Capítulo 18 (Sem Revisão)

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    Yolande acordou no meio da noite, suada e assustada. Olhou pela janela. Chovia e ventava muito. Uma névoa suave cobria a atmosfera lá fora e raios cortavam o céu. Acabara de ter um pesadelo. Não com o velho Winterburg, mas sim com o asqueroso Oswald Vanderville e sua constante expressão de deboche. Sonhara que as mãos dele se entrelaçavam em seu pescoço e que lhe faltava fôlego para pedir ajuda. No sonho eles se encontravam no meio da sala da casa de Aiden, mas tudo estava velho e deteriorado e não havia ninguém para ajudá-la, nem mesmo ele estava lá. Yolande estremeceu, a lareira estava apagada. Limpou as lágrimas, vestiu o chambre, se levantou e bateu na porta que separava seu quarto ao de Giana. A porta estava apenas encostada e ao abri-la Yolande não viu a amiga lá dentro. Provavelmente estaria enfiada na cozinha se empanturrando novamente. Ela voltou a sentar na cama e serviu-se de um copo de água, esperando pela volta da criada esfomeada. Um trovão caiu em algum lugar próximo, provavelmente no bosque da propriedade, a estrutura da casa estremeceu. Yolande cobriu as orelhas. Odiava o som que a coluna de eletricidade fazia ao tocar o chão. Enrolou-se mais no chambre, calçou as pantufas e muniu-se de uma vela solitária. Não queria sair dali, mas também não queria ficar sozinha! Desceu a cozinha em busca de Giana apenas para encontrar o lugar em silêncio e escuridão total. De certo haviam se desencontrado naqueles corredores enormes e escuros...Voltou a subir as escadas e rumou novamente para o seu quarto. Parou de frente a ele e virou-se para a porta no final do corredor. Os aposentos de Aiden. Uma luz trêmula vazava pelo vão da porta.
Mais um raio caiu, desta vez bem mais perto, provavelmente no jardim. Yolande deu um salto e um grito apavorado, derrubando a vela no chão, que se apagou imediatamente e correu em direção a porta de Aiden, abrindo-a com toda força para entrar, fechando-a com violência.

    Aiden havia subido para examinar os papéis afanados de Winterburg logo após o jantar e ainda olhava para eles em seu quarto, usando a camisa, calça e acompanhado de sua fiel garrafa do forte licor americano. Concluiu que certamente se tratavam de um detalhado relatório de carga, carga humana. Mulheres jovens entre treze e dezenove anos. O homem era realmente repugnante. Estava guardando a pasta em uma gaveta com chave quando um baque surdo lhe chamou a atenção. Yolande praticamente arrombara a porta de seu quarto e estava agora jogada no tapete da câmara de estar, tremendo como um bambu. Aiden mais que depressa se livrou do copo que tinha nas mãos, e se abaixou de frente para ela, alarmado.

-Yolande, o que aconteceu? - Ele forçou que ela se levantasse.

- Eu tive um...pesadelo e...odeio...tempestades! - Ela contou, entre lágrimas.

Aiden enrugou a testa, confuso.

- E onde diabos está Giana? - Ele abraçou ela, lhe acariciando as costas por baixo dos cabelos.

- Não faço idéia! - ela ergueu o rosto, para encará-lo. - Meu pai contava histórias de sua infância, ainda na caravana de sua família, na França. Dizia que durante as tempestades os espíritos buscavam abrigo nas casas e que frequentemente irrompiam a cama das pessoas, procurando um lugar seco! E que na Romênia, lar de meu avô, algumas pessoas eram enterradas com a cabeça separada do corpo, para impedir que voltassem a vida em busca do sangue das virgens!

Ele não pôde deixar de rir.

- Eu nunca imaginaria que você fosse tão supersticiosa! Espíritos não existem, e mesmo que existissem eles dificilmente teriam medo de algo, pois nada pode lhe acontecer já que estão mortos! E certamente não eram eles que buscavam sedentos a cama de uma virgem...

Ela se desvencilhou do abraço, encarando-o, séria.

- Não devia brincar com estas coisas! Frequentemente espíritos inquietos tornam ao mundo dos vivos atrás de vingança! Papai me contou que uma vez um vizinho morto a muito tempo retornou a vida por que sua mulher pretendia casar-se novamente!

O Conde Diabólico(Concluída - Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora