Capítulo 17: O Vale da Sombra da Morte

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Nós deixamos o conforto de nosso descanso um pouco depois da minha breve conversa com Lexa. Titus não para de falar com ela, lhe dando conselhos que ele deve ter oferecido a outro comandante antes dela que passou por uma situação de emboscada semelhante. Ela presta total atenção nele, falando de vez em quando para refutar alguma ideia dele e dar outra totalmente nova e eu vejo o quanto ela é boa nisso, em comandar. Lexa nasceu para isso tanto quanto eu nasci para viver em terra firme e não isolada no céu. Eu fico feliz por ela, por ela conseguir ver algo de bom em tudo isso e por amar cada centímetro do que faz.

Continuamos acima de um morro e depois dele, em um vale gigantesco entre várias montanhas, um caminho serpenteado, onde o fim dele é a entrada para a Nação do Gelo. Há um rio que vai até perdermos de vista, circulando o pé das altas encostas e nós o usamos para nos orientar. Lexa me disse que ele passa bem ao lado de um dos muros da aldeia como um fosso vivo e que isso atrapalha em muito qualquer chance que tivéssemos de forçar nosso caminho para dentro por que os muros restantes são altamente patrulhados.

No entanto, antes de chegarmos lá somos obrigados a parar novamente a beira do rio por que já é quase noite e Lexa considera que é muito desvantajoso para nós continuarmos na escuridão que poderia encobrir os nossos inimigos tão bem quanto uma capa negra. Até onde sabemos é possível que eles nos estejam esperando em qualquer lugar adiante. Então, vários homens se dividem para montar acampamento, alimentar os animais e pescar para nós. Fogueiras mínimas são acesas e quando dou por mim estou comendo a carne de um peixe suculento em volta de uma delas e a noite já está avançada.

Titus continua reivindicando a atenção de Lexa para si, embora dessa vez ele tenha de dividi-la com um homem parrudo que eu suponho ser algo como um general do seu exército. Eu apenas esculto já que não tenho nada a acrescentar ao que eles dizem. Não entendo quase nada de guerras, muito menos sobre "as melhores maneiras de derrubar arqueiros" ou "a melhor distância para não cair debaixo de uma saraivada de flechas".

Procuro por Octavia e Lincoln que eu havia perdido de vista desde a nossa última parada e os encontro conversando com Indra, uma das grandes guerreiras de Lexa com quem ela parece não estar muito nas suas graças desde que quase não a vi em Pólis, mas se ela veio para essa batalha ela ainda deve responder ao chamado de sua Heda. Os três estão conversando e seja lá sobre o que for parece satisfazer Octavia, pois ela está sorrindo.

Quando algumas pessoas começam a bocejar por conta do cansaço excessivo, inclusive eu, Lexa se ergue e pede para que homens e mulheres se dividam e revesem para manter guarda sobre cada tenda do acampamento e então despacha a todos nós. Quando eu me ergo e percebo que não sei para onde devo me dirigir, ela pega uma de minhas mãos livres e me leva junto com ela para uma tenda maior que as outras da cor de sangue recém caído.

Ninguém nos segue, nem mesmo Titus, e nós entramos a sós. Ela solta minha mão assim que a cortina por onde entramos se estende nos lacrando do lado de dentro. Eu olho ao redor e encontro uma espécie de cama feita com diversos panos estirada no meio do local e pequenas mesinhas com odres e velas. Lexa permanece parada de costas para mim, a distância de um braço. Então ela se vira como uma leoa que tomou uma decisão, caminhando até mim depressa e ela diz:

- A vida é mais do que apenas sobreviver, Clarke.

E repentinamente me encontro lá, em seus braços e, pela primeira vez, Lexa me beija.

Seus lábios dançam nos meus, suas mãos passeiam por cada centímetro de pele nua que ela encontra e ela se afasta para olhar em meus olhos diversas vezes como se estivesse pedindo permissão ou como se tivesse medo que eu fosse fugir sem que ela percebesse. Então, nesses instantes de dúvida, eu me lanço de volta em direção a ela e seus beijos se tornam mais fortes. Nós nos afastamos para mais perto da cama improvisada e sem medo, eu empurro Lexa para baixo, por debaixo de mim, e eu nunca estive tão no controle, tão certa, como estou nesse momento. E eu sei, é com isso que sonhei a vida inteira. Em ter alguém que me ame.

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⏰ Última atualização: Sep 18, 2016 ⏰

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