Capítulo 4

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LONDRES, SEXTA-FEIRA, 22:35pm

— É uma linda Princesinha — ouvi a voz da Dra. Montgomery entrar pelos meus ouvidos, acompanhada de um peso sobre meus braços. Eu estava com a cabeça escorada no travesseiro que acabaram de colocar. Meu peito subia e descia várias e várias vezes. Meus olhos ardiam e meu corpo inteiro queimava. Mas eu não sentia contrações. — Uma linda Izzie na vida de vocês!

— Ela é realmente linda — outro alguém disse baixinho.

E o choro esganiçado ecoava em minha mente.

Abri os olhos lentamente, apertando as minhas mãos no que eu segurava, com medo de deixar cair. Assim que consegui enxerga-la com clareza, meu coração pulou.

Bem ali, perto dos meus olhos, estava uma criancinha pequena e de bracinhos gordinhos. Pisquei algumas vezes, morrendo de vontade de enxergar mais. Percebi que o topo da cabeça era coberto apenas por alguns fiozinhos escuros e rasos. As bochechas eram vermelhinhas e os olhos estavam arregalados, parecendo assustada. Os olhos eram cor de mel, idênticos aos meus. Mas o nariz e a boca eram iguaizinhos aos de William John Traynor. O pai dela. O nariz era fino, razoavelmente grandinho, e a boca tinha um quase formato de coração acima, com os lábios rosados. E a sobrancelha, mesmo pequena e rasa demais, tinha o mesmo formato arqueado e que dava um certo ar de ironia, idênticas as de Will. A pessoa que disse que ela é linda — quem quer que fosse que tenha dito isso — estava coberta de razão.

Ao me ver ali, com ela em meus braços, eu senti como se todo o egoísmo fosse embora de mim. Nada mais importava. Nem mesmo meu futuro, ou as dificuldades que certamente eu e Will enfrentaríamos dali em diante. Sabia que minha vida iria se tornar duas vezes mais turbulenta, mas sabia que no final do dia, ao vê-la em minha casa com Will, tudo iria de repente valer a pena.

— Ela gostou do seu colo, Lou — ouvi minha mãe dizer, me tirando dos meus pensamentos. Vi seus dedos acariciarem de leve a cabeça minúscula da minha filha. — Até parou de chorar.

Não havia percebido isso até ela falar. Sorri para a pequena, sentindo meu peito se inundar de alegria. Ela era uma mistura perfeita de mim e Will. Era nós dois num só, sobre meus braços.

— Will precisa vê-la logo — sussurrei baixinho, com medo de assustá-la de alguma forma. — Por favor, vá na sala de espera conferir se ele já chegou.

— Tudo bem — mamãe disse baixinho, parecendo ter o mesmo medo que eu e entregou um beijo em minha testa antes de sair.

Outra pessoa tomou o lugar da minha mãe assim que ela deu as costas.

— Será que você pode me emprestá-la só alguns minutinhos? — alguém perguntou e eu identifiquei a voz. Era a terceira pessoa que estava falando durante o parto. — Precisamos examiná-la, pesá-la, dar um banho e vestir uma roupinha que trouxeram. Depois trazemos ela de volta e você amamenta, ok?

Eu queria dizer que não, abraçar Izzie e ficar agarrada nela por mais alguns minutinhos, mas sabia que não podia. Então, com um sorriso falso, entreguei a pequena para a enfermeira.

— Agora nós vamos suturar — a Dra. Montgomery disse, ainda sentada no mesmo lugar do que antes: nos pés da maca, bem entre minhas pernas. — Depois levarei você para um quarto e poderá receber visitas.

— Ótimo — falei.

E de repente, percebi que minha voz soou feliz. Era a primeira vez entre todas essas horas que eu me sentia contente. Acabara de segurar minha filha nos braços que era simplesmente a coisa mais linda que eu vi no mundo. Finalmente tinha uma família construída, com um marido excelente.

Como Eu Era Antes De Você - Cinco anos mais tardeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora