Capitulo XI

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       Abro meus olhos devagar, e leva um tempo para tudo voltar ao seu devido lugar. Porém mesmo assim, não consigo descobrir onde estou. Naturalmente era numa estrada, porém eu estava deitada nessa estrada. E todos os meus amigos, que eu podia jurar estar mortos, estavam me rodeando, como se eu fosse a carne podre e eles os urubus. Para se encaixar no contexto: eles eram os zumbis. Tiro esses pensamentos da minha cabeça enquanto tento levantar. Porém nessa hora, uma mão forte me empurra de volta para o chão há muito tempo não asfaltado.
          -Pode deitar de novo mocinha. Gabriel, pega uma água para ela. -era a voz de Robert. Parecia estar distante, apesar de eu estar vendo, sentindo ele, a centímetros.
             -O que aconteceu? -eu pergunto, fechando os olhos novamente, ainda um pouco tonta.
            -Você desmaiou. Todos desmaiamos. -ele responde, e ouço sua risada. -Mais você foi a única que ficou realmente mal.
             Agora nada está embaçado, consigo ver tudo perfeitamente, mas isso não fez passar minha dor de cabeça passar. Consigo ver os cabelos ruivos de Nik presos em um coque, ele está chorando. Será que foi por causa da alucinação ou não?
           -Tome. -Biel me tira dos pensamentos colocando uma garra de água na minha frente. Pego a garrafa e dou um grande gole, que pega quase a garrafa toda. Olho ao meu redor, e vejo nosso carro estacionado atrás de nós.
           -É melhor entrarmos. Não se sabe o que pode aparecer por aqui. -diz Mark, percebendo minha preocupação. Agradeço mentalmente a ele e o mesmo me ajuda a levantar.
             -Quanto tempo ficamos apagados? -Dany pergunta para Robert.
            -De três a cinco minutos. A princesa aqui uns 10. -ele fala, apontando para mim. -Meu pai armazenava esses gases, se é que essa é a palavra certa. -ele continuou enquanto entrávamos no carro. -Segundo ele, se alguém nos invadisse, não teriam muito controle sobre eles mesmos. Ele só não contava que eu estivesse junto.
            -Por que ele tinha isso? -é a vez de Mark perguntar.
            -Tem muitas coisas sobre meu pai que eu não sei. -ele responde. Aliás, esses gases não nos fazem somente alucinar, nos fazem viver nosso próprio medo. Por isso eu preciso que todos contem as suas alucinações. Preciso ver o que elas significam.
            -Isso é muito pessoal. -disse Mark, que parecia muito desconfortável com a situação. Fico me perguntando com o que ele alucinou para ficar tão na defensiva.
            -Não importa. Ninguém vai rir. Todos temos medos. Mas eu realmente preciso que vocês falem a verdade. Quem vai começar?
             -Você. -diz Biel. -Não é tão simples contar nossos maiores medos? Por que você não começa então?
           -Eu nunca disse que é simples, disse que é necessário. E eu não preciso contar meus segredos para ninguém. Eu que vou avaliar.
            -Isso não é justo. -diz Louise se apoiando nos braços de Nik, que abraça-a. -Todos sabemos nossos medos, e eu não vou ficar expondo os meus.
           -Ela está certa. Vamos embora. -eu digo, finalmente. -Eu dirijo.
           -Você não está bem para dirigir. -diz Louise, fazendo uma cara de preocupação. Estava sonhando? Ou ela realmente estava sendo legal?
            -Estou bem e estou cansada de ficar aqui atrás. Quem vai ficar comigo?
            -Eu vou. -diz Biel, Mark e Robert ao mesmo tempo. Não posso evitar sorrir, mas agora eu realmente não queria a companhia de Mark e suas desculpas melodramáticas, ou Robert, que apesar de já termos quase nos beijado, não conhecia. Queria a companhia de meu fiel amigo e escudeiro.
             -Biel, preciso mesmo falar com
você. -eu digo, saindo do carro seguido por ele. Dany senta o mais próximo da gente possível. Um grande sentimento de nostalgia me invade e eu lembro do Bunker, onde vivíamos grudados, nós três.
             Sento-me no banco do motorista, Biel senta obviamente no banco de carona e Dany fica de joelhos no banco perto dos da frente. Mark se acomoda no banco mais ao longe, Robert começa a admirar a paisagem pelo vidro, e o que mais me surpreende, o tão esperado por todos beijo de Nik e Louise.
          -Que bonitinhos, parece até gente. -grita Mark lá do fundo.
           -Cala a boca. -responde Nik e todos começamos a rir, menos Robert. Ele parecia preocupado com alguma coisa.
            -O que foi? -eu pergunto, enquanto dirijo calmamente pela estrada quieta. A estrada estava bonita, devastada, com carros abandonados e às vezes corpos há muito tempo mortos, mas bonita de uma maneira inexplicável.
             -O que foi o que? -ele rebate, ainda sem olhar para mim.   
             -Você está com cara de bunda. -diz Nik, se intrometendo na conversa. -Aconteceu alguma coisa.
             -Nós. Nós acontecemos. - ele diz. -Estamos tão ocupados com nossos problemas de amor e ódio que estamos esquecendo que temos que sair de Nova York para irmos para Ohio. E nem chegamos perto.
-Na verdade... -eu digo. -Sejam muito bem vindos a Pensilvânia.
Aponto para eles a placa do estado da Pensilvânia, e sorrio. Finalmente saímos de Nova Iorque. Porém mal se notava a diferença. Apesar de termos saído rápido de Nova York, não tinha trânsito ou faróis. Na Pensilvânia , a estrada estava completamente igual, se não fosse pela placa mal teria notada a diferença.
Nesse momento damos de cara com nosso primeiro obstáculo. Um cemitério. Não era um cemitério normal, não, isso era só uma figura de linguagem para descrever todos os carros amontoados e parados as pressas a nossa frente. Provavelmente os moradores de Nova York devem ter tentado fugir para um estado sem muita densidade populacional, e deviam ter sido vítimas de um massacre canibal. A cidade estava infestada de corpos moribundos, nenhum graças a Deus vivo, ou morto. Tanto faz. Nenhum se mexia, mas ver aqueles corpos apodrecendo no chão e nos carros me fez dar uma parada brusca.
-Ei, você está bem? -Biel perguntou, segurando meu ombro.
-Não podemos continuar. -eu digo, me desviando da pergunta. -Pelo menos não de carro.
-Podemos mover os carros e criar uma passagem. E aproveitar para ver se tem combustível em algum, logo o nosso acaba.
-Boa ideia. -eu digo, virando a chave na ignição e desligando o carro. -Preciso mesmo ficar andando entre esses corpos. Dany, Louise, por que não procuramos algo útil dentro dos carros?
As duas assentem, e saímos do carro, seguidas pelos meninos que se deslocam para uma BMW parada transversalmente na passagem.
-Minha tia morava na Pensilvânia . -Louise quebra o silêncio. -Era irmã de mi mama. -ela deixa transparecer um pouco seu sotaque.
Não presto atenção no que ela diz, quando percebo que de algum lugar eu estava sendo observada. Olho para os lados, aflita. A voz alta e estridente de Louise ecoava em meus ouvidos.
-Cale a boca. -eu digo para ela. -As duas. Estou ouvindo alguma coisa.
Elas ficaram totalmente quietas, e eu peguei uma das machadinhas que eu tinha achado na garagem de meu pai. Levanto o objeto na altura da cabeça. Louise estava desarmada, e Dany estava com um martelo. Penso que não deveríamos ter saído peladas, sem armamento. Entro na frente de Louise e ficamos em roda, girando.
-Não abandonem uma as outras. Vamos ir juntas até o carro.
As meninas assentem, e vamos seguindo em formação. Antes que consigamos andar mais de um metro ouço um ruído atrás de mim seguido pelos gritos de Louise.
Um zumbi estava atrás da menina, se aproximando em uma velocidade relativamente rápida para um morto.
Eu avanço com minha machadinha na cabeça do morto vivo, o decepando. Por mais que eu já tivesse feito isso antes, continuava estranho. Ouço um barulho semelhante ao que eu tinha acabado de fazer e olho para trás. Dany estava com o machado pesado (e que com aquele tamanho de anão eu não fazia ideia como ela estava conseguindo carregar), pendendo ao lado do corpo, que por sua vez estava sujo de sangue. Vi um corpo morto no chão, decapado, e conclui que aquele tinha sido o primeiro zumbi a ser morto por Dany.
-Ok, vamos correr. Pode chegar mais dessas coisas. -eu digo. -Dany vai na frente. Louise siga ela, eu dou cobertura.
Porém incrivelmente conseguimos chegar ao lugar onde nosso carro estava sem grandes surpresas.
-Que isso? -Robert se aproxima de Dany e analisa a roupa dela. -Encontraram zumbis? Meu Deus como fui burro! De agora em diante ninguém fica sem arma, se tivesse acontecido algo com Louise eu nunca me perdoaria...
-Eu estou bem, não sou tão fraca quanto vocês pensam. -ela apoia o braço num dos retrovisores do carro.
Olho para frente e a primeira pessoa que vejo é Nik. Em um primeiro momento ele parece estar rindo, mas do nada as pupilas se dilatam, e ele dá um urro. Ao mesmo tempo que ele grita, uma voz feminina extremamente irritante faz o mesmo, e quando olho para trás novamente, para ver o motivo da algazarra, meus olhos são atraídos para o braço de Louise. Um grande ferimento se encontrava entre o pulso e o cotovelo da menina. O ferimento jorrava sangue, e em baixo do braço de Louise, eu o vejo. Um dos zumbis mais feios que eu já vi, ainda mastigando a carne de minha amiga.
Não consigo pensar nesse momento, pego minha machadinha e parto a cabeça do bicho ao meio, ao mesmo tempo que Robert corre para Louise, junto com Nik, que provavelmente estava em choque.
Vejo o corpo de Louise cair com um baque no chão, e então eu ajoelho perto dela.
-Não morra. -eu digo, pegando a cabeça pendente dela.

Oi amores tudo bem? Sei que demorei para atualizar a história but I'm back! O que acontece é que estou em época de prova, último bimestre, e daqui a pouco é férias, ou seja, vou fazer muitos capítulos e especiais. Espero que tenham gostado desse capitulo, me desculpem por não ter atualizado mais cedo. Um beijo, um queijo
-A

PS: Tadinha da Lou! O que será que vai acontecer com ela no próximo cap? Muahauhauaha

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