Algo inevitável. (12)

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  Eric abraçava Daniel, enquanto ele ainda chorava, não foi nada fácil contar tudo aquilo e quem iria esperar, que aquele homem tinha uma história daquelas?

- Por que não me contou antes? -perguntou Eric passando a mão nos cabelos dele.

- Tive medo, vergonha e tudo isso me deixa muito triste, eles morreram brigando comigo, minha família inteira se afastou de mim depois disso, me culparam... No hospital ninguém me visitou, apenas no último dia, minha irmã veio me ver, ela trouxe uma carta, que minha mãe fez na igreja, nela estava escrito, que o maior desejo dela era me ver como um homem de Deus...

- Que desgraça! -gritou Eric sem querer. - Queria ter lhe conhecido nessa época...

- Mas foi bom lhe conhecer agora, graças a você, estou tentando pensar que a culpa não foi totalmente minha e que ficar na igreja tentando fazer o que eles queriam, não vai trazer ninguém de volta, mortos não podem perdoar...

- E você, perdoou eles? -Daniel baixou a cabeça, mas em seguida levantou mais confiante.

- Sim, eu os perdoei.

- Isso é o que importa, seu coração é bom o bastante, para perdoar tudo que eles fizeram.

- Obrigado por acabar com essa solidão terrível que eu sentia... Mas temos um problema, semana que vem minha irmã vai vir me visitar e tenho certeza, que ela não vai reagir bem, ao descobrir tudo o que aconteceu.

- Não tem problema, se ela disser algo, lhe defendo com unhas e dentes, você agora faz parte da minha família e nela a gente briga, mas se tocar em um de nós, está perdido!

  Daniel sorriu e o abraçou, eles terminaram de comer, em seguida foram para o quarto, Eric não queria o deixar sozinho, sua principal vontade era manter Daniel seguro de qualquer tristeza. Eles dormiram na mesma cama, mas mantendo o respeito. De manhã acordaram juntos.

- Bom dia. -disse Eric dando um beijo na testa dele e levantando, mas Daniel o puxou pela blusa. - Que foi?

- Que preguiça.

  Afirmou sorrindo, Eric levantou e começou a puxar Daniel, mas o celular tocou e ele foi atender, pela conversa descontraída, com certeza era Lucas, ou Kaio.

- Ok, eu vou.

- Era um de seus amigos? -perguntou levantando da cama.

- Sim, o Lucas quer que eu vá na casa dele domingo, mandou levar você, não conta para eles, mas eu sei que estão fazendo uma festa surpresa.

- Mas seu aniversário é segunda.

- Lucas e Kaio sempre fazem isso, um dia antes eles me convidam para ir a algum lugar, quando chego, rola bolo, puxão de orelha e um balde de água na minha cabeça. -Daniel riu.

- Vocês são como irmãos mesmo, né?

- Minha família também não reagiu muito bem, ao descobrir minha sexualidade, claro que não foram tão ao extremo como os seus, mas principalmente o Lucas me apoiou muito, o Kaio conheci depois, tentei pegar ele, não vou mentir, porém tivemos um entrosamento tão legal, que só poderia acabar em amizade.

- Que bom!

  Ambos riram, Eric foi para a cozinha preparar o café da manhã, Daniel para o banheiro, ele estava mais aliviado depois de conseguir contar seu passado, mas havia algo o preocupando ainda.

- Eric... -disse saindo do banheiro. - Minha irmã vai vir me visitar na próxima semana, ela não vai gostar nem um pouco de saber, que eu estou namorando um homem e sai da igreja... -aquilo realmente o estava incomodando muito, não queria ter outra briga, mas era inevitável.

- Está com medo?

- É minha irmã, querendo ou não, a reprovação dela me deixaria triste...

- Tudo bem, então você quer que eu não me aproxime enquanto ela estiver lhe visitando? -perguntou meio triste.

- Não gosto de mentir, mas não sei como seria contar a verdade, em todo caso, não vou esconder o amor que tenho por você. -Eric sorriu e foi dar um beijo em Daniel, que se afastou um pouco.

- Não precisa contar assim que ela chegar, que tal primeiro sua irmã me conhecer e talvez ela até goste de mim?

- Eu aceito, apesar de duvidar desse milagre.

  Daniel sabia que sua irmã não ficaria feliz por ele, nem que estivesse fazendo tudo de acordo com o que lhe foi mandado, cedo ou tarde, aconteceria uma briga entre ele e ela, e se era para acontecer, que acontecesse logo.

  Como já estavam acostumados a fazer, tomaram café da manhã juntos e seguiram para seus trabalhos, a noite comeram e ficaram no sofá conversando, até se ficar tarde.

Amor e o desejo proibido. Onde histórias criam vida. Descubra agora