O Conde Diabólico(Concluída - Em Revisão)

Capítulo 10 (Sem Revisão)

Alguns dias depois Aiden acordou cedo e bem disposto. Pela primeira vez em muito tempo desceu para tomar o café da manhã, pediu que Linton fosse buscar Yolande para acompanhá-lo.
A srta.Lacroix estava deslumbrante em um vestido branco estampado com pequenas bolinhas verde alecrim. Segurava um chapéu enfeitado com delicadas rosas e uma fita branca para amarrá-lo a cabeça. Os cabelos que geralmente esvoaçavan livres estavam agora casamente presos, parecia uma autêntica lady. Linton e Giana haviam feito um bom trabalho na aparência da moça, mas sua incrivelmente instigante e adorável personalidade persistia intacta.
- Bom dia Yolande! Vai a algum lugar? - Ele dobrou o jornal que estava lendo.
- Vou me encontrar com papai. Não se preocupe, marquei com ele no parque, dentro da carruagem e levarei Giana comigo. Ninguém desconfiará. - Ela sentou-se e estendeu o guardanapo no colo.
- Mande lembranças minhas a ele. - Tomou um gole de chá. - Conversamos pouco, mas já sinto falta de sua personalidade peculiar.
Yolande assentiu e serviu-se de uma Madalena. Queria abordar o assunto que ouvira Oswald comentar na noite do banquete, mas não sabia como. Optou por se manter objetiva e sincera.
- Você tem pacto com satanás? - Soltou com a naturalidade de quem fala do clima.
Aiden engasgou com a bebida quente. Mas que pergunta absurda! E de onde teria vindo?
- De onde você tirou isto?
- É o que comentam. - Deu de ombros, fingindo displicência. - Você vai ou não responder? Ouvi dizer que nas reuniões satanistas se bebe sangue de virgens e há sacrifícios de animais!
- Por Deus, Yolande! Estamos na mesa do café! - Ele repreendeu, horrorizado. - Claro que não! Quem anda lhe dizendo isso?
- Já lhe disse! As pessoas comentam que você mexe com coisas profanas... - Além do que ouviu de Oswald, ela mesma tinha escutado mexericos dia desses, enquanto entrava em uma loja de sapatos. Duas velhas fofocavam enquanto ela passava. - Dizem que você voltou do Abismo após ser morto por um tal de... Como era mesmo o nome? Ah, Remington!
Aiden se remexeu na cadeira. No podia mais esconder, sabia que este dia chegaria. Não costumava ligar para a opinião dos outros, mas o que Yolande poderia pensar sobre ele o intimidava.
- Bem, sim. Este homem, Alexander Remington me acertou com um tiro, mas só por que eu não estava me sentindo muito bem!
Yolande apertou os olhos, como uma águia que cerca a presa.
- Dizem que foi por causa de mulher...
Ele riu, sem graça.
- Não há como contornar você, não é verdade? Pois bem, a irmã de Alexander me via com freqüência. Ele não gostou de saber e veio tirar satisfações. Eu havia passado da conta dos destilados e estava com os reflexos de uma marmota. Fui ferido e passei muitos dias em coma, o resto é história. Fim. Esta satisfeita? - Bufou.
Yolande terminou de comer, limpou delicadamente os cantos da boca com o guardanapo e levantou, ajeitando o chapéu.
- Você deveria tomar cuidado. Se morrer deixará pessoas tristes.
Ele sorriu amargamente.
- Quem sentiria falta de mim?
- Linton certamente. E eu também.
Ele se animou.
- A senhorita?
- Sim. - Ela se dirigiu a saída da sala de jantar e virou-se para ele. - Quem mais ma pagaria tão bem para fingir ser quem não sou? - E saiu, deixando-o com um sorriso bobo na cara.

A tarde Aiden estava revisando papéis referentes a transporte de carga quando Linton entrou sem bater, como sempre fazia quando queria contar algo que o entusiasmava. Trazia consigo um bonito envelope roxo decorado com ramos prateados.
- Este parece promissor. Pelo selo é o tradicional baile de mascaras de madame Rivaldi. - Linton balançava freneticamente o pedaço de papel, impossibilitando que Aiden reparasse qualquer coisa nele além da cor roxa.
Ah, os bailes de mascaras de madame Rivaldi... Como toda boa italiana, amava uma festa rica e colorida. Fora em uma dessas festas que tivera a oportunidade de conhecer Olivia. A bela e sedutora loira o fisgou ainda mascarada. Fizeram amor pela primeira vez ainda naquela noite no labirinto do jardim, enquanto o marido dela permanecia alheio na festa...
- Yolande vai gostar do tema da festa, é uma dissimulada de nascença! - Linton sorriu de forma sarcástica. - É bem provável que lorde Winterburg esteja lá. Preciso me reunir com Giana. Temos que fazer com que a srta.Lacroix seja notada, a mais espetacular da noite.
- Imagino que não seja difícil... - A imagem de Olivia e toda sua sensualidade e experiência foi rapidamente substituída na mente de Aiden pelo sorriso que Yolande deu naquela manhã e por todos os sorrisos que ela dera nos dias anteriores, e por todas as vezes que ela praguejava quando Linton lhe espirrava água como castigo por ter errado o sobrenome de alguem durante as lições... Meu Deus, não podia ser! Estava gostando dela! Não podia ser! Ela era o posto de tudo o que o atraía em uma mulher. Era impulsiva, valentona, tinha modos brutos, estava sempre pendurada em alguma árvore...
- ... Aiden, por que está suspirando? Ouviu alguma coisa do que eu disse? - Linton colocou o convite aberto em cima da escrivaninha, de frente para o patrão.
- Mas é claro que sim! - Leu o papel. - Daqui a quinze dias Yolande finalmente conhecerá seu alvo!
- E eu espero sinceramente que ela não arremesse algo pesado na cara dele em cima de todos! - completou Linton.