Respeito. (2)

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  Durante o jantar, Daniel e Eric conversaram sobre algumas coisas aleatórias.

- Então você é veterinário no centro da cidade a sete anos? tudo isso! Espera... quantos anos você tem? -perguntava Eric, pensando que Daniel tinha no máximo vinte e dois anos.

- Trinta e um! -respondeu rindo.

- Isso não é possível, você tem cara de adolescente, me conte agora onde está a sua fonte da juventude! -Eric estava completamente surpreso.

- Não tenho uma, apenas tento manter uma vida saudável.

- Incrível, com certeza deve ter muitas pessoas lhe desejando.

- Na verdade, não.

- Mas você é muito bonito. -disse colocando a mão no rosto dele.

- Obrigado, você é muito gentil. -Daniel reagiu como uma criança inocente, o que deixou Eric mais confuso.

- Não é gentileza, só estou dizendo a verdade... -ele acariciou os arredores do rosto de Daniel e se aproximou um pouco.

- Por que está me olhando desse jeito?

- Vou direto ao ponto, estou interessado em você.

- Como assim? -Daniel parecia realmente não ter entendido.

- ... Quero você e eu na cama. -ele ainda parecia não ter entendido e parou como se tentasse entender. - Sexo! Você é meio lento...

- Ah?! Caso não tenha notado, somos homens! -disse se levantando da cadeira.

- Eu notei, mas ainda não se tocou que eu sou gay?

- Entendi... Desculpe Eric, mas sou um homem de Deus e fiz votos de castidade.

- Castidade?!

- Sim, isso é algo muito puro e bom que todos deveríamos experimentar. -Daniel se mantinha tranquilo, como se nada de importante estivesse acontecendo.

- Não acredito, quer dizer que você nunca fez sexo? Ou já teve algum recaída, sei lá...

- Nunca fiz, e só vou fazer sexo depois do casamento, com alguém de mesma fé.

- Entendo, boa sorte! -Eric foi indo em direção a porta.

- Já vai?

- Sim, não quero atrapalhar sua castidade e acho que a presença de um gay não é muito legal para um homem de Deus.

- Isso não é problema, mesmo que minha religião seja contra relacionamentos assim, não quer dizer que eu deva ser um mal anfitrião com você, devemos amar a todos como a nós mesmos.

- Interessante ouvir isso, você parece ser uma boa pessoa, bom saber que nem todos são homofóbicos.

  Eric saiu da casa, bastante confuso, ele ficou tão perdido em seus pensamentos, que até se esqueceu de ligar para Lucas e passou a noite em claro, o que o fez dormir até tarde na manhã seguinte. Quando já era quase duas horas da tarde, Eric acordou com alguém gritando do lado de fora, foi ver quem era e acabou soltando uma risada, ao ver Lucas na casa ao lado.

- Tú matou meu amigo?! -perguntava Lucas encarando Daniel, que não entendeu nada.

- Lucas! Eu estou vivo, para de perturbar meu vizinho.

- Acho que me enganei, desculpa! -ele correu para a casa de Eric, enquanto Daniel tentava entender.

- O que estava fazendo? -perguntou Eric entrando com ele.

- Pensei que ele tinha lhe matado, você não atendeu minhas ligações!

- Não dormi direito.

- Hum!!! Estava ocupado? -perguntou animado.

- Não, ontem foi praticamente um fracasso.

- Por que? O que houve?

- Descobri que ele é religioso e fez votos de castidade.

- Nossa, conta tudo!

- Eu disse minhas intenções e ele contou o que era, foi estranho... mesmo depois de saber que eu sou gay, ele me tratou normalmente. -Eric estava diferente e Lucas logo notou isso.

- Aí meu Deus, o que está acontecendo contigo?!!!

- Do que está falando?

- Você está diferente, seu olhar, seu jeito de falar... Não acredito, você está amando ele!

- Não, isso não é possível!

- Está sim! Te conheço melhor do que a sua mãe, você nunca ficou desse jeito antes!

- Você está enganado!... só estou um pouco confuso! -Eric ficou nervoso.

- Calma... Se você diz, não sou eu que vou discordar, mas se eu estiver certo, quero que me pague uma coxinha.

- Claro, amanhã eu já vou ter esquecido essa história, você vai ver!

  Quem dera Eric estivesse certo, em vez de se esquecer, ele começou a pensar cada vez mais em Daniel e no que tinha acontecido, ele tentava simplesmente esquecer, mas só de ver aquele homem, de manhã regando o jardim, seus sentimentos se misturavam, causando uma grande confusão, ele não queria sentir nada, para respeitar a religião de Daniel, assim como ele respeitou sua sexualidade.

Amor e o desejo proibido. Onde histórias criam vida. Descubra agora