C.15

61 2 1
                                    

Theodor aqui

Eu acordo numa sala, onde, aparentemente é um hospital pois sinto o cheiro de medicamentos fortes e coisas novas. Não me lembro muito bem do que aconteceu, me lembro apenas do barulho de Daniela ao subir as escadas para encontrar Mike, depois do cara da pizza entrar e assustar todo mundo, e então acordar numa sala com cheiro de mofo e agora estou aqui. Que merda de vida está sendo ultimamente, Mike rouba toda a atenção que eu tinha de Daniela, e quando não é esse playboysinho sem caráter tem esse assassino. Jack, Jabby, Jaker, Jeff, ou sei lá eu. Só sei que eu vou precisar me recuperar um pouco, afinal eu não sei o que aconteceu. E se estou num hospital. Coisa boa não foi.
Alguém: Theodor, não é mesmo? - disse uma voz masculina perguntando meu nome no meio do nada, como se já estivesse lá. Sua colônia me lembra alguém, sua voz também.
Theodor: Isso mesmo, onde estou?
Alguém: Você está no hospital municipal. Eu sou o seu médico. Espero que se lembre do ocorrido, caso contrário as sequelas podem ter sido grandes
Theodor:  Sequelas? Não me recordo de nada não doutor.
Doutor: Bom, nesse caso, fique aqui. - disse ele e saiu apressado, como se já tivesse algo planejado, como uma criança que planeja uma festa com os amigos e esquece dos balões, e então tem que sair pra comprar com sua mãe com toda pressa do mundo.
Theodor: Eu tenho que me lembrar. Eu tenho que me lembrar... vamos Theodor. Pense...
Jeff: Não vai adiantar. Você não vai se lembrar - aquela voz assustadora no meu ouvido esquerdo - você vai somente se esquecer cada vez mais - e depois no ouvido direito.
Theodor: Mentira! Eu vou conseguir, eu vou!
Doutor: Com quem está falando Theodor? - falou fechando a porta, pois era o segundo barulho de fechadura rangendo.
Theodor: Eu falo sozinho as vezes...
Doutor: Haha, aposto que estava falando com Jeff - falou em tom irônico.
Theodor: Como sabe? - falei mais alto do que o planejado
Doutor: Theodor, é uma expressão, pra quando falam sozinho. Me desculpe se o ofendi.
Theodor: Estava apenas... - pigarros - brincando também.
Ouço seus passos chegando mais perto. Até que finalmente encosta sua mão no meu joelho, sinto uma dor forte, quase uma ardência.
Doutor: Ainda dói não é mesmo?
Theodor: Ainda? Doía antes?
Doutor: Você foi encontrado com o joelho virado na direção contrária, obviamente deveria doer, então você veio pra cá e fez a cirurgia, vai ficar tudo bem com você e seu joelho. Mas Ainda há algo me incomodando.
Theodor: O que?
Doutor: Seu exame não indicou nenhum tipo de droga que possa ter sido utilizada pra te dopar. Isso significa que vc estava apenas dormindo, mas isso seria impossível, afinal, sua perna estava nas suas costas e você não parecia sentir nada. Como se fosse um milagre.
Theodor: Mas eu não fiz nada doutor, eu juro, não me lembro de nada...
Doutor: Bom, mas nós não podemos te dispensar assim Theodor. Você é um enigma, terá de ficar aqui por mais alguns meses e aí sim estará liberado.
Theodor: Não obrigado, não aceito. Eu quero ir pra...
Doutor: Você não tem casa não é mesmo? Fugiu do orfanato e agora está aqui, na cidade vizinha. Sem ninguém.
Theodor: Como você pode saber disso e não me denunciar pra, sei lá o conselho tutelar ou coisa assim?
Doutor: Por que Theodor, eu conheço seu pai. Aliás, nós éramos muito amigos.
Theodor: Você é um monstro como ele? - disse com um nó na garganta, pois eu sei que se a resposta foi sim, eu estou ferrado, e se for não a indecisão vai continuar.

Daniela aqui

Daniela: Preciso tomar um banho, isso realmente não vai dar certo - digo para pelo apontando para o meu cabelo.
Pelo: Mulheres...
Daniela: E se fosse você coberto de molho inglês?
Pelo: Eu sou um gato, eu ia me lamber...
Daniela: Claro que ia... - digo olhando para ele que faz um cara de inocente
Pelo: Vai logo tomar banho, mas eu digo, acho melhor te levar até a casa de Jeff, afinal aqui não é muito confortável. E nem aprova de magia - falou analisando as paredes
Daniela: Ae? E iriamos até lá como? - falei como quem dá um cheque mate num campeão de xadrez
Pelo: Feche os olhos.
Daniela: Não! Chega de mágica! Me mostre como se faz...
Pelo: Eh... não! Feche os olhos.
Daniela: Aí que droga. - disse e fechei os olhos, por que a curiosidade é mais forte
Pelo: E já estamos lá
Abro os olhos e estamos num local lindo, as paredes tão brancas e limpas que se você olhasse direito, daria até pra ver o reflexo do seu pelo no nariz. Um sofá grande é espaçoso, sem muita necessidade por que ele não deveria trazer muitas pessoas, uma televisão pequena, talvez a sua tela fosse do tamanho da minha cara, bem antiga. Um tapete de urso bem branco e macio. Um cheiro de floresta cercava todo o local de um andar só, uma cozinha de dar inveja até nos mais experientes cozinheiros, quase como se fosse feita pelos maiores arquitetos de todos os tempos, quadros vermelhos por todos os lados e uma porta de carvalho na entrada.
Daniela: Por que sua casa é tão arrumada e limpa?
Pelo: Sujeira atrai trolls.
Daniela: E por que de tudo ser branco?
Pelo: Cores fortes chamam atenção de lobisomens
Daniela: E por que dos quadros vermelhos?
Pelo: Vermelho espantam fadas, Jeff não curte muito - demos uma risadinha.
Daniela: E esse cheiro. De floresta nova?
Pelo: Por que os vampiros não gostam muito de florestas.
Paramos de falar por uns instantes e logo depois Pelo me perguntou:
Pelo: Não quer ir tomar banho Daniela?
Daniela: Claro, quero sim por favor! Onde está o banheiro?
Pelo: Eu te levo, me siga
Fomos andando num corredor cheio de plantas de diferentes cheiros e cores. Incensos, e umas estátuas estranhas
Daniela: Aqui da pra perceber que Jeff tem seu lado supersticioso
Pelo: Sim, ele realmente não gosta de criaturas místicas. Ele prefere humanos...
Daniela: Posso considerar isso como um insulto?
Pelo: Talvez - disse parando em frente a uma porta grande com um ar misterioso.
Daniela: Pelo, que olhar é esse? Você está me assustando... - engoli seco.
Pelo: Por favor, entre. E olhe a terceira gaveta... - abriu a porta e ficou parado.
Daniela: Sério? Eu acho que eu vou fica por aqui - mas antes deu terminar a frase ele me empurrou para dentro do banheiro e trancou a porta
É meu fim com toda certeza, eu não tenho mais o que falar, eu estou apenas apavorada, por que eu sinto que tem algo dentro das gavetas...

Diferenças Onde histórias criam vida. Descubra agora