Capítulo 9 (Sem Revisão)

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    A residência Vanderville era imponente, tanto por fora quanto por dentro. A sala onde estavam acomodados os convidados do banquete era decorada suntuosamente com peças vindas do extremo oriente. Biombos de madeira e papel, espadas finas e curvadas penduradas nas paredes , leques e enormes vasos de porcelana contendo arranjos de penas de pavão. Lady Vanderville não parava de tagarelar  um minuto sobre os feitos de seu filho mais velho, as filhas gêmeas se revezavam tocando piano, lorde Vanderville conversava com os cavalheiros, gesticulando fervorosamente. Oswald Vanderville não parava de encará-lá. Foi assim também durante o jantar, enquanto os presentes indagava-na sobre a vida em Paris e o suposto "sequestro" que sofrera enquanto viajava da França para a Inglaterra. Após comerem todos voltaram para a sala de estar, para tomar o chá. Yolande estava sufocada por toda conversa chata das senhoras. Foi a uma das sacadas, em busca de ar. A noite de primavera estava agradável e o céu limpo pontilhado de estrelas. Foi quando sentiu que alguém se aproximava. Virou-se para constatar que Oswald Vanderville a encarava, sorrindo. Alto e bem apessoado, era o tipo de homem pelo qual as mulheres suspiravam. Os cabelos loiros e a pele bronzeada por sua exposição ao forte sol da Índia lhe conferiam um ar de saúde e jovialidade, totalmente oposto a Aiden. Mas, por que estava pensando nele mesmo?!
- Lady Dubois. - Ele se aproximou. - Estava esperando uma oportunidade para conversarmos. Foi difícil conseguir este momento, a srta. foi a sensação da noite.
Yolande sorriu em retorno a cordialidade.
- Uma moça tão bela e eloqüente, o que me fez pensar "a srta. realmente é prima de um mordomo?"
O tom de desdém com o qual o homem se referiu a Linton fez morrer imediatamente o sorriso dos lábios dela.
- Quero dizer. - O homem continuou. - Quando Hampshire anunciou que traria a srta. para nossa casa imaginei que seria uma coitada solteirona, com dentes faltando na boca. Mas qual não foi a minha surpresa? - Oswald se aproximou ainda mais. - Uma surpresa muito agradável, por sinal.
- Creio que não é apenas o senhor que se surpreende com as pessoas... - Tomou um susto quando ele a agarrou firmemente pelo braco. - O que pensa que está fazendo?
Oswald ignorou a apreensão de Yolande e colou seus lábios nos dela.
A única reação que ela teve foi esbofetea-lo pesadamente na face esquerda. O homem olhou-a com tamanha fúria e indignação que a fez temer por sua segurança.
- Vadia imunda! O que pensa que está fazendo?
- Impedindo que o senhor me falte com respeito... mais ainda!
Ele segurou-a pelo queixo.
- Então Hampshire exige exclusividade de sua nova puta, não é? Quanto você vale?
Ela sustentou o olhar, encarando-o
- Como ser humano? Certamente muito mais do que você jamais valerá! Uma escória disfarçada de herói. Fico pensando quantas pobres nativas não foram violentadas por um lixo como você! - Yolande se arriscava muito provocando o homem, mas não estava acostumada a levar desaforos para casa.
Oswald ainda encarou-a por um tempo. Quando finalmente a soltou tinha um nefasto sorriso estampado no rosto.
- Você me paga, vagabunda do demônio. É isto o que você é, sabia? Uma amaldiçoada por trepar com aquele Hampshire, que voltou diretamente do inferno!
Ela não entendeu muito bem do que ele estava falando, mas sorriu debochada.
- Isso mesmo, é tudo verdade! E se me tocar novamente farei questão de levá-lo ao inferno, pessoalmente...
Oswald se afastou, arrumando a casaca, sem deixar de encará-lá. Voltou para dentro.
Yolande finalmente soltou a respiração, as pernas tremiam. Algo lhe dizia que este não seria o ultimo encontro com o homem repugnante. Não sabia quanto tempo exatamente ficou ali tentando se acalmar, mas julgou considerável pela cara preocupada que Aiden fez ao sair na varanda.
- Yolande, eu estava te procurando. - Ele a chamou pelo verdadeiro nome após certificar-se de que ninguém ouvia. - O que houve? Está pálida. - Ele a segurou delicadamente pelos ombros.
- Não é nada de mais. - Ela forçou um sorriso. - Estou um pouco cansada, só isso...
Ele pareceu ter engolido a desculpa, pois a olhava como se sentisse culpado.
- Não deveríamos ter exposto você tão cedo. Vamos, vou levá-la para casa.
Aiden abraçou Yolande ternamente por alguns segundos e a puxou pela mão, como se ela fosse uma criança assustada.
Após um pedido de desculpas aos convidados e anfitriões eles rumaram de volta pra casa. Durante o trajeto Aiden perguntou diversas vezes se ela estava melhor e o que sentia. Ela permaneceu silenciosa na maior parte da viagem, limitando-se dar respostas evasivas. Se dissesse a Aiden o que havia ocorrido ele certamente faria uma cena e poria tudo a perder. Além do mais ela nunca precisara de que homem nenhum a defendesse e não seria agora que precisaria.
Já em casa foram recebidos por Giana e Linton, que parecia impaciente por saber o que acontecera.
- E então, como foi? - Ele indagou.
- Maxine Debois foi um sucesso. - Aiden se referia a própria Yolande. - Conquistou a todos.  Amanhã não se falará de nada mais além da doce menina de sotaque francês.
Yolande agradeceu a Giana por ajudá-la com o casaco.
- Isto é bom. Espero que no próximo evento eu consiga me encontrar com Winterburg.
- E eu espero que a senhorita não me assuste mais assim! Estava branca feito uma vela. - Aiden cortou o clima de comemoração. Todos olharam para ela, preocupados.
- Já disse, foi apenas falta de ar
Deve ter sido pelo espartilho novo. Estou cansada. - Fingiu im bocejo. - Boa noite a todos. Vamos Giana. - Subiu as escadas sem esperar pela resposta de ninguém.

O Conde Diabólico(Concluída - Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora