— Então, é o seguinte. — Ele começou... — Eu só vim aqui numa boa dizer que estou realmente arrependido do que eu fiz.
— Olha só, menino! — Exclamei já começando a ficar exaltada até que o menino cujo nome eu não sei me interrompeu. Ele ficou me encarando com aquela cara de "estou nem aí" que só ele sabe fazer e prosseguiu sendo frio e objetivo.
— Não gosto que me interrompam. — Esse garoto é muito ruim mesmo, sinto vontade de pular no pescoço dele. — Enfim, olha aqui, ô estrassadinha. Eu já disse que estou aqui numa boa, eu realmente me arrependi muito do que eu fiz então é por isso que eu vim te devolver seus pertences. — Ele disse tirando uma mochila das costas. Era a minha! Graças a Deus.
Que tipo de marginal rouba e devolve o que roubou?
— Era o mínimo que você deveria fazer depois de fazer o que fez. — Disse sem esboçar nenhuma reação enquanto eu pegava minha mochila da mão dele.
— Eu acho que você deveria me agradecer. — Ele disse tão sério e eu gargalhei como se aquilo fosse uma piada.
— Eu sinto pena de você, sabia? — Falei voltando ao meu estado normal. — "Você deveria me agradecer" — Eu disse o imitando fazendo uma voz de retardada. O mesmo não gostou e ficou me encarando com aqueles lindos olhos azuis, mas mesmo assim eu ignorei e continuei sendo irônica.
— Nossa, obrigada, menino cujo nome não sei. Muito obrigada mesmo! Não sei como te agradecer, você salvou a minha vida! Quer que eu beije seus pés? — Depois voltei ao normal e falei. — Ah, faça-me o favor, né? Você é idiota ou o que? Me rouba, faz eu passar um aperto dentro do aperto que já estou passando e ainda quer que eu te agradeça por ter me devolvido meus objetos pessoais. Esse era o mínimo que você deveria ter feito mesmo.
O menino se sentou no banco que eu estava sentada e deu um sorriso de lado enquanto olhava para baixo. Sabem aquele sorriso que a pessoa dar quando está incrédula de algo? Então...
Entretanto, tinha algo bom nisso. Eu consegui ver que ele tinha uma covinha.
Meu Deus, como um ser humano tão lindo pode ser tão imprestável que nem ele?
— Sabe o que eu acho engraçado? — Ele disse me olhando e tirou seu incrédulo sorriso do rosto. — Uma menina que nem você toda cheia de marra ser tão medrosa. Eu não sei se você lembra, mas uns dias atrás seu corpo estava sendo pressionado contra uma árvore enquanto você me implorava para não levar as suas coisas.
— Sabe o que eu acho engraçado? — Disse olhando para ele. — Um garoto que nem você sair por aí roubando as coisas dos outros. Isso que eu acho engraçado, ser humano desprezível.
— Ser humano desprezível? Primeiro, eu tenho nome e é Diego Dallas Halstead. — Afirmou seu nome em um tom de superioridade e eu pasmei. — E segundo! Eu já pedi perdão para você. Primeira e última vez que eu faço isso na vida!
— Vou pensar no seu caso. — Disse fazendo charme.
Ele soltou uma risada e disse:
— Você é frágil, querendo ou não. Ou aceita meu pedido de desculpa ou durma pensando no fato de ter sido tão rancorosa a ponta de não perdoar um ser humano.
— Talvez eu durma pensando em você. — Deixei escapar fútilmente.
— E eu durmo pensando na minha grana. — Ele disse sendo super seco e foi embora.
Quando ele se foi eu fiquei ali sentada pensando na besteira que eu falei.
Nossa, Amanda! Você é um lixo mesmo, só a pessoa sendo muito idiota para dizer isso para um marginal. Só porque ele é bonito? Ah, me poupe. Seu novo amigo Daniel também é lindo e ainda por cima é uma ótima pessoa. Pode parando com isso agora! Ou vai se tornar mais uma daquelas meninas fúteis que só ver aparência? Eu hein. Espera aí... Como eu estou "falando" comigo mesma na terceira pessoa? Amanda, para de ser retardada, pelo amor de Deus.
[...]
No dia seguinte, eu acordei super feliz por ter recebido minhas coisas de volta. A pessoa acorda na rua e ainda fica feliz, essa sou eu. Mas enfim, acreditam que ele não usou nada meu? Nem mesmo o dinheiro?
Fiz minha higiene matinal naquela barzinho do primeiro dia e saí, fui até a lanchonete onde Daniel trabalhava e quando cheguei lá estava ele sozinho sem o patrão.
— Hoje é por minha conta. — Eu disse super animada enquanto colocava uma nota de cinco dólares em cima do balcão.
— Uou, vejamos o que o dinheiro faz na vida das pessoas. — Ele disse rindo enquanto pegava um guardanapo para pegar o lanche.
— Acredita que o menino que me assaltou foi lá na praça onde eu fico devolver minhas coisas? — Eu disse já no tom de voz de quem está contando aquele "babado."
Daniel fez uma cara de quem estava extremamente surpreso e disse imitando uma menina:
— Nossa, amiga! Sério? Me conta mais sobre isso. — Ele disse e nós dois caímos na gargalhada ao perceber a palhaçada que ele acabara de fazer.
— Sério! — Eu disse e logo depois mudei de assunto e comecei a falar realmente sério naquele momento. — Estou precisando de emprego, será que não tem como você me indicar um lugar onde esteja precisando?
— Você está aqui nos Estados Unidos ilegalmente? — Ele disse enquanto passava um pano em cima do balcão.
— Não. — Eu disse. — Já estava tudo planejado, porém seria só uma viagem.
— E agora você está morando aqui definitivamente, certo? — Ele perguntou, porém não aguardou respostas e continuou a dizer. — Creio que você não tenha nenhum visto de trabalho aqui dos Estados Unidos, o jeito seria fazer uns bicos mesmo. Sabe? Trabalho sem carteira assinada.
— E isso não é ilegal? — Eu perguntei preocupada, eu não entendia nada sobre isso.
— É nada. — Ele disse como não quisesse nada enquanto lavava o pano que acabara usar para limpar o balcão. — Eu mesmo faço isso aqui! Você ganha pouco, mas vai ter um emprego para se bancar.
Será?
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E aí, gatos e gatas? Gostaram desse capítulo? Então deixem um votinho e comentem aí o que acharam. BEIJÃO, AMAMOS VCS
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Babygirl (COMPLETO EM REVISÃO)
Storie d'amoreApós receber ameaças de seu padrasto e ser atormentada pelo mesmo, Amanda é forçada a sair de casa. Desesperada, a menina de 18 anos resolve largar o Rio de Janeiro e sair em uma longa viagem destino Chicago. Lá ela vive intensas situações e conhece...