C.1

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(Visão de Daniela )
- Acorda Theo! - eu disse animada.
- Não, tá cedo demais!
- Não senhor, pode acordar, são 9:00 e hoje é sábado esqueceu? O café é servido as 9:10
- Ok, sua chata... Como está o céu hoje? - perguntou algo um tanto quanto rotineiro para mim.
- Está lindo, azul claro e poucas nuvens... Você gostaria de ver
-  Pouco a pouco eu estou esquecendo como são as cores - suspirou triste enquanto saia da cama - Quero que chegue logo meus 16 anos pra fazer a cirurgia. Tomara que eu convença a diretora a deixar! Adoraria ver essa sua cara feia!
- Theo, quando por seus olhos em mim, você verá a próxima miss universo -  ironizei a fala
- Tá, ok - disse não convencido - Agora vai pra lá pra eu me trocar!
- Mas é claro, você nem vai saber mesmo!
- Daniela se eu souber que você olhou!
- Vai logo Theodor!
  Saímos de pressa do quarto e então descemos as longas escadas em caracol direto para a cozinha. Theo segurava no meu ombro, esticava a minha blusa florida, coloco então minha mão acima da dele para lhe guiar melhor.
  Assim que chegamos, acomodo Theo a minha frente, na verdade eu iria sentar à sua frente, mas uma enxurrada de crianças pequenas chega, então me sento ao seu lado. A comida é um tipo de mingau, mas está verde, meio gosmento. Assim que coloco na boca é uma bomba de açúcar e outro sabor que não consigo identificar, a outra cozinheira era mil vezes melhor, pena que agora ela só faz o almoço.
- Seu aniversário de quinze é daqui a duas semanas, não está feliz? Finalmente vai poder ir até o pátio comigo! - Theodor disse tentando me animar
-  É... Mas mesmo assim fica mais longe o sonho de me adotarem - escorre uma lágrima dos meus olhos, Theo não iria perceber mesmo.
- Por que o choro? Não precisa disso. Se você quiser - ele chega perto da minha testa e diz - continuar aquilo que começamos com 8 anos, eu ainda estou disposto - diz e deposita um beijo no meio dos meus olhos.
  Quando tínhamos oito anos, desenhei um mapa com todas as entradas e saídas, todos os horários dos funcionários e outras informações para podermos fugir.
  Nunca executamos o plano pois no mesmo dia que iríamos fugir, Daysi. Uma das minhas melhores amigas foi adotada com 9, achamos ainda tinha esperança. Então ficamos.
- Certeza? Quanto juntou esse ano? - Quando é aniversário de uma criança do orfanato do nosso piso ganhamos dinheiro e vamos de 2 em 2 com a supervisão de um superior até uma lojinha de conveniência aqui perto para comprarmos presentes. Eu tinha juntado de troco já 30 reais.
- Tenho 20, mas posso comprar o dinheiro de outras crianças.
- Como?
- Lembra que a a gente sabe onde que tem bolo? Na geladeira do diretor! é só dizer que vamos dar bolo pra quem dar dinheiro, e esses babões vão dar todo o dinheiro que quisermos.
- É uma boa ideia, vou pegar os horários dos funcionários, e você distrai a diretora da sala dela
- Ok, vai lá

(Visão do Theo)
  Pego minha bengala, e vou até a cozinha, taco meu prato no chão e por ter jogado com força, em mil pedaços ele se quebra. Me jogo  para o outro lado, pra não me machucar muito, só preciso que me levem até a enfermaria onde a diretora vai me atender.
  Pra falar a verdade o nosso plano estava mais completo do que nunca. Precisaríamos apenas saber onde e quando sair
  Tem uma casa que nunca ninguém sai, aparentemente está vazia, então vamos nos esconder lá e depois vamos ver se encontramos meu amigo Davi, ele me conhecia pequeno, agora ele deve ter agora 19 ou 21. ele poderá ficar com a gente até atingirmos maioridade... É um bom plano...

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