Cap. VII
Passaram dois dias, Santiago nunca se esquecera daquele dia rigoroso de inverno, chovia bastante e passava pouco mais das sete da tarde. Acabara de sair do banho e assim que se vestiu ouve o soar da campainha, tremeu e foi abrir, uma última olhadela ao espelho "aprovado" e abriu. Do outro lado tinha daqueles sorrisos típicos de Matilde, mas bastou para o deixar encantado e perplexo. "Não me vais convidar para entrar?" perguntou ela e ele, como que acordando para a vida, num gesto claro convidou-a a entrar. Mostrou-lhe a casa toda, deixando para o fim o seu quarto, ironia ou bastante direto? Coincidência ou propositado? Nunca cheguei a perceber, mas que calhou bem calhou, em cima da sua cama lá estava Thor, o seu cão, a coisa mais pachorrenta e querida que já vi, pêlo branco e de pouco porte, mas isto até lhe mostrarem os dentes, aí, como se atingido por um raio, tornava-se a coisa mais brincalhona que alguma vez viram, mas era exatamente isso que preocupava Santiago, de há três dias em diante Thor não brincava. Foi claro para Matilde, depois de o observar, estava ótimo de saúde, apenas queria uma companheira. "Que chato... Não tenho hipótese de lhe arranjar uma..." Matilde revelara-lhe que tinha uma cadelinha extamente da mesma raça, convidou-o para uma saída, aproveitavam e passeavam os cães. Matilde e Santiago, notava-se agora que ambos queriam o mesmo, sair, conhecer-se melhor... E depois de um jantar muito animado na companhia um do outro em casa de Santiago, começara a fazer-se tarde, Matilde dera-lhe o seu número e pedira-lhe que no dia seguinte ligasse.
Despediram-se no meio de sorrisos, dois beijos atrapalhados, ambos ficaram apenas e só com a lembrança com o perfume um do outro, os dois cheirando a roupa de sorriso estampado no rosto assim que a porta se fechara.
Entretanto Santiago não podia estar mais radiante, nem lhe passara pela cabeça dormir, só queria que o amanhã chegasse, não conseguia esperar, deitou-se, mãos atrás da cabeça, barriga para cima, impaciente, porém, teve um rasgo de inspiração. Santiago tinha um dom para o desenho que raramente usara e nunca partilhara com ninguém. Desenhou-a, mais realista era impossível, o se cabelo castanho, os seus olhos cor de mel, os contornos das suas maçãs do rosto, os seus lábios sempre brilhantes e suaves, nem grossos nem finos, estava linda como se de uma escultura se tratasse e era mesmo isso que a sua beleza representava para ele, uma escultura pela qual o seu coração se apaixonara, o seu psicológico... "É pena não poder desenhar o que tens dentro de ti... Seriam mais umas quantas maravilhas aqui representadas...".
Do outro lado, Matilde já em pijama com a luz ao colo, sentada de pernas à chinês na sua cama olhando para a lua lembrando aquele ar tão sincero de Santiago, os seus olhos pequenos e brilhantes, de sobrancelha definida e os seus lábios com contornos também definidos e a sua barba suave. "Porque penso tanto em ti? Porque só apareceste agora? O que vou fazer?" Eram perguntas que pairavam naquela pobre cabeça.
Matilde só esperava conseguir desta vez mostrar os seus sentimentos e aceitá-los, tarefa que nunca conseguiu até então, ambos suspiravam olhando para o teto, foram então dormir.
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Santiago - uma vida com direito a todos os sentimentos
RomanceHavia chegado a um novo ano, novo lugar, nova escola, nova vida. Santiago achava que se iria focar nos estudos e apenas nos estudos, mas será?