C.3

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  Após termos combinado tudo, os dias se passaram corriqueiramente. Até que o grande dia chegou
- Bom dia! Grande dia né? Animada? - Digo e deixo minha bengala a frente da cama de Daniela, sento em sua cama. Pelo o que eu ouço ela ainda está roncando, é melhor deixar ela assim, ficar acordada até tarde é uma tarefa difícil quando se acorda às 6 da manhã. Não que pra mim seja diferente, mas ela merece esse sono a mais. Levanto da cama e de repente sinto seu braço segurar no meu, logo ela fala sonolenta
- Só mais um pouco vai! Por favorzinho!
- Dorminhoca chata! Trata de acordar agora - digo contradizendo meus pensamentos.
- Tudo bem. Tudo bem, sem broncas já to de pé...
- Ok, já tá de malas prontas? E o dinheiro? Eu já falei que amanhã a gente vende bolo pra os garotos do piso de baixo e eles me deram 20 reais. Mais trinta seu e vinte a mais meu acho que está de bom tamanho né? 70 reais da e sobra pra passar um curto espaço de tempo.
- Dá sim Theo! Tudo está funcionando direitinho! Mal posso acreditar que vamos realmente sair daqui... - abri um sorriso bobo ao imaginar nós do lado de fora desse inferno

(Visão de Daniela)

  O dia passou rápido. Nada de especial aconteceu (exceto um bando de crianças irritadas com a falta de bolo). Quando chegou de noite, por volta das 10:00pm, fomos todos dormir.  Theo e eu obviamente ficamos acordados em nossos dormitórios. No meio da noite, quase 00:30, sai de meu dormitório e fui ajuda-lo com as suas roupas e a guarda-las em sua mochila escolar. Assim que acabamos, sentamos e esperamos o tempo passar. Conversamos um pouco sobre como seria a casa de Davi e como nós iríamos nos acomodar
  Finalmente chegou 02:59 Então respiramos fundo, e 03:00. Fomos descemos as escadas encaracoladas em silêncio, já dava pra ver que as câmeras congelaram através da lente. Então chegando ao refeitório eu tropecei, porém cai em cima da minha pequena mochila. Não fez muito barulho, logo levantei
- Está bem? Que barulho foi esse? - disse ele sussurrando
- Tá sim, vamos rápido.
- Ok. Rápido!
Chegamos até a porta principal, abri sem dificuldade ou barulho. Porém me deparei com um cachorro enorme. mais especificamente um pastor alemão, Acho que ele estava lá pra proteger de possíveis bandidos, pois assim que chegamos perto ele cheirou e foi voltar a seu posto sentado de frente pra rua. Mas assim que pisamos na calçada ele olhou e rosnou. Logo deu dois latidos ensurdecedores.
  Vejo as luzes do orfanato se ligando... Agora deu bem ruim, era correr ou ficar. Seguro bem firme a mão de Theo, seguro sua bengala e digo
- Pra correr tem que confiar em mim, isso vai fazer um barulhão - ele faz que sim com a sua cabeça entendendo que "isso" significava seu bem mais precioso. Sua bengala
  Seguro mais firme ainda sua mão e minha mala e sua bengala na outra e corremos pela avenida. Vários carros buzinando e chingando de coisas horríveis. Não me admira na verdade, não é todo dia que se vê dois adolescentes correndo numa avenida movimentada sem mais nem menos
Só paramos de correr quando encontrei uma espécie de bosque.
  Pelo visto ali era o local perfeito pra se esconder, só algumas horas.
  Me deparo com alguns brinquedos, como gangorra, balanço, casa na árvore... Casa na árvore? Seria perfeito para subirmos
- Theo, aqui tem uma casa na árvore, quer arriscar passar a noite aqui?
- Não temos escolha... Vamos arriscar
  Então subimos na casa. Por fora era Carvalho, até que estava em bom estado, mas por dentro era vermelho e tudo velho descascado, parecia que ninguém ia lá. Cheia de teia de aranha, mas não ligamos muito.
  Estávamos os dois viajando pelos próprios pensamentos até que o silêncio constrangedor foi quebrado pelo Theo:
- Vamos agora para a casa abandonada?
- Vamos não, os policiais devem estar indo exatamente pra lá. Acho que já pensavam que iríamos pra lá. Não sei se nosso plano cobria com essas falhas... Sinto muito, agora não temos pra onde ir, sinto muito mesmo - digo e o abraço.
- Eu acho que não tem problema, vamos bolar outra coisa
  De repente ouvimos de onde estamos um "CRAK" acho que um galho se quebrou, mas o que seria? Com certeza todas as opções indicavam o nosso fim. E então entramos em pânico sem saber o que fazer... Respiro fundo preparando um discurso imenso...
  Está meio escuro, mas ainda sim, aperto os olhos me deparo com um menino pálido de cabeça pra baixo no "nosso" telhado da casa, aparentemente ele tem 17/18, não mais que isso, seus cabelos negros como a escuridão, tão lindo... Acho que ele disse alguma coisa antes de eu desmaiar... "Go to sleep" ou algo assim

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