar vai ser uma bolada. – Falou o guarda, animado, já colocando um braço sobre o ombro do mais velho e o levando pra dentro, ainda chiando.

"Lutar? Prêmio? Parece interessante...", pensou Dyali, se dirigindo à entrada da porta. Dois homens a barraram logo depois de entrar na porta, e uma mulher sentada em uma mesa a olhou curiosa.