"Ems minha querida. É você que está lendo essa carta? Se sim, saiba que sentimos muito sua falta. Sua energia positiva dentro da casa nunca antes foi preenchida pois ninguém pode te substituir. Você não sabe o que fizemos para tentar te achar. Procuramos Deus e o mundo para te achar. Meu Deus, foi horrível ficar sem você. Mas aqui estou eu lhe escrevendo isso por que acredito que você vai voltar e vai procurar por nós e não vamos estar ai. Temos muitas novidades. Seu irmão não fez o intercâmbio. Ele cancelou de ultima hora, pelo que estava acontecendo com o mundo. Se você chegou até aqui já deve saber o que esta acontecendo. O apocalipse chegou. Eu sempre soube, apesar de na Bíblia estar dizendo que os mortos iriam ressurgir. Afinal quando se acaba o espaço no inferno os mortos subiriam para a terra. Mas ninguém sabe como isso realmente aconteceu. Uma doença foi liberada, e isso acabou com o mundo. Não sei quem foi o babaca, mais eu mato. Seu tio Julius morreu. Sua prima Andine também. Desculpa lhe contar isso assim. Eles foram mordidos por essas coisas, zumbis, mortos vivos sedentos por carne. Eles contraíram a doença e morreram. Mas ai vai o que você deve fazer.
Estamos em Ohio. Se ainda estamos vivos estamos na mesma cabana que acampamos verão retrasado. Quer dizer, eu não sei quando você esta vendo isso. Mas assim que ler isso, me contate. Venha direto. Roube um carro, ninguém esta usando mesmo. Eu te amo.
MamãeFecho a carta devagar, sentindo lágrimas por toda minha cara. A carta data de dois meses atrás, eles saíram faz algum tempo. Como minha mãe mesmo deixou claro, eles podem estar mortos. Meu tio morreu e minha prima, tão meiga é adorável, com seus dois anos também.
-Ok. Você tem que mostrar isso para eles. -eu digo para mim mesma.
Saio do quarto dos meus pais, e desço as escadas devagar. Chego na cozinha e sinto de cheiro de bacon frito.
-Ela chegou. -diz Nik. -Aplaudam ela e a mãe dela, e o fogão a lenha da sua mãe é a melhor coisa. O fogão elétrico não esta funcionando.
Então todos percebem que eu estou chorando. Meu rosto deve estar inchado e vermelho pois somente hoje eu chorei o suficiente para uma vida inteira. Mas não dou o braço a torcer.
-É, realmente o cheiro está ótimo. -minto. Sou vegetariana. Eles sabem disso pois me olham com dúvida. -Ok, vocês precisam ler isso. Ou melhor, eu leio.
Leio toda a carta para eles. Não deixo de fora nenhum detalhe.
-Partimos amanhã. Quer dizer, eu parto. -eu digo.
-E nós vamos com você. -diz Dany.
-Não vamos te deixar sozinha. - diz Nik.
-Não tem nada melhor para fazer mesmo, afinal, segundo diz ai, o mundo acabou. -diz Louise.
-Aqui entrei aqui permanecerei. -diz Biel. -Isso se aplica aqui também?
-Nem pensar. Se estamos perto de achar qualquer um que amamos, devemos ir. Isso já faz dois meses.
-Então vamos amanhã. -diz Biel. -Vamos comer, tomar um banho e descansar. Amanha cedo nós iremos.
-Mas onde vamos conseguir um carro? -pergunta Mark.
-É só pegar qualquer um ai na rua. -digo.
Abro a geladeira e sinto um cheiro podre. O queijo esta mofado, o requeijão está amarelo, não da para reutilizar nada. Nada além do vinho. Pego ele e coloco na mesa. Observo os meninos colocarem a pouca comida na mesa.
-Finalmente eu vou comer em um prato novamente. -grita Nik. -Delícia.
Não tem graça mas todos riem. Eu rio. Por que apesar de tudo sei que eu posso contar com eles. Apesar da atitude de Louise, das piadas horríveis de Nik e da quietude de Biel sei que posso contar com cada um deles.Deito na minha cama depois de um banho quente e relaxante de mais ou menos uma hora. Os lençóis estão cheirosos. Minha mãe devia ter lavado eles, por que esse é o TOC dela. Tudo cheiroso e bonito. Ah se ela visse a casa agora. O cheiro de fritura, a grama marrom, ela teria um treco. Viro para o lado e caio no sono.
Quando acordo a luz do sol ultrapassa as cortinas. Procuro meus amigos mais então lembro de tudo que aconteceu. Eu não estou no Bunker. Eu estou em minha casa. Prestes a entrar numa viagem perigosa que eu posso morrer ou matar todos. Louise dormiu no quarto dos meus pais com Dany, Biel dormiu no quarto de hóspedes, Mark no quarto de meu irmão. Nik deve ter caído em qualquer lugar, provavelmente perto do vinho e da cozinha para comer o resto a noite. Saio da cama e abro a cortina. Sei que não deveria ter feito isso mas o que encontro é tão perturbador que eu sou um grito. Meio segundo depois Mark e Biel estão no meu quarto. Eu aponto para a janela e eles correm para ver a visão que eu estou tendo.
Se ontem tudo estava vazio nas ruas, hoje eu vi ela cheia de uma maneira que eu nunca vi antes. Parecia uma procissão ou uma passeata, mas na verdade era um monte daqueles zumbis que minha mãe mencionou juntos. Eles olham para todos os lados, gemendo e produzindo rosnados. Eram mais de oitocentos daquelas coisas. Então eu ouço a porta da sala se abrir o que daria de cara com aquelas coisas.
Eu, Biel e Mark nos entreolhamos. Então temos o mesmo sentimento. Nik abriu a porta.
Todos nós corremos pela escada e chegamos na sala aos tropeços. E como previmos Nik estava na porta, bêbado e rindo.
Mark puxou Nik pelo ombro e Biel fechou a porta com um estrondo. Dany e Louise já tinham descido devido a barulheira que fizemos. Com certeza chamamos atenção de alguns mortos-vivos.
Nik não ri mais e parece assustado.
-O que foi que...? -ele pergunta para um Mark raivoso em cima dele.
-Você quase se mata e mata todos aqui dentro seu imbecil. Você tomou a garrafa toda. -ele diz, pegando a garrafa de vidro e jogando na parede. Cacos voaram por toda parte.
-Mark! -eu digo o afastando- Para com isso. -eu o empurro de cima de Nik, que se levanta assim que Mark sai de cima dele. -Nik, vai tomar um banho.
Ele acena positivamente com a cabeça e sobe as escadas correndo e tropeçando nós próprios pés, uma cena ridícula e que eu riria em qualquer situação, mas no momento estou ocupada pensando em que como vamos sair daqui. Estamos completo e literalmente cercados. À saída de trás da casa dá para a rua de trás obviamente, mas os zumbis com certeza vieram de lá, afinal, a rua era meio que um ciclo eterno. Se você se perdesse ali, certeza que ficaria ao menos uma hora para sair, e cá entre nós, zumbis não são muito dos espertos.
-Mas de onde vieram tantos? -pergunta Louise, olhando pela fresta da janela. Ela abre a cortina tão pouco que me pergunto se ela está realmente olhando ou só se fazendo de corajosa. -Nunca vi nada assim.
-Ninguém nunca viu. -fala Biel. -Agora que não vamos conseguir um carro mesmo.
-E a gente ainda precisa de um carro com sete lugares. Somos seis. E... Bom, a gente vai passar no mercado. -diz Dany.
-Eles com certeza ficaram sem comida do outro lado. Eles estão migrando. -diz Mark.
-Zumbis migrando. Ok, chega por hoje. -eu digo. -Vão arrumar suas coisas e se lavar. Saímos daqui duas horas.
Todos concordam, e cada um sobe para o quarto onde dormiram. Minha mãe tinha uma regra de em todo o quarto ter um banheiro, ou seja, cada um toma banho sem precisar o outro terminar. Além de Mark, que teve que esperar Nik sair do quarto do meu irmão. Mais ou menos meia hora depois, as meninas estão no meu quarto escolhendo roupas. Elas pegam algumas roupas, roupas íntimas e de frio e colocam na mochila. Os meninos fazem as mesmas coisas com as roupas de meu irmão, além de Biel que, é muito alto e pega as roupas de meu pai.
-Está todo mundo pronto? -ouço Mark gritar da sala, e todas nós saímos correndo do quarto, descemos a escada e paramos lá em baixo. Olhamos uns para os outros que nem uns bestas e olhamos para a porta.
Biel havia verificado, sair pela porta dos fundos era uma idéia horrível, pois tinham muitas daquelas coisas vindo para a rua da frente, meio que em transição. Acabamos ficando sem opção.
-Tenho uma idéia. -eu digo já subindo as escadas. -Já volto.
Todos parecem confusos, mas eu sorrio de orelha a orelha por que tive uma idéia que pode dar errado e também pode dar certo, era arriscado, mas ainda assim era melhor do que ser devorado por aquelas coisas. Vou até a porta do quarto de meus pais e olho para cima. Uma portinhola é quase invisível acima de minha cabeça. O sótão . Puxo uma cordinha e, como por mágica, uma escada flexível desce. A escada se estende aos meus pés e eu subo, degrau por degrau até chegar ao sótão em si.
Na realidade nada está diferente de quando eu sai. Quase nunca meus pais vinham aqui, nem meu irmão, muito menos eu. Eu tinha muito medo do sótão por que as vezes eu ouvia barulhos de alguém andando, e assim que fechava os olhos e os abria de novo, o barulho não estava mais lá. Vou até a ponta do sótão e puxo uma caixa grande e pesada que meu pai falou para eu nunca tocar. Na caixa está escrito "explosivos". Ao sair, aproveito e pego algumas lanternas perdidas no meio do caminho.
Desço as escadas do sótão com dificuldade, e fecho a portinhola.
-Alguém me ajuda aqui. -eu grito e dois segundos depois Biel está na minha frente.
-Explosivos? -diz Biel. -O que você pretende fazer com isso?
-Ainda não sei. -eu digo, e descemos mais um lance de escadas. Nem mesmo botamos os pés na sala e todos já me enchem de perguntas.
-Meu Deus lá vem merda. -Nik revira os olhos.
-Não chega perto de mim com isso! - grita uma histérica Louise.
-Se acalmem! -eu digo. -Bom, não tem outro jeito. Eu vou andar até o final da rua com esses explosivos, tentando não ser vista. Quando eu chegar lá -eu aponto para o final da rua- Eu monto os explosivos e fujo. Quando eles ouvirem o barulho eles vão ser atraídos, e ai sim podemos ir por essa rua.
-É uma idéia boa, mas você não vai sozinha. -diz Mark.
-É, eu vou com você. -diz Nik. -Mas, podemos não conseguir atravessar todos eles. Precisamos de alguma arma ou alguma machadinha.
-Ok. -eu digo. -Antes de saírmos eu vou pegar algumas ferramentas do meu pai. Mark você vem com a gente para pegar o resto. Fiquem observando pela janela. Assim que a maioria for despistada, vocês correm e encontrem a gente naquele carro.
Na verdade estava mais para uma limusine, devia ter uns nove lugares, mas era o único carro que caberia todos nós e nossas bagagens.
-Biel, leva a minha mochila e a do Nik. -eu digo para Biel. -Você entendeu tudo né?
Ele assente com a cabeça e eu chamo Mark e Nik.
-Vamos. -eu abro a porta da frente devagar, mas logo atraio a atenção de alguns andantes que estão perto da casa. -Droga. Vai, vai corre.
Eu corro junto com Mark e Nik, que parece meio desajeitado levando os explosivos mas conseguimos chegar a uma portinhola laranja onde meu pai guardava as ferramentas dele.
-Não abre. Tá emperrada. -diz Mark que força a porta a abrir, e depois com muita dificuldade consegue abri-la. Eu entro pela porta assim que um dos mortos-vivos agarra meu cabelo.
-Que horror. -eu grito. -Precisamos achar essa ferramenta logo.
Nik pega duas machadinhas é me dá uma. Olho para Mark, mas não digo nada. Lembro das palavras dele, "se alguém morrer, a culpa vai ser sua"
-Não se preocupe, ninguém vai morrer. -eu digo e abro a porta. Eu literalmente quase beijo aquela criatura nojenta. Mas Mark é mais rápido, e bate com o martelo na cabeça do morto vivo, antes que ele nem pisque direito.
-Vão. -diz Mark.
Eu puxo Nik que começa a correr atrás de mim. Eu e ele vamos desviando de alguns andantes enquanto Mark termina de colocar as armas essenciais na mochila. Corro o mais rápido que posso, dando cobertura para Nik que esta carregando um peso e uma machadinha. Pego a machadinha da mão dele e fico com uma em cada mão.
-Vamos rápido! -eu digo, e me deparo com quatro mortos-vivos na minha frente. -Meu Deus.
Ergo as duas machadinhas na altura da cabeça dos mortos-vivos e golpeio-as, dois primeiro, depois os outros dois. Olho para um Nik ofegante e surpreso.
-Não podemos parar. Falta uns 15 metros. -ele grita, enquanto agachamos em baixo de moitas e arvores.
Alguns mortos-vivos nos seguem,. Eu arranco a cabeça de um e Nik chuta outro. Enfim chegamos no final da rua.
-Eu não sei armar isso. -Nik grita.
-Me dá cobertura. -eu grito de volta, e dou os machados para ele. Agacho no chão enquanto Nik degola alguns dos monstros.
-Instruções. -eu digo baixo para mim mesma. -Ok. Ok.
Vou lendo as instruções e fazendo o que se pede quando ouço um grito de Nik.
-ABAIXA! -ele diz e eu instintivamente me abaixo. Sangue espirra em meu rosto e em minhas roupas quando Nik acerta um morto-vivo atrás de mim, e o corpo mole cai sobre minhas costas.
-AH- eu berro e tiro o corpo de cima de mim, enquanto Nik apavorado tenta manter os andantes longe de nós.
-Nik! Corre! -eu digo levantando rápido e puxando Nik. -A bomba vai explodir em cinco...
Quatro... Nós corremos para baixo de arvores o mais rápido que podemos.
Três... Mortos-vivos correm atrás de nós lentamente.
Dois... Um...
BAM.Caio no chão com todo o impacto da explosão. Vejo um corpo de cabelos ruivos do meu lado. Não consigo ouvir nada, só um zumbido. Olho para trás. Há tantos corpos no chão que é impossível contar. Talvez uns duzentos ou trezentos. À explosão atingiu uma proporção muito grande. O resto dos zumbis estão se encaminhando para o local da explosão.
Olho para a frente, vejo Biel seguido de Louise, Dany e por último Mark, os quatro seguindo para o carro que combinamos de nos encontrar. Alguns zumbis estão se dispersando.
-Nik. Vamos. -eu digo o mais alto que pode. Os olhos de meu amigo se abrem devagar e se arregalam. Ele levanta rapidamente e nós dois continuamos nossa jornada. Corremos até o carro.
Vemos Biel na porta fazendo uma ligação entre fios para fazer o carro funcionar. Entramos nos dois últimos bancos, do nosso lado está cheio de bolsas.
-Vamos Biel! -grita Mark no banco do carona. Dois segundos depois o carro liga o motor e Biel pisa no freio, dá uma ré e segue pela rua.
Olho para trás. Ouço Biel discutir alguma coisa com Mark, como sempre. Louise está abraçando Nik e Dany tenta separar a briga de Mark e Biel.
Só eu que percebo uma pessoa na janela da minha casa. Um homem vestido de preto, barba e óculos redondos. Ele dá um sorriso.
Ele está na minha casa. No meu quarto. Onde eu dormi.Oi gente do meu coração! Tudo bom com vocês? Meu Deus vocês têm ideia de quanto tempo eu levei para pensar nesse final? Deus me livre! Bom, mas aqui estamos em mais um capítulo explosivo, literalmente. Espero que vocês tenham gostado, eu me esforcei muito para fazer uma coisa legal e repentina.
Votem, comentem e compartilhem para me ajudar. Um beijo um queijo
-A
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Bunker
Aventura"Quando o inferno fica cheio, os mortos subirão para a Terra" #zumbis #wattys2016 MÚSICA TEMA DA HISTÓRIA: You Love I -Melanie Martinez (Unreleased- música não lançada/vazada) Todos os direitos reservados © Plágio é crime