Meu bebê viveu por 43 minutos

83 13 2
                                    



Scott e Stiles entraram na casa e Lydia rapidamente secou seu rosto enquanto Allison arregalava os olhos. Ao adentrarem na sala, houve um silêncio absoluto. Nenhum dos quatro esperava por aquilo.

Por um lado eles estavam extremamente felizes por estarem reunidos novamente mas por outro, era uma situação extremamente desconfortável e embaraçosa. Scott e Allison sabiam que os dois estavam consternados, principalmente Stiles, que estava muito ressentido diante de tudo. Mas eles também sabiam que eles precisavam conversar.

— Não interessa se um de vocês não quer ouvir, ou falar. Todos nós aqui sabemos, pelo nosso lado mais racional, que vocês devem conversar. - Allison finalmente quebrou o silêncio. — Mediante a este fato, eu e Scott iremos nos retirar para assistir desenho animado com a sobrinha de vocês enquanto vocês dois, como adultos, irão tentar se resolver.

Allison apertou a mão de Lydia tentando passar força e coragem para a ruiva que por sua vez estava de cabeça baixa encarando seus pés. A ruiva sabia que Allison tinha razão.

— Agora, mais tarde... não interessa. Vocês iriam conversar de uma forma ou outra.- Scott sussurrou para que apenas Stiles pudesse ouvir.

— Vamos amor. - Allison já havia se encaminhado em direção a escada que levava aos quartos da casa e aguardava Scott para que pudessem subir juntos.

— Não tão rápido. - Scott falou com um sorriso no rosto que para ele fora impossível de esconder. Se encaminhou até a ruiva que já estava se levantando ao perceber as intensões do amigo. — Ruiva! Que saudades! - Falou Scott enquanto esmagava o pequeno corpo de Lydia contra o seu.

Lydia não segurou o sorriso enquanto abraçava o moreno o mais forte que podia contra si. — Você não faz ideia do quanto senti tua falta! - Lydia abaixou o tom de voz para que só ele pudesse escutar. — Temos que marcar algo a sós. Preciso conquistar o teu perdão, meu amigo.

Scott se afastou da pequena e segurou o rosto da mesma entre suas mãos. — Você não precisa. - Ele disse olhando nos olhos verdes da amiga, logo após depositou um beijo na testa da amiga e se direcionou até Allison. — Mas sim, eu aceito sair com você. - Disse em um tom brincalhão até receber um tapa de Allison que mantinha um leve sorriso nos lábios e se lembrar que independente de tudo, a situação era séria.

Stiles observava toda a situação em silêncio e por um breve instante se permitiu sentir vontade de rir da atitude de Scott. Mas sem mais nenhuma palavra os dois subiram as escadas deixando Stiles e Lydia a sós. O ar mais descontraído que pairava no ambiente segundos atrás não se fazia mais presente.

O morenou caminhou até o sofá e se sentou em uma das extremidades do sofá enquanto Lydia seguiu as ações dele e se sentou na extremidade oposta. Nenhum dos dois sabiam como começar aquele diálogo, se assim eles pudessem chamar. Então eles apenas ficaram sentados, olhando para a frente, perdidos em seus pensamentos e lembranças.

When you're half asleep I'll leave you be
Right in front of me, for a couple weeks
So I can keep you safe

You can wrap your fingers round my thumb
And hold me tight
And you'll be alright

'Cause you were just a small bump unborn
For four months, then torn from life
Maybe you were needed up there
But we're still unaware as why

Meses atrás

Stiles e Lydia estavam sentados, cada um em uma poltrona, dentro de uma sala no hospital onde Lydia trabalhava. Eles ouviam atentamente a médica que estava cuidando do caso deles mas cada palavra proferida por ela parecia ser simplesmente surreal.

— Com o tipo II, vamos lidar com o peso baixo ao nascimento, pulmões subdesenvolvidos, problemas para engolir, problemas respiratórios. Se levada a termo, a criança com o tipo II geralmente morre dentro de algumas horas após o parto. Às vezes, em dias. Seu bebê também corre alto risco de fratura intrauterina.

— Desculpe, você falou intrauterina?

— Isso.

— Os ossos do meu bebê vão quebrar dentro da minha barriga? - Questionou Lydia enquanto acariciava a sua barriga. — Os ossos dele quebram no lugar onde ele deveria estar seguro? - Seu tom de voz demonstrava o quão magoada ela estava.

— Hey, amor... - Stiles colocou sua mão sobre o braço de Lydia tentando demonstrar uma força que nem ele tinha mas foi cortado enquanto Lydia continuou a falar.

— Ele pode sentir os ossos quebrando? Ele pode sentir, não é? - Ela esperou por uma resposta mas tudo o que ela obteve foi o silêncio que confirmava os seus temores. Lydia não segurou as lágrimas. — Então, ele sente dor...

— Mais uma vez, sinto muito. - Falou a médica.

Lydia abraçou a sua barriga enquanto chorava, Stiles apenas olhou para o outro lado com o rosto extremamente vermelho alertando que ele também chorava.

Natalie viu a médica sair da sala e se aproximou das persianas, observou Stiles envolver sua filha em um abraço enquanto os dois choravam, ela suspirou e adentrou na sala.

*

— Não tem como. Não tenho como fazer o que preciso fazer e o que eu acredito que deve ser feito.

Lydia continuava nos braços de Stiles que acariciava seus cabelos enquanto ela ainda chorava. Ela falava com Natalie, sua mãe, que estava sentada diante dela.

— Sempre tem um jeito, querida. Sempre! - Falou Cláudia gentilmente. Ela segurou as mãos de Lydia entre as suas e continuou a falar. — Vamos fazer o seguinte, você vai escolher um dia, em breve. Nesse dia, vai induzir o parto. E você vai dar à luz ao seu lindo menininho. Vai dar um nome a ele e vai batizá-lo ali mesmo. Então você vai segurar o seu bebê, vai rezar por ele, cantar para ele. Vai olhar para ele e memorizar cada detalhe do seu rostinho... E você vai fazer isso enquanto ele viver. Vai fazer isso até que Deus o leve... É como você vai fazer isso.

Natalie tentava se manter firme por eles dois, ela sabia o quanto eles precisariam de apoio naquele momento.

— Podemos fazer isso. - Disse Stiles com a voz embargada.

— Você pode fazer isso por mim? - Perguntou Lydia enquanto encara os olhos de Stiles.

— Com certeza! Vou fazer por você, vou fazer por ele, vou fazer por nós. - Falou Stiles enquanto beijava a cabeça de Lydia que estava depositada em seu peito. Sentia a ruiva soluçar contra o seu corpo.

— Então eu... - Lydia chorou ainda mais e tentou se recompor. — Vou segurá-lo até que Deus o leve.

§

Lydia estava infinitamente incomodada com aquele silêncio. Ela abriu e fechou a boca várias vezes sem conseguir encontrar as palavras certas. Enquanto Stiles apenas lembrava- se de tudo pelo o que os dois passaram e permitia que lágrimas silenciosas escorressem pela sua face.

— Você... - Ele virou-se para Lydia a procura dos olhos verdes que tanto sentiu falta. — V-você poderia me abraçar? - Perguntou Stiles enquanto chorava.

All I WantOnde histórias criam vida. Descubra agora