07.Washington

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Hoje nós estávamos partindo para Washington e Cameron estava dormindo com a cabeça encostada na janela do ônibus. Eu estava escrevendo uma música e  cantando a melodia, não consegui dormir direito na noite passada e não estou com sono, fiquei por muito tempo pensando na minha família...Será que eles estão bem?

        

                      KENT•

Nós estamos dormindo em um hotel no meio da estrada, já concertamos o carro, porém temos que esperar um pouquinho antes de sair de novo.

-Pai, a televisão não está funcionando de novo...-August disse. Fui até a antena que ficava em cima e arrumei, meu filho fez um sinal de positivo com a mão e eu me sentei no banco próximo à cama.  Alguém bateu na porta do pequeno e sujo quarto de hotel e eu abri, impaciente.

-Senhor, vocês vão ter que esperar mais alguns dias para sair com o carro...-O mecânico alertou, me enfurecendo.

-Minha filha está perdida pelos Estados Unidos, tem noção do que é isso? Exatamente! É um dos maiores países do mundo! Ela é uma pobre e indefesa criatura e provavelmente deve estar enfrentando os temíveis obstáculos da vida agora mesmo! Eu vou sair daqui, nem que eu tenha que andar 170 quilômetros até a cidade mais próxima carregando um jumento nas costas!- Gritei, cuspindo as palavras boca afora, claramente assustando o pobre rapaz. Ele não tinha culpa de nada, só estava fazendo seu trabalho, mas ser pai é difícil...

[...]

E quem diria que algumas horas mais tarde estaria eu, May e August caminhando em uma estrada deserta a fim de chegar em qualquer cidadezinha do Oregon. August estava ironicamente nas minhas costas dormindo enquanto eu carregava milhões de malas juntamente com May.

-Só de pensar nas coisas que April deve estar enfrentando...-May suspirou.

APRIL•

Hoje estava sendo o melhor dia da minha vida! Eu e Cameron tínhamos visitado cada canto dessa cidade, procurando todas as mínimas ideias de diversão.

-Já posso tirar?- Eu disse, levando minhas mãos aos meus olhos que estavam vendados.

-Ainda não.-Cameron respondeu, me guiando. Senti nós subirmos um degrau.- Agora pode.-Ele sussurrou e eu rapidamente arranquei a venda do meu olho, causando um sorriso espontâneo e imediato assim que vi o que estava bem na minha frente.

-Ah meu Deus! O Washington Monument! Como soube que eu sempre quis vir aqui?Isso é tão emocionante, é tão lindo! É tão lindo!- Eu repetia a mesmas palavras e dava pulinhos de alegria, Cameron me olhava espantado e ao mesmo tempo achando graça

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-Ah meu Deus! O Washington Monument! Como soube que eu sempre quis vir aqui?Isso é tão emocionante, é tão lindo! É tão lindo!- Eu repetia a mesmas palavras e dava pulinhos de alegria, Cameron me olhava espantado e ao mesmo tempo achando graça.- Ah, cara, isso é tão legal.- Eu disse depois que me acalmei.

-Seus olhos estão brilhando.- Ele reparou enquanto eu olhava apaixonadamente para o monumento, uma expressão digna das atrizes de Hollywood. Virei meu rosto para Cameron e comecei a me perder lentamente. O jeito que suas sardas se interligavam e seus olhos castanhos brilhavam notando aquela pobre e emocionada garota...Minha visão ficou embaçada e percebi que eu estava chorando.

-Ser feliz é muito melhor do que eu pensava.- Sem que eu percebesse, já estava abraçando-o com força e chorando com toda a minha alma.

Não era um choro de alegria ou de tristeza, de emoção ou de ódio...Era só um choro, um estranho choro.

-Está tudo bem?- Ele perguntou depois de um tempo e eu fiz que sim com a cabeça, me afastando de Cameron.

Eu parei e voltei a observar cautelosamente o monumento e todos os seus mínimos detalhes. Minha respiração estava pesada e eu soltei minha mochila e todas as bolsas que eu carregava no chão.

-É confuso.- Declarei depois de um tempo.- É tudo tão real e imaginário ao mesmo tempo...

-Sei como se sente.-Cameron suspirou e ficamos mais um tempo ali parados antes de levantar e pegar um táxi, rumo ao interior da cidade em busca de uma pensão ou um lugar que alugasse quartos.

[...]

Por sorte, achamos uma pensão bem barata e estamos prestes a dormir. Não é super luxuosa mas é mais aconchegante do que na mata, embora aqui não tenhamos a experiência de ouvir as corujas e o som das árvores...

-Hoje lá no monumento...-Tentei esclarecer para Cameron que eu não sou uma louca bipolar.

-Não precisa explicar nada.- Ele me interrompeu, olhando para o teto. Ele estava deitado em uma cama de solteiro ao lado da minha.- A vida é curta demais para tentar pensar no que os outros pensam.

-Essa frase não teve muito sentido.- Ri e Cameron me acompanhou.

-Teve mais do que você pensa.-Pude perceber um sorriso no canto de seus lábios.

-Sabe o que mais não tem sentido?-Eu perguntei.

-O que?- Ele parecia curioso.

-Passar bastante tempo da sua vida pensando em qual é o sentido dela. É como se fossem aulas teóricas de educação física, para que estudar se você pode praticar aquilo? Nós aprendemos muito melhor na prática...

CAMERON•

Aquela frase me fez refletir. Foi como nos livros de filosofia que eu peguei na biblioteca...

Comecei a achar completamente desnecessário tudo isso...Ah, meu Deus, o que ela falou tem muito sentido.

Pra que gastar seu tempo tentando descobrir o sentido da vida se você pode vivê-lo por si próprio? Uma coisa eu garanto, o sentido da vida não é ficar estudando sobre isso!

-Você tem razão...

-Eu sempre tenho.- April se gabou, rindo.

-Claro, April...Boa noite-Eu disse, me virando para o outro lado da cama e fechando os olhos.

-Boa noite, Cam- April disse e eu abri violentamente os olhos, logo depois fechando-os e corando levemente...Ela me chamou mesmo de "Cam"?

The World Is Ours || Cam. BoyceOnde histórias criam vida. Descubra agora