C.10

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(Daniela aqui)
Eu sequei as lágrimas e esperei, esperei e esperei mais ainda... Até que uma vela acende sozinha, não vi ninguém ali dos lados, volto a chorar pois a qualquer momento eu vou morrer, e isso é certo, seguro minha mão no chão e levanto. Chego então. Mais perto, ela é vermelha, pequena e dentro de uma espécie de tampa de metal. Chego mais perto e então olho pra trás bruscamente, ele está ali. Atrás de mim, respirando rápido, como se estivesse curioso com olhos fechado eu vou me aproximando da parte mais escura da cela. Quem sabe ele não me vê? Mas logo tropeço e caio de bunda no chão. Algo inexplicável acontece então. A criatura me estende a mão, e não é só isso. Ele se agacha até onde meus olhos estão e diz
Jeff: Quanto tempo heim Daniela?
Daniela: Por favor não me mate, eu não tenho nada pra te oferecer em troca, mas por favor não me mate, eu não mereço isso eu quero fazer várias coisas ainda, eu quero aprender a andar de bicicleta, casar, ir ao Canadá, ver o film... - ele não me deixa terminar e diz.
Jeff: Eu não posso te matar, por mais que eu queira, eu não posso. - sorriu de lado levemente enfurecido.
Daniela: Por que não? Você nunca deixa vítimas vivas pra contar a história!
Jeff: Eu sei, essa é minha história! - ele parece irritado - mas quando eu tentei te matar pela primeira vez, não deu certo, por alguma razão você não morre ao me ver!
Daniela: Ao te ver?
Jeff: eu escolho quem pode me ver, mas você... Você me vê sem perdição mas não morre. Como você faz isso? Eu sou imune a qualquer tipo de magia desde universo, você nunca poderia ter me visto, como você faz isso?- ele segura minha mão e chega perto de seu corpo suado.
Daniela: N-não sei, mas eu juro que eu nunca queria te-lo visto!
Jeff: Você ainda pode me tocar... Você pode me tocar. ME TOCAR! - diz em tom triste/irritado/bravo. - escuta menina, eu não posso te matar, você pode me ver e me tocar. O que planeja fazer?
Daniela: Agora nesse momento?
Jeff: Sim - diz em tom sério.
Daniela: Fugir e não te ver mais
Jeff: Espera um pouco. Eu sei como faz isso. Você não usa magia deste universo, você é de outro local do espaço, diga-me criatura insolente, de onde és?
Daniela: Daqui mesmo até onde sei...
Jeff: Então não vejo outra escolha - ele joga sua faca suavemente sobre minha coxa direita - se mate.
Daniela: Oi?
Jeff: Não ouviu? - ele perguntou ingênuo - se mate, crave a faca em seu pescoço até você sangrar e morrer - coloca uma leveza no final como se fosse algo normal
Daniela: E por que eu faria isso?
Jeff: Já vi que você não conhece nada sobre Creepypastas... Pelo menos já leu algum?
Daniela: Pasta o que?
Jeff: Eu poderia colocar minhas mãos em seu pescoço até você morrer... É vamos tentar... - ele chega perto e coloca as suas mãos geladas e grossas em meu pescoço, mas não sinto nada. Como se ele estivesse somente segurando meu pescoço. Ele olha levemente espantado para meu rosto e chega perto com o mesmo, como se estivesse me estudando, fecha seus olhos levemente e diz.
Jeff: A escolhida não é ruiva, não pode ser você.
Daniela: Escolhida?
Jeff: Isso - ele diz com a mesma ingenuidade na sua voz - a garota que vai me fazer parar de matar, ela não é ruiva - ele saca algo de seu bolso - Aqui - ele me mostra um desenho num papel sulfite amaçado, mas não era possível - é essa aqui - aponta para o desenho
Daniela: Carol? Vocês se merecem boa sorte.
Jeff: Sim, ela é tão bonita, perfeita, suave, linda, olha seus olhos, olha pra esse rosto. Você nunca seria a escolhida, você é só você mesmo.
Daniela: Ah claro, queria muito que um assassino gostasse da minha cara - disse tentado esconder meu imenso ciúmes.
Jeff: É... É.. - disse olhando para o desenho, como se não prestasse atenção em nada do que eu disse - ele é realmente muito inteligente, conhece todos os contos sobre mim e - não sei o que deu em mim, mas ao ver ele falando dela me deu um pensamento repentino de beija-lo, e logo depois volto ao estado normal da minha existência...
Daniela: Eu ainda estou aqui sabia?
Jeff: Mas você... Você não é a escolhida. Nada demais em seu rosto, em sua inteligência ou nada de especial... - não isso foi demais, me aproximo dele e seguro seu rosto, me aproximo ainda mais o beijo, bem levemente, somente um selinho, mas ele logo coloca sua língua em minha boca. Ficamos nos beijando até perder o fôlego. Maldito fôlego.
Daniela: Por que mesmo eu não sou a escolhida?
Jeff: Por que seu beijo é bom, mas quando eu te beijei a maldade em meu corpo não se foi, ela apenas desapareceu e voltou, ainda tenho cede de sangue
Daniela: Me chamou aqui apenas pra me esculhambar ou tem algo a mais?
Jeff: A propósito eu matei todos que estavam atrás de você, tirando as crianças. Por que eu não sou tão sangue frio assim... Mentira sou sim... - Riu como se fosse a piada mais engraçada do mundo.
Daniela: Oi? - quase que meu coração para.
Jeff: Eu falo tão baixo assim?
Daniela: Por que você matou eles? Você tem noção do que fez? Seu psicopata bizarro. Você precisa de tratamento psiquiátrico seu infeliz, você é um monstro!
Jeff: Uma pergunta por vez mocinha, "por que você matou eles" bom, não te devo explicação. "você tem noção do que fez" sim, eu matei nada de extraordinário...
"Você precisa de tratamento psiquiátrico seu infeliz" não obrigada...
Daniela: seu sínico de merda, que nojo de ter te beijado, você é nojento!
Jeff: O termo exato é assassino, mas nojento serve.
Daniela: E por que você não matou Theodor?
Jeff: Ele é fofinho, já ouviu ele pedindo socorro? Chego a rir...- lança uma gargalhada parecendo o coringa
Daniela: você é a pessoa mais bizarra de todos os tempos, e não vai conseguir a Carol assim eu posso te ajudar se você me deixar em paz assim como meus amigos.
Jeff: Não preciso da sua ajuda pra porra nenhuma... Eu sou Jeff the Killer, quem é Daniela na fila do pão? - ele dá uma risada.
Daniela: Que?
Jeff: Aprendi essa com a Vitória, ouvi a conversa dela com si mesma perguntando quem era Daniela na fila do pão. Achei que fosse uma gíria...
Daniela: Claro... Agora me tira daqui, e não me siga mais por favor...
Jeff: Você não acha mesmo que você falando alguma coisa vai mudar né?
Daniela: Eu vou gritar - disse ameaçando.
Jeff: Nessa sala já estiveram, idosos, crianças, jovens, lutadores, cantores, estupradores, tudo que você possa imaginar. Eles gritaram até o último fio de voz saísse pela boca, espernearam até dormirem eternamente. Eu cortei todos os membros possíveis e imagináveis que se dá pra cortar com uma faca, chutei até eles implorarem pela morte. Por que você seria diferente?
Parei de respirar por um instante
Daniela: Você pode ser mais nojento do que a 10 segundos atrás?
Jeff: Sua cara de desprezo diz que sim - outra gargalhada.
Daniela: Me diz algo, você sempre foi assim? E seus pais? De onde você é?
Jeff: Somente a escolhida tem direito de saber disso.
Daniela: Ah, vai a merda!
Jeff: Não obrigado, estou muito bem aqui onde estou - disse com ironia, logo depois um sorriso de canto mostrando os dentes - você pode ir agora, mas tem que fazer um corte em seu braço, um em sua perna e outro em suas costas
Daniela: E por que eu faria isso?
Jeff: Você está imune, não seus novos amiguinhos... - disse em um tom claro de ameaça - você faz o que eu mandar!
Daniela: Fique longe de Mike! - falei em tom mais alto que o esperado, e com o dedo em seu rosto
Jeff: Mike? Já temos um escolhido para a não-escolhida...
Daniela: Não, você entendeu errado. Quer dizer, ah eu não te devo explicações. eu faço, mas não mecha com ele! Por favor!
Jeff: Vou ver se atendo seu pedido Não-Escolhida
Daniela: Para de me chamar assim! Que inferno! - revirei os olhos, por incrível que parece eu ainda estava com medo, gaguejei algumas palavras sem que ele percebesse. Eu ainda tremia.
Jeff: A propósito, faça fundo os cortes, eu não uso uma faca própria a toa.
Daniela: Por favor não me obriga a fazer isso - disse com água em meus olhos - ou não quero - deixei as lágrimas caírem - eu não gosto disso, por favor me deixa ir embora, eu não quero mais... - dei um soluço de choro.
Jeff: Eu já matei crianças de 5 anos que sabiam implorar melhor do que você, implore mais uma vez quem sabe eu não te deixo livre dessa
Daniela: Por favor - disse entre soluços - eu só quero uma vida normal, ninguém nunca me dá essa chance, me deixa ir embora por favor, eu quero viver, eu não quero que essa faca me atinja, eu tenho medo de várias coisas, por favor não me obrigue a isso Jeff, por favor me deixe sair daqui ilesa, eu digo a todos que você mandou o recado, por favor, por favor Jeff. Eu não quero isso...
Jeff: Muito bem, terrorismo psicológico é muito demais... Eu uso e tempo todo
Deu um sorriso inteiro, logo depois pega a faca que estava sobre minha coxa e faz um furo em seu dedo. Começa a escorrer seu sangue. Ele segura meu braço e vira ao contrário, faz um "risco" em meu pulso
Daniela: Pra que isso?
Jeff: Meu sangue, uma marca dizendo que você não pode ser machucada por qualquer outro ser, quem violar essa regra estará sujeito a morte
Daniela: Existem outros?
Jeff: Sim, é com esse risco em seu pulso poderá vê-los também.
Daniela: Mas eu não quero!
Jeff: E desde quando você tem que querer algo?
Daniela: Justo... - paro por uns segundo e falo - o que você fez com a Vitória?
Jeff: Nada, ela nem ao menos falou aquilo, foi apenas um Zigf. Um monstro imitador
Daniela: Zigf? O que é isso?
Jeff: É um monstro, ele imita pessoas e sons. Sua forma real é um gato branco pequeno. Eu particularmente prefiro quando ele imita Cerberus, mas eu não decido a natureza né?
Daniela: Ah claro... - digo como se fosse a super especialista nesse assunto - Existem mais "Monstros"?
Jeff: Qualquer dia eu te conto
Daniela: Eu posso ter um Zigf?
Jeff: Eu não recomento tentar pegar um selvagem, mas você pode tentar, mas cuidado! Eles são traiçoeiros, se você pegar algum bem facilmente solte-o IMEDIATAMENTE, se não ele pode comer seus olhos. - percebo que isso foi um deboche a minha falta de conhecimento mitológico
Daniela: Oi?
Jeff: Você precisa de aparelho auditivo. Sinceramente
Daniela: Pegue um pra mim? Eu adoraria ver a cara de todos quando "Michael Jackson" cantar pra mim - digo e dou um leve sorriso pensando na possibilidade
Jeff: Não! se vira, eu já fiz mais do que o suficiente
Daniela: Claro... Eu posso sair agora?
Jeff: Sim. Adeus...
Logo desmaio novamente, e acordo em uma casa, ela é bonita parece grande. vejo um retrato de uma criança. Mike! Eu estou na casa de Mike! Finalmente vou rapar os buracos nessa história
Minhas roupas estão demasiado sujas de lama e algo verde, parece com a comida do orfanato, mas devem ser só folhas. Me sinto na obrigação de colocar outra roupa, mas não há de ter roupas femininas num armário masculino. Afinal, o quarto em que Mike ficava não deveria ter nada de feminino
Abro as gavetas e pego uma camiseta vermelha com a escrita "Dreams always Worth" e uma toalha, entro no banheiro e vejo que Mike dormiu em sua banheira para me deixar dormir na cama, isso foi realmente fofo. Me sento ao pé da banheira e cutuco-o
Daniela: Mike, posso tomar banho? Vai dormir lá na cama!
Mike: Acordou foi? - diz se espreguiçando.
Daniela: Espero que me perdoe eu peguei uma toalha e uma blusa sua pra por
Mike: Não está perdoada, sai da minha casa! - disse em som de deboche fechando os olhos - não pegou shorts?
Daniela: Não me senti no direito.
Mike: Pera aí eu pego, pode tomar banho - saiu da banheira e levou o travesseiro que estava deitado junto.
Daniela: Obrigada!
Tomo banho e lavo a cabeça, não me senti muito confortável pra fazer isso, mas de qualquer jeito eu precisava.
Saio do banho e me seco, coloco a camiseta que (logicamente) ficou imensa em mim, me sinto o Batman usando isso mas tudo bem, enrolo a toalha em minha cabeça e saio do banheiro.
Mike estava agachado procurando um short pra mim, mas não achou pelo visto
Mike: Sinto muito mas não achei nada - se virou e olhou pra mim - não sinto mais...
Daniela: Você é meio babaca né? - nós dois rimos
Mike: Isso foi o máximo que eu consegui - ele diz e segura um short boxeador roxo escuro muito feio.
Daniela: Pode ser... Mas assim, que fique bem claro que eu não achei bonito não!
Mike: Não achei também, eu ganhei da minha tia Catharine, vem com uma blusa, que eu acidentalmente ou não, deixei o cachorro comer
Daniela: Então tá bom né! - rimos bastante
coloquei o short e não pude pensar nos furos que a história de Mike tinha, então bem indelicadamente perguntei
Daniela: Posso te perguntar uma coisa? Como assim você foi parar na rua? Você mora na casa de David? Ele tá aqui? Essa é a casa dele?
Mike: Sim
Daniela: Sim o que?
Mike: pode fazer a pergunta - deu um sorriso meio falso de propósito.
Daniela: Fala pra mim!
Mike: Ok, eu te explico!

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