8 - Lola

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-Trazer a gente pra cá? Qual o sentido? - perguntei ao menino bode a minha frente.
-Sim Lola. Alguém queria que vocês encontrassem esse lugar nesse momento.. só não sei o por quê - ele disse, pensativo.
-Isso é loucura - disse Helena - Primeiro a gente junta um anel e um colar e vem pra essa casa e vê um cara em uma vassoura; depois vem você - disse apontando para o bode - e sabe o nosso nome e agora você diz que alguém planejou isso tudo?
-Se isso for normal pra você, ótimo, mas pra gente não é. Isso não tem graça - completei.
-Ei, ei, calma meninas - disse Larry, levantando as mãos - Eu sei que esse lugar deve assustar a primeira vista. E eu também não sou uma imagem muito agradável - disse apontando para suas pernas - mas não é ruim. Bem, só as vezes. Quase sempre, na verdade. Mas isso não importa - ele acrescentou rapidamente vendo minhas sobrancelhas arqueadas - Acho que vocês deviam falar com..
-Não - disse Helena, alto o bastante para interrompê-lo - Eu não vou falar com ninguém. Olha, menino bode, eu acabei de sair de uma detenção maravilhosa e ainda ouço coisas que não consigo entender. Eu não sei qual é o seu plano e nem onde eu tô, mas vou embora. Você vem Lola? - ela disse me olhando.
-Claro, mas, como vamos pra casa Lena?
-Se o anel trouxe a gente pra cá, ele vai levar a gente de volta. Passa ele pra cá - disse estendendo a mão. Tirei o anel do dedo e estendi, enquanto ouvia do menino bode.
-Meninas, eu sei que o momento não é bom, mas e se essa moeda levar vocês pra outro lugar? E se não funcionar?
-Se não funcionar, damos um jeito. Você não disse que era o protetor? - Helena perguntou levantando as sobrancelhas.
-Eu sou o protetor, mas..
-Vamos logo Helena - disse.
Helena tirou o colar de dentro da blusa e fez menção de juntar os dois. Rapidamente estendi minha mão junto ao anel - Não vai me deixar aqui né?
Ela sorriu antes de juntar os dois, e tudo que senti foi meu estômago se contorcer novamente e a visão ficar turva, deixando a imagem do menino bode para trás.

Quando abri os olhos, estava sentada no chão e aquela sensação horrível no meu estômago voltou, mas não era tão ruim quanto a primeira vez.
-Helena? Tá tudo bem? - perguntei quando a vi sentada no chão como índio, com a cabeça abaixada.
-Ah, não acredito que isso aconteceu de novo. É horrível. Onde nós estamos? - ela perguntou levantando a cabeça e olhando em volta. Fiz o mesmo.
-Lena, não estamos na..
-DEU CERTO! - ela gritou, se levantando depressa - ESTAMOS DE VOLTA. BEM NO MEIO DO CAMIMHO DA MINHA CASA E DA SUA.
-NÃO ACREDITO! - gritei me levantando e sorrindo.
-Finalmente. Não aguentava ouvir todas aquelas baboseiras. Claro que o cosplay do menino bode estava muito bem feito, mas ele era muito estranho.
-Não consigo acreditar no que ele disse. Como alguém queria levar a gente pra lá? Ainda mais nós. Mas é intrigante..
-Não posso negar que as palavras dele me assustaram, mas não era nada de mais.
-Acho que não deveríamos contar isso pra ninguém. Quem iria acreditar?
-Não vou contar. Não quero que as pessoas me achem doida. O anel está com você? - disse Helena, olhando para seu colar.
Neguei com a cabeça e virei-me para trás para procura-lo. Estava no chão, perto da guia. Me aproximei dela e abaixei para pega-lo.
- Vamos tratar de não aproximarmos. Vai saber o que pode acontecer se juntarmos elas de novo - disse colocando o anel de volta no dedo.
-Certo. Vou deixar isso escondido também - disse Lena, colocando o colar por debaixo da blusa - Vou pra casa Lolinha. Não quero deixar minha mãe sozinha por muito tempo.
-Claro. Te vejo amanhã?
-Sim. E cuidado.
Nos despedimos e seguimos para nossas casas, de lados opostos da rua.
Assim que cheguei, só minha madrasta estava em casa. Ela perguntou como foi meu dia, e respondi com um curto e direto "foi bom". Depois disso, ela foi tomar banho e lavar aquele cabelo enorme, o que me daria pelo menos uma hora em pmo

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