Capítulo 6- Mentirinhas.

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Não dormi direito a noite toda, pensando no dia seguinte. Ok, eu já deveria ter passado dessa fase. Tenho quase 18 anos e estou parecendo uma adolescente maluca apaixonada. Deve ser porque eu não tive essa fase. É, isso ai. Nunca me apaixonei, nem gostei e nem senti aquele frio na barriga por alguém. Me julgue.

Eram quase 6 horas e eu resolvi levantar e ir tomar um banho. Entrei no chuveiro de roupa e tudo. Estava exausta. Tentei dormir varias vezes durante a noite, de todas as formas possíveis. Nada funcionou. Depois de ter tomado o banho, fui em direção à cozinha pra comer alguma coisa. Maçã, adoro maçãs. Ótimo. Sentei na cadeira perto da bancada enquanto comia, vi minha mãe descendo pelas escadas e tomando um susto por me ver ali.

-Lua, o que faz aqui?!

-Não consegui dormir direito...

-Porque filha?

-Sei lá.

-Já está até pronta...

-É...pois é.

-Ainda falta um tempo filha, quer ir deitar um pouco?

-Vou só ir pro quarto... Papai já acordou?

-Sim filha.

-Tá...

Fui em direção ao quarto dos meus pais, batendo na porta antes de entrar e ouvindo um "entre" meio rouco do meu pai.

-Oi pai...- disse indo até ele.

-Filha! Já está de pé?

-Pois é... Só vim dar bom dia mesmo...

-Quer uma carona filha?

-Não!- eu disse, meio alto demais. Deus, que droga.- Desculpa... Eu vou com um amigo...

-Amigo?

-É pai, amigo.

-Sei.

-Tchau pai, bom dia!- disse saindo do quarto apressada. Jesus, Lua, para de dar mancada.

Fui para o meu quarto, passando pelo criado mudo ao lado da minha cama e vendo uma luz vermelha brilhando. Estranho, bem estranho. Abri a gaveta de onde o brilho saia, mas não havia brilho algum...somente meu colar e algumas maquiagens que deixava ali. Ok. Estou oficialmente louca. Aproveitei pra colocar o colar em meu pescoço e pegar um batom, rímel e lápis de olho. Fui em direção ao banheiro e passei o lápis de uma forma bem simples e o batom, minha boca era bem desenhada então só precisava de cuidado pra não borrar, já que eu era meio anta com isso. Passei o batom, um vermelho forte, quase vinho. Sorri olhando para o espelho, cores fortes combinam com a minha pele... Procurei meu celular, já que tinha o perdido mais uma vez. Eu gostava de guardar recordações, memórias. Essa é a primeira manhã em que o Jhin vai vir aqui, pra irmos juntos à escola. Sei que já fomos juntos ontem, mas hoje vai ser de proposito. Quando consegui achar o celular, que estava no chão embaixo da cama, tirei uma foto, fazendo uma anotação mental para revelar ela e guardar no meu diário de memórias. Ridículo, eu sei.

-Filha?

Era minha mãe entrando na porta. Nem percebi a porta abrindo...

-Oi mãe.- eu disse, sorrindo pra ela. Ela parecia surpresa com a maquiagem, e sorriu pra mim também.

-Você ta linda filha.

-Brigado mãe...

-Mas porque disso?

-Só senti vontade...

Vi Lynn passar pelas minhas pernas, e peguei ela. Fiz carinho, abracei, apertei, ela miou e se aconchegou no meu colo. Tinha dormido nos meus cabelos, e quando eu virava ela resmungava. Minha mãe se aproximou, fazendo carinho na pequena gatinha no meu colo.

Minha mãe saiu do meu quarto e, algum tempo depois a campainha tocou. Será que era ele? Peguei a mochila e sai correndo, passando rápido pelo minha mãe que estava indo abrir a porta.

-Eu abrooo!- eu disse, e abri. Dando de cara com um sorriso no rosto do garoto alto na minha frente.- OI, Jhin.

-Oi, Lua.

-OI JHIN!- minha mãe praticamente gritou, eu nem tinha percebido que ela estava ali e acho que o Jhin também não.

-Oi, dona Elisah.

-Sem o dona por favor, quer tomar um café?- minha mãe disse e eu sai empurrando o Jhin.

-Estamos atrasados. Beijo mãe!

-Tchau Elisah...!

-Se cuidem!

Daqui a alguns dias ela convida ele pra jantar aqui. Caramba. Parece que ela gosta dele, isso é bom?

-Como você tá?- ele perguntou, quando estávamos chegando no ponto de ônibus.

-Bem... E você?- menti, estava exausta. Ele me olhou de um jeito estranho.

-Parece cansada.- ele disse, revirei os olhos para mim mesma.- Estou bem.

-É, talvez eu esteja um pouco cansada.- eu disse, não tinha porque de mentir pra ele. Quer dizer, mesmo ele sendo o fato de eu não conseguir dormir... Mas ele não precisa saber disso.

-Não dormi a noite toda.- ele disse, me assustei com aquilo. Ele não parecia cansado.

-Sério? Porque?- perguntei, sentando no banco do ponto de ônibus.

-Pensamentos.- ele disse, depois de pensar um pouco. Poxa, e o resto? Eu sou curiosa!

-Ruins?- perguntei, e ele sorriu.

-Não. Bons. Muito bons.- ele disse, sorrindo. Queria saber que pensamentos eram esses, mas resolvi não falar nada.

Vejo o ônibus parar e entro, dou bom dia ao motorista e ao cobrador. Sento no último banco, e Jhin se senta logo depois.

-E você? Porque esta cansada?

-Érr...- o que eu digo? Fudeu.- Sei lá. Só não consegui dormir...

-Você mente mal.- nisso eu tenho que concordar.

-Ok. Eu tava pensando numas coisas e acabei ficando acordada a noite toda.

-Que coisas?- poxa, eu não tinha perguntado no que ele ficou pensando.

-Coisas boas.

-Eu?- ele disse, sorrindo. Arregalei os olhos e ele sorriu mais ainda.

-Jamais.- menti.

-Mentirosa.

-Teu cu.

-You show me hell in the most beautifil light, your lies disguised as alibis... Oh oh oh... You know you're hell behind your beautiful eyes, a feeling I can't fight...**- ele começou a cantar baixinho. Tinha uma voz bonita... Eu conhecia essa música. Ele me olhou e sorriu. Fechei os olhos e senti meus demônios dançando dentro de mim.

**Você me mostra o inferno na luz mais bonita, suas mentiras disfarçadas de álibis... Oh oh oh... Você sabe que o inferno é atrás dos seus belos olhos, um sentimento que eu não posso lutar...

A Filha de Lúcifer.Onde histórias criam vida. Descubra agora