Capítulo 7: Meio Termo

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 Algo cai aos meus pés. Pequeno, encouraçado e meio triangular na ponta.

Eu não preciso chegar perto para saber do que se trata.

Está lá no olhar desafiador de Nia, nos seus olhos frios e calculistas e nas linhas de tinta circulando-os. Está na sua coroa metálica, no jeito como se senta naquele trono como se fosse a dona do mundo lá fora. Como se Lexa já não existisse.

Eu sei o que aquela peça é.

Uma arma para eu acabar com a única pessoa que tem presença de espírito para desafiar a rainha.   


A floresta se estende a nossa frente até eu achar que faz tanto tempo que eu vi a luz do dia fora da Nação do Gelo que ele voltou a ser o que era antes da raça humana existir: natureza pura. Meus pés tropeçam em mais uma pedra, culpa do meu corpo fraco e cansado. Faz horas que não paramos e eu sou a única caminhando com os braços amarrados a uma corda que Ontari segura como se eu fosse uma espécie de prêmio. È quando eu me sinto menos Wanheda do que é possível.

As vezes, eu imagino ouvir passos as minhas costas ou nas laterais, mas são só os sons da mata cheia de pequenos animais desfarçados. Mas eu sempre sou traída por mim mesma e quando vejo estou olhando alarmada para um lugar vazio, a não ser pelas árvores. Nesses instantes, Roan ralha comigo e Ontari puxa a corda e eu tropeço. Só posso desejar chegar logo onde quer que seja que estão me levando.

Até um momento atrás eu não sabia exatamente porque Nia tinha mandado me trazer para essa mulher chamada Niylah. Eu poderia ser deixada pessoalmente em Pólis por alguém mais próximo da rainha como Ontari e Roan. Seria o óbvio e melhor para ela se assegurar que eu chegasse no local combinado. Mas seria também muito fácil para alguém de Lexa notar quem me trouxera e isso seria levado como uma afronta e eles veriam a minha chegada com desconfiança.

Não, eu tenho que dar a impressão de ter ido lá por vontade própria.

Eu tenho uma única e determinante pergunta rondando meu cérebro:

O que Lexa vai pensar da minha chegada?

Meu pé esquerdo pisa na corda frouxa e minhas mãos são puxadas para baixo. Perco o equilíbrio e caio no chão.

- Levante-se, Clarke. Nós chegamos. - Roan rosna, puxando a corda para cima e sou obrigada a me sentar e levantar em seguida.

Roan me arrasta para frente enquanto Ontari amarra os cavalos em uma árvore. Nesse instante, eu noto uma forma escura mais em frente entre as árvores. Uma cabana. Ontari se junta a nós quando estamos atravessando o pórtico de entrada que permanecia aberto. Dentro está escuro e preciso piscar até meus olhos até que meus olhos se acostumem. Uma bancada com várias ferramentas e pedaços de coisas indistinguíveis se materializa de um lado. Atrás do balcão, eu tenho certeza, está a mulher que viemos procurar. Ela nos encara,um pouco desconfiada, na defensiva, diante de um grupo que ela não espera ver todo dia.

- Fechem a porta. - ela comanda com uma voz dura.

Roan dá um pontapé na porta que desliza e se fecha com um baque.

- A rainha Nia disse que você sabe o que fazer com essa aqui. - Roan comenta e me dá um tapa no ombro que me joga para frente. Se, pelo menos, minhas mãos não estivessem amarradas...

- Wanheda. - Niylah entoa, me notando, como se fosse nada e tudo ao mesmo tempo.

Ela está me analisando com seus olhos escuros. Eu sei o que ela vê. Uma garota decrépita, abatida e fraca. Foi assim que Ontari e aquelas mulheres me deixaram parecendo. Deve estar se perguntando como fui capaz de derrubar Monte Wheater.

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