-Tu tá em qual planeta?- Jhin me pergunta, no meio da aula de história do último período de aula daquele dia.
Eu estava prestando atenção, até certo tempo. Acabei me distraindo, e encarando a parede. Fiquei pensando que não consegui dormir porque ele não saia da minha cabeça, que aquela música que ele tinha cantado era familiar demais e que eu queria muito saber porque ele tinha cantado aquilo.
-Aquela música, que tu cantou no ônibus, qual o nome dela?
-Reprobate Romance. Porque?
-Queria saber...
-Gostou?
-Acho que já conhecia...
-Não, quero saber se gostou da minha voz.- comecei a rir baixinho.
-É, tu canta bem.- respondi ainda rindo. Ele sorriu, e o amaldiçoei de todas as formas possíveis por ter a droga do sorriso tão bonito.
-Você também, Lua.
-Como assim?
-Esqueceu que te ouvi cantando?
Ai, droga... Esqueci sim.
-Ah é, tinha esquecido...- queria enfiar minha cabeça num buraco. Meu deus.
-Senhorita Smith? Poderia dizer o motivo da conversa entre você e o senhor Carter?- a professora perguntou, e eu fiquei com mais vergonha ainda.
-Não tem motivo algum, professora. Só estávamos conversando sobre o trabalho que a senhora tinha passado na última aula.- Jhin se adiantou e falou, e a professora sorriu de uma maneira falsa. Voltou a explicar o conteúdo e nem olhou mais na nossa direção.
Jhin sentou do meu lado durante todas as aulas, o que foi algo bem legal. Não vai rolar nada entre a gente, então é ótimo ter ele como um amigo. Ele me convidou pra ir na casa dele, estranhei a principio mas aceitei.
-Vamos andando hoje?- ele perguntou, e eu me assustei. Era longe demais pra ir andando.
-Que? Pirou? É longe pra caramba.- eu disse, com os olhos arregalados.
-Vamos!- ele fez a carinha do gato de botas, e eu me derreti.- Por favoooor?!
-Tá... Mas eu tenho que ligar pra minha mãe pra avisar que vou chegar mais tarde...
-Tá, liga aí. Eu vou ali comprar umas coisas...- ele apontou pro mercadinho do outro lado da rua.- Já volto.
Ele saiu correndo e eu peguei meu celular dentro da mochila. A rua em que a escola ficava era uma avenida super movimentada, com uma espécie de mini calçada separando os dois lados da rua. Vi Jhin parado na mini calçada e, quando ia digitar o número da minha mãe, olhei pra frente e vi Jhin ser atropelado por um caminhão. Gritei, me assustei e quase sai correndo mas, no momento em que fechei os olhos e abri, depois do que pareceu ser uma eternidade, Jhin ainda estava na calçadinha mas agora estava me olhando assustado. Foi apenas coisa da minha cabeça. Ele correu de volta na minha direção e me olhou preocupado.
-O que aconteceu?
-Achei que tinha visto uma coisa, e me assustei.- o abracei em um impulso, e ele retribuiu o abraço.
-Calma, tá tudo bem.
-Desculpa...
-Não precisa...- ele me abraçou mais forte.- Já ligou pra sua mãe?
-Não...
-A gente espera o próximo ônibus, porque a gente já perdeu o nosso. Liga pra ela.- ele me soltou devagar.
-Vamos andando... Por favor...- pedi. Ele me olhou preocupado e eu sorri de uma forma convincente, pra mostrar que já estava melhor. Olhei pros lados e tinham algumas pessoas falando baixinho, enquanto me olhavam. Abaixei o rosto e Jhin segurou minha mão. Me assustei, a principio. Olhei pra ele e ele também parecia um tanto quanto assustado com isso, mas não soltou minha mão. Nós atravessamos a rua e ele entrou no mercadinho. Fiquei do lado de fora e peguei o celular, ligando pra minha mãe.
*Ligação.*
-Oi filha.
-Mãe, eu vou chegar um pouco mais tarde...
-Porque filha? Que houve?- ela perguntou parecendo preocupada.
-Vou ir andando com o Jhin. A gente vai direto pra casa. Perdemos o primeiro ônibus e vamos ir a pé.
-Mas está tudo bem?- minha mãe perguntou do outro lado da linha. Ela estava sorrindo. Dava pra perceber.
-Sim mãe. Tá tudo bem. Porque que a senhora tá rindo dona Elisah?
-Você faz com que eu me sinta velha, Lua. Não estou rindo, filha. Mande um beijo para o Jhin e diga pra ele vir me dar um oi, e talvez almoçar com a gente!
-Mãe não exagera. Beijo, até daqui a pouco.
-É pra falar, mocinha. Se cuidem, beijo filha.
*Fim.*
Fiquei esperando Jhin aparecer e revirando os olhos lembrando da minha mãe falando. Caramba. Ela tava pensando o que? Dai daqui um tempo ela convida ele pra dormir lá em casa, e morar, e casar comigo.
-Ela tá ficando doida...- disse baixinho pra mim mesma, e me assustei quando vi o Jhin do meu lado.
-Ela quem?
-Minha mãe. Tu quer me matar do coração?
-Não. Te assustei?
-Sim!
-Desculpa.
-Tudo bem...
-Olha...- ele me entregou uma sacolinha com água, refrigerante, salgadinho e uma barra de chocolate branco com cookies (que eram meu chocolate preferido) e chicletes. Me assustei. O que era aquilo? Compras do mês?
-Que isso?- perguntei, e ele pareceu concentrado na outra sacola na sua mão.
-Tu gosta de coxinha de frango?
-Gosto. Que isso?- perguntei de novo. Eu amo coxinhas de frango, que tipo de pergunta era aquela?
-Tá. Que bom. Pega.- ele me entregou um pacotinho com duas coxinhas dentro e sacudiu outro pacote idêntico na minha frente.- Eu prefiro as de carne.
-Tá, mas pode parar de me ignorar e responder?- perguntei de novo, já um pouco irritada. Imitei ele e sacudi a sacola na frente dele.- Que isso?
-É pra gente ir comendo no caminho. Tu não tá com fome?
-Tô mas não precisava disso tudo.
-Andar me deixa com fome, e a gente vai andar bastante.
-Ok então.- revirei os olhos e sorri, ele era legal.- Minha mãe te convidou pra almoçar lá em casa.
-Que ótimo! Eu aceito.
-Sério?
-Sim. Porque?
-Sei lá...
-Se quiser eu não vou.
-Não! Tudo bem, só achei estranho.
Fomos andando devagar e conversando. Foi divertido, apesar do sol forte. Tivemos que parar em um mercado pra comprar mais água, pois a nossa já tinha acabado.
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A Filha de Lúcifer.
General Fiction"Era só um bebê quando sua mãe, Lilith, a deixou nos braços de um anjo que a levaria embora para longe, com medo da ira de Lúcifer. O que não adiantaria muito, pois ele iria querer sua filha de volta..."